Tsumetai

Capítulo 10: Hakobe

Tsumetai

"Nossos sentimentos estão conectados" – Sasuke e Sakura.

#10

Voltar para suas rotinas já era algo esperado. Ao longe, já era possível distinguir os prédios em obras de Konoha, agora mais altos que os próprios muros da vila. A volta para casa foi infinitamente mais fácil que a ida e, inclusive, menos demorada. Finalmente apreciando a simplicidade de estarem um com o outro, aguardando o que lhes reservava nesta nova etapa de convívio e cotidiano.

Pelo menos metade daquele peso que os acompanhara durante semanas parecia ter esvaído, embora fosse cedo para dizer com certeza. Apesar de tudo, nenhum dos dois estava a disposto a admitir que haviam finalmente se retratado pelos dois primeiros dias falhos da lua de mel nesta única manhã.

No final, Sasuke ficou com o cabelo tão anormalmente bagunçado, com tufos para todos os lados, que precisou lavá-lo para baixar as mechas. Já Sakura... bem, era impossível dizer. Ela ao mesmo tempo em que parecia extremamente madura logo escondia aquele rosto vermelho quando cruzavam os olhares, como se Sasuke ainda fosse o único no mundo – ou de outro mundo.

Na estrada que levava à aldeia podiam ver caravanas vindas de todos os cinco cantos das Nações, a entrada abarrotada de pessoas querendo negociar, pechinchar e conhecer a tão famosa Folha, que crescia economicamente como nunca em sua História. Os oficiais shinobi, por outro lado, pareciam atarefados e quase sobrecarregados ao identificarem cada pessoa que atravessava a entrada.

O casal, com suas credenciais, passou os portões sem problemas maiores que uma ligeira espera, dirigindo-se, por fim, até seu bairro. A casa que haviam escolhido ficava um pouco mais afastada do centro urbano e do barulho do comércio, o que tornava o terreno, inclusive, mais caro, pois são espaços difíceis de se conseguir.

O antigo complexo Uchiha, que ficava do lado Oeste, já não existia mais, pelo menos não com este nome. Foi realizada a concessão do patrimônio por Sasuke, único sobrevivente, para o uso da vila. Desde a invasão de Pain – e mesmo antes –, o lugar inteiro era um emaranhado de escombros, depredação, antigas memórias e luto.

Além disso, por motivos pessoais e delicados – que evitava ponderar – sabia que o local era uma prova indubitável da discriminação que os Uchiha sofreram ao serem culpados pelo ataque da Kyuubi e, também, se transformou na grande fonte do descontentamento que culminou na tentativa de golpe e, por fim, no massacre.

Durante seu julgamento, as questões burocráticas do sistema jurídico vieram à tona. Cumpriu prisão preventiva por vários meses, entre uma sessão e outra de um longo processo na Corte, totalmente destituído de seu chakra e doujutsu.

As audiências eram de extremo sigilo e, nelas, houveram emocionados depoimentos do time sete, a descrição de seu comportamento na guerra e, enfim, a exposição do passado do clã Uchiha, uma dolorosa verdade, que não poderia ser deixada de mencionada, uma vez que foi a grande força motriz que motivou cada crime cometido.

Após muitas ponderações, Sasuke foi absolvido dos crimes contra Konohagakure. Para tanto, foi considerado seu passado e traumas, seu histórico servindo como shinobi e sua cooperação durante a guerra, que findou com o Tsukuyomi infinito e o Edo Tensei. Como compensação por seus prejuízos, as terras pertencentes a ele foram cedidas e, por fim, os dois conselheiros da época do massacre, Koharu e Homura, seriam exonerados do cargo após novos conselheiros serem escolhidos, pois possuíam imunidade administrativa e não poderiam ser julgados.

Após ser inocentado pela Folha, ainda restavam os crimes dos quais as outras quatro nações o acusavam, como o atentado aos kages e tentativa de assassinato de Killer Bee. Foram realizados quatro outros julgamentos, em separado. A menção do genocídio não foi feita aos outros líderes de Estado, por razões de confidencialidade e para evitar riscos de perturbação da paz recém instaurada. Foram processos cansativos e repetitivos. E embora os outros kages tenham entendido a vital importância de Sasuke para os trâmites da guerra, o raikage parecia pessoalmente ofendido por sua liberdade ser sequer considerada.