O homem foi chamado as pressas para a ala de quimioterapia, onde ela havia passado o último mês inteiro após a última crise.
Zoe se alimentava pouco e quase não falava.
Estava sempre cansada e sempre sonolenta.Dominic tinha medo.
O medo que corroía suas veias.
Medo de que ela fosse, sem vê-lo.
Sua chamada aquele lugar pareceu como um pedido de socorro, ou um anúncio de óbito.— Vá devagar!— Amélia gritou quando observou o tio cruzar a recepção correndo.
Não sabia porque, mas seu coração gritava alto, tamborilando o horror de seus pensamentos.
Ao menos pensou em se desculpar quando trombava nas enfermeiras pelo percurso.Cruzou o corredor e avistou Aya saindo do quarto com uma sacola de roupas.
— Ela acabou de tomar banho e jantar. Está melhor mais ainda está cansada.— a mulher suspirou, encarando o médico ofegante.
— Eu cuido dela a partir daqui. Vá pra casa. Tome um banho e descanse!— o homem sugeriu observando a mulher assentir e sumir pelo corredor.
Adentrou o quarto de supetão, observando a mulher ainda deitada na cama, cama havia visto naquela manhã mais cedo.
— Você chegou. Não precisava vir correndo!— Zoe esforçou-se a dizer.
Sentia os pulmões cansados e o corpo pesado.— Claro, minha Zoe! Não iria deixar você sozinha! Jamais!— Dominic suspirou, aproximando-se da mulher após fechar a porta.
Sentou-se a seu lado e observou os olhos negros, cansados.
Sua Zoe não parecia tão viva assim.— Nunca entendi porque você me chama de "minha Zoe" e não "meu amor".— a morena suspirou curiosa, vendo surgir um sorriso completamente branco dos lábios de Dominic.
— Zoe significa vida no antigo grego. Então eu basicamente te chamo de minha vida!— o médico suspirar sonhador, observando a mulher rir sem som.
Longos minutos se passaram e os dois permaneciam contando seu dia uma ao outro.
Zoe prendeu os olhos na janela coberta por uma cortina ao ouvir o sim do relógio badalar.
Eram cinco horas.
O sol logo começaria a descer.— Abra a cortina. Vamos ver o por do sol!— Zoe pediu, vendo Dominic a obedecer com precisão.
No entanto, ao abrir a cortina, um raio cortou o céu, anunciando a chuva que logo desatou a cair.
Pesada, melancólica.— Parece que não veremos o por do sol hoje.— o médico soou melancólico, encarando a grande janela do quarto do hospital, enquanto voltava a se sentar ao lado da morena.
— Tudo bem. O meu sol está diante dos meus olhos.— Zoe suspirou, voltando os olhos para Dominic.
Um sorriso surgiu por entre os lábios do médico, no entanto o som que veio a seguir não o tranquilizou, fazendo sua felicidade ir embora.
Os batimentos de Zoe diminuíam cada vez mais, fazendo o médico desesperar-se.
A mão fraca tocou sua pele, fazendo-o olha-la.
O brilho em seus olhos estavam sumindo.
Dominic entendia que havia chegado o momento em que tentava evitar nos últimos meses.— Talvez em outra vida, você possa ser minha garota.— Dominic suspirou, voltando os olhos para a mão sobre a sua, enquanto sentava novamente na cadeira ao lado da cama.
— Não pense muito, Dom. Passei minha vida esperando por alguém como você. Eu sempre fui sua garota, só não tinha te visto ainda!— Zoe murmurou, encarando o homem a seu lado.
O homem engoliu em seco, voltando os olhos para os aparelhos ligados a suas veias.
Zoe estava sofrendo a tempo demais.— Está na hora, meu amor.— Zoe murmurou omo um sopro de voz.
— Eu não estou pronto, minha Zoe!— Dominic murmurou entre os dentes, sentindo as lágrimas surgirem.
— Você nunca estará, mas fique tranquilo, ainda nos veremos novamente.— a mulher soou em seu último fôlego de vida, fechando os olhos.
Zoe já não estava mais naquele mundo.
A mulher que havia lutado arduamente por um ano contra a leucemia, havia deixado a vida, seguindo para o plano superior.Os soluços altos do homem ecoaram sozinhos por entre as paredes do quarto branco.
Naquele lugar estava confinado suas memórias mais felizes e as mais dolorosas.
O amor de sua vida havia o deixado.Sentia-se impotente.
Por mais que sua profissão o possibilitasse de ver pessoas sendo curadas todos os dias, o amor de sua vida não havia sido salvo pela medicina que ele tanto admirava.
Passou o último ano amando a mulher que tinha certeza que perderia.
Esse era sua pior dor.Dominic permaneceu o resto da noite chuvosa deitado sobre o corpo sem vida de Zoe, choroso.
Porém, quando a meia noite surgiu, o homem enxugou as lágrimas e decidiu que seguiria em frente, disposto a ser digno de tudo que havia vivido com Zoe.
Esperaria pelo dia que a veria novamente, e então não a deixaria partir de maneira alguma.|
O tempo parecia não passar para Dominic, que deixou o funeral e o enterro de Zoe a cargo de Aya e Amélia.
Já havia sofrido demais tento a visto morrer.
Havia recusado a si mesmo em comparecer em qualquer um dos dois.
Queria evitar ver Jonas.Seis meses depois o médico continuava seguindo sua triste carreira, salvando inúmeras vidas e sofrendo por não ter salvo a dela.
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Caminhou a passos largos em direção ao pequeno túmulo de mármore, sentando-se no chão, ao lado da lápide.
As letras negras, escreviam bonito o nome curto de "Zoe Hayashi" com a pequena foto da escritora logo abaixo.O vento soprou forte o suficiente para balançar o corpo de Dominic para trás o fazendo recostar sobre a lápide.
— Eu a amei. Essa foi a coisa mais importante que fiz na vida. A amei sem limitações. E ainda te sinto aqui!— Dominic suspirou voltando os olhos para o céu por um momento.
O tempo estava limpo, e as nuvens passeavam de um lado para o outro, fazendo o homem sorrir.
Dominic abriu o livro em suas mãos na página marcada, continuando a ler.
Não teve a oportunidade de fazer em vida, mas estava ali, lendo seu livro preferido, ao lado de sua escritora preferida.Certos momentos é necessário que saibamos viver, não eterniza-los.
Viva o presente, não se preocupe com o amanha.
E como diz o livro sagrado, cada dia tem o seu mal.Fim.
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Além dessa Vida
RomanceApós completar cinco anos de casada, Zoe recebe a notícia de uma traição e junto o pior de diagnóstico. Decidida a mudar de vida e viver intensamente, não vai medir esforços para conseguir o que quer e nem mesmo Dominic poderá impedi-la.