Um ano antes

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Mais uma vez Zoe abriu os olhos aquela manhã e deparou-se com o branco do forro de seu quarto.
O vento quente entrava pela janela, anunciando que o sol já havia saído cedo e que um novo dia havia começado.

Como sua rotina nunca mudou, virou-se para o lado e mais uma vez encontrou o travesseiro vazio.
Havia meses que acordava sozinha, da mesma forma que fazia ao se deitar.

Jurava que não o sentia durante a noite, deitado a seu lado.
Ele nunca estava lá.
Ela sabia disso.
Mas ainda assim insistia.
Tinha que insistir.

Jonas havia sido seu amor.
Sua salvação após um relacionamento abusivo e tóxico.
O homem que a tomou pela mão e a mostrou que poderia sorrir novamente.
Ele havia sido sua salvação, no entanto, parecia estar tão distante quanto queria.

Namoraram durante alguns anos e logo se casaram, completando a famosa bodas de madeira ou ferro, junto a seus cinco anos de casados, porém, em mais aquele aniversário, Jonas não estava a seu lado.
Seu salvador não parecia mais tão presente.

Levantou-se da cama, arrastando seu corpo pelo quarto, em direção ao banheiro, fazendo por fim sua higiene matinal, seguindo para a cozinha.

Mesmo dormindo mais cedo no dia anterior, sentir-se cada vez mais exausta.
Não sentia ao menos vontade de ir ao trabalho, no qual sempre amou.

Era uma escritora nata.
Amava fazer o que fazia e sentir-se satisfeita com isso.
Gostava de acompanhar cada processo de suas obras, do início da edição, até o livro impresso.

Mas, nos últimos meses, não tem sentido inspiração para escrever.
Aquilo que lhe trazia mais amor e paixão, parecia sugar toda sua energia vital, sem ter tempo para cuidar de si.

Passava a maior parte de seu tempo em casa dormindo, o que resultava em terríveis dores nas costas e um mal humor irrefutável.

Não demorou para tomar seu café amargo e reunir seus pertences para ir trabalhar.

A empresa na qual a editora para quem trabalhava ficava próximo a seu apartamento, fazendo com que ela caminhasse alguns minutos para chegar a seu destino.

Parrou em frente a faixa de pedestre, observando o sinal verde abrir e os carros passarem a correr.

Pelo canto de olho observou o homem vestido de camisa azul observar o relógio, um tanto irritado, passando a caminhar mais a frente.
Logo uma buzina soou alto, fazendo com que Zoe puxasse um dos braços do homem para traz, evitando que o mesmo fosse atropelado com um motoqueiro em alta velocidade.

O homem cambaleou, desequilibrando-se, lançando seu corpo contra o de Zoe, que caiu abaixo de si.

Dominic abriu os olhos atordoado, apoiando uma das mãos ao chão, de modo que ficasse suspenso a ver quem estava abaixo de si.
Surpreendeu-se ao encontrar os olhos castanhos da mulher de olhos puxados e face de origem oriental.
Ele a conhecia.
Porém, ela não fazia ideia de quem ele era.

Percebendo o desconforto da mulher, Dominic levantou-se, oferecendo as mãos para ajudá-la a se levantar.
A mulher aceitou, passando a limpar a sujeira de sua calça jeans clara.

— Me desculpe...— Dominic murmurou envergonhado. — e obrigado!— o homem suspirou, passando a mão por entre os cabelos, tentando conter seu sorriso de satisfação.

Os olhos de Zoe encararam o homem alto de cabelos castanhos e olhos verdes.
Por mais que houvesse mudado de país muito nova e conhecido uma variedade de etinias, a beleza daquele homem parecia ser peculiar a seus olhos.

— Sem problemas, mas tome cuidado, essas ruas são as piores em relação a motoqueiros!— Zoe suspirou, reunindo sua bolsa antes no chão, limpando sua sujeira.

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