Capítulo 2 - Heitor Duarte

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Estava tão cansado, entrar em três cirurgias em um dia me acaba. Dona Joana, uma senhora de idade caiu no banheiro quebrou o braço direito, essa foi a ocorrência mais leve do meu dia. Evitei Michel o dia todo, depois que disse que tive coragem de falar com o meu dançarino.

Na madrugada estava fugindo dele novamente e o único lugar que achei foi a sala de descanso, por lá encontro a pessoa que menos queria ver.

— Você é um idiota — Fico lá estagnado — Puto! — Ele me joga o travesseiro que seguro com força.

— Não tenho culpa — Sento-me na outra cama — Você parece um cão sarnento que não larga o osso.

Ele me lança o dedo, reviro meus olhos e deitei meu corpo aproveitando para apoiar minha cabeça no mesmo.

— Como pode existir um homem mais lento que uma tartaruga? — Ele bufa.

— Eu não sou como certas pessoas, você parece uma puta quando vê um moço bonito — Olho de viés o sorriso sacana dele sobrepõe seu rosto sério.

Puxo outro travesseiro para abraçar fecho meus olhos, estavam tão cansados que poderia dormir e acordar três dias depois. Michel como sempre fala pelo cotovelos. Dessa vez era de um rapaz que ele conheceu no elevador do seu apartamento.

— Ele é lindo, magro, alto, olhos azuis como um oceano. Sua voz era doce como mel.

— Hum! — Tudo o que digo.

Comecei a ouvir sua voz longe e faltavam poucas horas para terminar o meu plantão. Ainda teria que dar alta para um paciente que gosta de hospital tanto quanto eu gosto de falar com a minha mãe. Viro-me de costa para Michel que ainda falava pelo cotovelos. A cama não era tão boa quanto a minha, mas era melhor do que descansar em uma marca.

— Mamãe eu estou com fome — Bato na porta do seu quarto, mas nada de respostas — Mamãe! Eu estou com fome.

Bato com mais força, a porta é aberta e ela aparece de roupão vermelho brilhante. Olho através dela e os lençóis se mexem. Ergo meu olhar para ela, sorrio mais meu sorriso morreu quando seu rosto está tão sério que me faz recuar um passo. Já vi e sei o que acontece quando ela me olha assim.

Não, não, não mamãe! Isso dói... isso dói — Seguro seu braço, sua unhas era grande que feriam minha orelha sempre que ela as puxava.

— Já disse que não pode me acordar cedo — Ela me empurra para meu quarto e me joga na cama, recolhe a chave da porta — Você sairá daqui quando eu vir buscá-lo, até lá ficará com fome. Sabe que tenho que dormir bem e comer bem, viver bem e dormir bem, para ser rainha de bateria.

Corro para a porta, mas não consigo antes que ela se feche. Grito o por minha mãe, alguém chuta o outro lado da porta, era o homem que estava na cama dela.

Cala a boca, seu moleque! Ou eu juro que abro essa porta e te encho de pancada — Me encolho na minha cama, aperto minha barriga por sentir fome, tudo que comi ontem o dia todo foi um biscoito, o último que estava no pote.

— Heitor! Cara acorda!

— Não! — Pulo da cama no salto, fazendo Michel elevar as mãos em rendição — Merda, eu sinto muito — Recuo pegando meu celular do bolso. Gelo quando a voz soa na ligação.

Como posso não ter olhado a chamada.

— Heitor! Querido...

— Como você conseguiu esse número? — Eu fui resgatado pelo o meu pai após passar três dias trancado naquele quarto com fome.

Paixão de CarnavalOnde histórias criam vida. Descubra agora