Onze meses antes

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Um mês inteiro havia passado dês do momento em que Zoe havia descoberto sua doença.
Seu tratamento já se tornava intensivo e as cores em seu corpo pioravam a cada dia.
As quimioterapias se iniciariam naquela tarde, no entanto, Zoe se encontrava sentada em frente a seu ex-marido, que a observava com atenção.

— Não vai ao menos falar comigo? Eu juro que não fiz por querer!— Jonas murmurou, fechando as mãos em punho sobre a mesa, irritado.

Um suspiro soou alto por entre os lábios indignados de Zoe.
Já havia ouvido aquela mesma desculpa muitas vezes durante aquele mês.
O homem havia até mesmo pedido ajuda a sua mãe, para tentar convençe-la a ouvi-lo, no entanto, a mulher estava convecida de que terminaria com a mentira que era seu casamento.

— Te ouvir não vai amenizar o que você fez. Você estava me traindo!— Zoe cerrou os dentes, encarando os olhos medrosos do homem diante de si.

— Não é assim!— Jonas tentou refutar.

— Estava transando com uma mulher, debaixo do meu nariz!— a morena suspirou, piscando algumas vezes.

— Zoe!— o homem pediu em voz alta.

— Por três anos!— Zoe levantou-se, irritada.— Durante três anos você me enganou com suas palavras. Eu realmente cheguei a amar você, mas me arrependo de cada segundo que acreditei em você, Jonas. Espero não te ver novamente!— a mulher empurrou o pequeno documento sobre a mesa e suspirou alto.

Os olhos de Jonas encararam a folha de papel, lendo claramente o pedido de divórcio.

— Por favor! Você não pode me deixar!— Jonas desesperou-se, tomando uma das mãos de Zoe, ao levantar-se.

A mulher respirou fundo, soltando-se do homem.
Virou-se de costas, irritada.
Queria apenas esquecer aquela situação e seguir sua vida.
Cuidar de sua saúde, ou morrer em paz.

— Eu nunca fui sua pra te deixar, Jonas!— Zoe diz cansada antes de abrir a porta e sair por entre os corredores da promotoria.

Caminhava a passos calmos, tentando não chorar ou pular de alegria.
Estava finalmente livre daquele maldito peso.
Estava livre de Jonas.

Cruzou o saguão do prédio, buscando o celular dentro da bolsa para chamar um táxi, quando esbarrou em um corpo a sua frente.
Por sorte os braços fortes a envolveram, impedindo que seu corpo encontrasse o chão.

— Foi minha vez de te salvar!— a voz de masculina soou alta, junto ao som da moto que passou correndo não muito longe.

Os olhos de Zoe encontraram o rosto do médico, que ainda a segurava nos braços, de forma delicada.

— Dominic? O que faz aqui?— a mulher perguntou, livrando-se dos braços do moreno.

O médico respirou fundo.
Nas últimas semanas tinha se aproximado da sua suposta paciente, porém, Zoe parecia ser sensível a contato fisico, esquivando-se quando tentava toca-la de alguma forma.

— Amélia disse que Aya disse a ela que você estaria aqui.— Dominic suspirou, cruzando os braços cansado.

Zoe piscou algumas vezes.
Sua irmã, Aya, havia se mudado para seu apartamento na primeira semana de seu tratamento contra a leucemia e, por algum motivo, tinha criado uma certa liberdade com alguns funcionários do hospital, incluindo Amélia, sobrinha de Dominic.

— Maldita seja Aya!— Zoe cuspiu. — Mas isso não explica você estar aqui? Aconteceu alguma coisa? Você tem algum caso na justiça?— a morena perguntou preocupada.

Um riso fraco surgiu pelos lábios de Dominic, o que fez com que Zoe voltasse os olhos para seus lábios.

— Não. Na verdade estou aqui para te buscar e te lembrar que não deve andar no sol!— Dominic suspirou, puxando o lenço, entes preso a bolsa de Zoe, envolvendo-o em seus cabelos.

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