Oito meses antes

17 7 0
                                    

A morena caminhava de um lado para o outro, irritada.
Faziam quase dois meses que não via seu médico.
Seu Dominic.
Dois meses após sua confissão.

O médico sumiu.
Não o via no hospital, mesmo em horário de pico.
Não o via nas ruas, como era de costume, pois o homem preferia caminha pela manhã.

Zoe havia se desdobrado para encontrá-lo supostamente por acaso, porém o homem não de encontrava em lugar nenhum.

Seu tratamento continuava firme e forte, porem sobre a vigilância de Amélia, que tratava de deixá-la a par do que acontecia com o homem.

— Pode se levantar!— a voz de Amélia soou, despertando Zoe de seus pensamentos.

— Como estão as coisas por aqui?— a morena perguntou curiosa, enquanto sentava-se na maca, observando a enfermeira retirar o acesso de sua veia.

— Você quer saber do hospital ou do médico Almeida bonitão?— Aya se pronunciou, aproximando-se da irmã.

— Devia calar a boca!— Zoe a repreende, ouvindo Amélia rir.

— Para de fugir. caídona no médico, mas não tem coragem de assumir e lutar por ele!— Aya murmura, encarando Amélia retirar as luvas de látex.

— Eu estou morrendo! Não posso obrigar alguém a ficar comigo assim!— Zoe se irrita.

— Na verdade, você está bem saudável. Essa desculpa não cola mais. Sugiro que fale logo com ele. Dominic tem o costume de não insistir em algo que já lhe foi negado!— Amélia respirou fundo, desviando os olhos para Aya, que piscou um dos olhos.

— Se você não quer o médico bonitão, tem quem queira!— Aya pigarreou, recebendo o olhar de repreensão da irmã.

— Não sei se quero ser um fardo pra ele. Dominic é bom demais pra mim!— Zoe murmurou, desviando os olhos para o chão.

O silêncio pairou longamente sobre o trio, enquanto Amélia e Aya encaravam Zoe com pena.

— Meu irmão sempre lutou para conquistar tudo na vida. Sua profissão não era o que ele realmente queria, foi algo que nosso pai exigiu de nós dois. A tanto tempo não vejo Dominic tão empenhado com algo e esse algo é você.— a voz feminina anunciou sua chegada. — Se realmente acha que vai morrer, viva seus últimos meses com quem você ama e morra sem arrependimentos, ou apodreça nesse quarto se lamentando pelo que não fez.— Débora soou apática.

A mulher, em base, sessenta anos, adentrou o quarto, vestindo o jaleco branco e univorme lilás.
Aquela mulher era a chefe do centro cirúrgico, com especialização em pediatria.
Por incrível que pareça, as palavras rudes que disseram, não combinavam nada com a feição calma em seu rosto.

Os olhos verdes e os cabelos quase loiros, deixavam em evidência o parentesco com Dominic.

— Mãe?!— Amélia soou repreensiva, porém recebeu um olhar da mãe.

— O que há? E não é verdade? Meu irmão viveu o inferno na terra antes de ter alguma paz. Aquele idiota não falava em outra coisa a não ser encontrar a cura pra sua doença. — Débora apontou para Zoe.— Mas acho que sua  doença não pode ser curada por algo que nos podemos fazer. Só você pode. Sua felicidade está diante de seus olhos, mas tem medo dela. Irritante, não acha?— o mulher murmurou, sentando-se em uma das poltronas do quarto.

— Quem acha que é pra desmerecer meu sofrimento? Não sabe o que é ter medo de não viver até o amanhã!— Zoe cerrou os dentes, irritada.

— Zoe, acalme-se!— Amelia pediu com um sopro.

— Não, Amélia, essa mulher entra aqui, achando que sabe algo sobre mim, dizendo tudo isso! Você não entende o que é não ter saída!— Zoe bateu ambas as mãos sobre o colchão.

Além dessa Vida Onde histórias criam vida. Descubra agora