O homem bufou cansado, encarando o exame em suas mãos.
Faziam dois meses que as quimioterapias haviam sido iniciadas e os glóbulos da paciente não haviam tido tanta diferença.O diagnóstico de Zoe continuava a piorar, mesmo tomando todas as medicações receitadas por ele.
Algo estava acontecendo e ele estava disposto a descobrir.Guardou os documentos novamente em seu prontuário, passando a levantar-se de sua mesa e passando a vestir seu casaco, encerrando seu expediente e seu plantão.
Um longo trovão rasgou os céus, anunciando a chuva que chegou em seguida, forte, impetuosa.
— Dominic!— a voz conhecida o chamou, enquanto corria afobada pelo corredor.
O médico trancou sua porta, guardando a chave em seu bolso, antes de virar-se para a sobrinha.
Percebeu os olhos preocupados de Amélia e temeu o pior.— O que aconteceu?— o médico perguntou preocupado.
— Aya ligou! Disse que Zoe saiu de casa hoje a tarde e não voltou ainda. Não há notícias dela na editoria. Ela desapareceu!— Amélia suspirou preocupada, parando diante do tio, que a encarava estático.
O homem passou a correr por entre os corredores, sendo seguido pela mulher.
— Ligue para Aya. Fale para ela não sair de casa e me manter informado caso Zoe volte.— Dominic cerrou os dentes, sentindo o coração tamborilar, alto, frenético.
Onde Zoe estava?
Não estava disposto a perder sua Zoe.
Estava pensando nela como sua, sem bem mesmo tê-la.
Sentiu o medo atingir seu corpo assim que encarou a rua encharcada pela chuva fria, que caia sobre seus ombros.Sentiu-se afogado, de alguma forma.
Não sabia o que fazer, muito menos para onde ir, mas entendia que precisava se mover.Seguiu a passos largos o caminho que sempre fazia para ir para casa, que coincidentemente era o mesmo que a mulher fazia.
Uma luz pareceu brilhar em seus olhos emchergando a mulher de cabelos negros próximo ao viaduto.O corpo magro foi iluminado pelos farois de uma carreta que passava mais embaixo.
Zoe apertou com força o guarda-chuva.
Em sua mente passeava as inúmeras possibilidades de como atirar seu corpo daquela altura e encontrar o chão distante.
Sua mente lhe traia, encontrando mais e mais formas de acabar com a sua vida.— ...oe!— a voz surgiu como a um murmúrio. — Zoe!— o homem gritou mais uma vez em plenos pulmões, enquanto se aproximava correndo.
— Dominic? O que faz aqui?— a mulher perguntou atônita, apertando a mão no cabo do guarda-chuva.
O homem parou diante de seus olhos tentando ao máximo recuperar o fôlego.
Seus pulmões queimavam pela falta de ar.— O que pensa que tá fazendo?— Dominic cerrou os dentes com força, encarando a mulher franzir os lábios.
— Não é o que você está pensando!— a mulher tentou refutar ao observar o homem parar diante de seus olhos.
— O que eu estou pensando?— o homem soou irritado, passando a mão pelo rosto molhado.
— Não estou aqui pra me matar, Dominic!— a morena soou rude, desviando os olhos do homem.
— Então porque deixou sua irmã sem notícias dês de a tarde?— o médico franziu o cenho.— Sabe o quanto estou preocupado? Perdeu o juízo mulher!— Dominic finalmente gritou, alto, irritado.
— Você não tem o direito de gritar comigo! Você é apenas meu médico! Não devia se intrometer na minha vida!— Zoe rebateu, no mesmo tom.
— Talvez eu deva, porque eu sou o otario que tá tentando salvar ela!— Dominic cerrou os dentes novamente.
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Além dessa Vida
RomanceApós completar cinco anos de casada, Zoe recebe a notícia de uma traição e junto o pior de diagnóstico. Decidida a mudar de vida e viver intensamente, não vai medir esforços para conseguir o que quer e nem mesmo Dominic poderá impedi-la.