Capítulo Dois

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"Quieta um caralho! Ela é uma doce provocação!!!"


Seu olhar foi diretamente para o rosto decidido da kunoichi. Hinata não parecia confusa. Não... confusa definitivamente ela não estava. Talvez rebelde seria o mais apropriado para descrever aquele olhar carregado de atitude, frente aos idosos que, de qualquer forma, eram seus líderes. Decerto ele precisaria prender a interpretá-la, dali em diante.

De repente, aquela sensação de rejeição anterior, deu espaço para um friozinho na barriga. Putz... ele nunca conseguiu manter um namoro remotamente longo e agora iria casar, sem nem ao menos conhecer a fundo quem era realmente Hinata em uma relação. Que tipo de mulher ela era? Digo, indo além da amizade, sabe? Além da líder e da diplomata que ele conhecia?

Seria ela uma mulher ciumenta? Como ela reagiria quando houvesse desavenças entre os dois? Ela era do tipo de mulher que utiliza o silêncio, as lágrimas ou o sexo como arma para conseguir o que queria? Tais detalhes seriam muito importantes para saber como lidar com ela quando casassem.

A única coisa que o deixava mais tranquilo, era o fato dela ser uma kunoichi excepcional e parte de um seleto grupo que ele considerava atualmente a base de Konoha. Os dois tinham muito em comum, o que acreditava ser essencial para uma boa convivência. Estava certo de que não haveria uma pessoa melhor com quem selar aquele contrato.

Ademais, a conversa na noite anterior, com Iruka-sensei, a quem ele sempre gostava de procurar quando precisava de conselhos ou de um bom ouvinte, tinha retirado pelo menos trinta por cento da sua preocupação. Agora, juntando-se a isso tudo o que acordaram até então, podia se considerar bem menos ansioso.

Além disso, mesmo não parecendo haver muito da menina tímida nela há muitos anos, aquela tarde só o deixou mais convencido disso. Pelo visto, precisaria conhecê-la mais profundamente. Talvez tivesse negligenciado a amizade deles nos últimos anos, restringindo-se a interações ocasionais e uma troca ou outra de brincadeiras na casa dos amigos.

Então, não deixava de ser um pouco assustador, apesar de que no fundo, acreditava muito na capacidade dos dois de se darem bem. Quem um dia diria que estariam fazendo aquilo, hein? O mundo dava mesmo muitas voltas. Se bem que, seria capaz de que, em outra circunstância, quem estaria no seu lugar seria Sasuke.

E isso era só mais um motivo para se admirar, afinal, entre os dois, a pessoa menos carismática era o Uchiha! Nem em mil anos ele apostaria que àquela altura da vida, ele seria o membro do time sete a estar solteiro e sem filhos. E Hinata, que sempre teve um jeitinho meigo e propício a formar uma família, também. Mas assim tinha que ser. Pelo menos era algo no qual ele acreditava: as coisas aconteciam, da forma que tinham que acontecer.

De qualquer forma, desde o final daquela reunião até a hora de Hinata sair do seu escritório, não pôde deixar de analisá-la com um olhar agora mais atento. Bom, ela seria sua esposa, afinal de contas. Era natural que ambos se observassem mais. Sabia que ela deveria estar da mesma forma e para ele, tudo bem. Estava mesmo disposto a agir dali em diante, de uma forma que as coisas fluíssem sem grandes entraves.

Ali, na sua grande cadeira por detrás da mesa, ele estava pensativo, apoiado sobre o cotovelo direito, sentado desleixadamente como as vezes gostava de ficar. Seria impressão sua ou desde que a ouviu aceitar o casamento tudo ficou meio cínico demais? Hinata evitou o olhar, mas quem poderia culpá-la? Se ele pudesse... se ao menos pudesse garantir qualquer coisa para ela...

Porém, não poderia. Não havia garantias de nada.

― Putz! Sua cara já me diz tudo...

― Rum... ainda bem, porque não sei se saberia explicar um terço do que se passa por minha cabeça agora.

Eu Poderia Me ApaixonarOnde histórias criam vida. Descubra agora