"Aquele par de olhos,
Aquela boca vermelhinha,
As mãos miudinhas,
O cheirinho adocicado,
Gostoso
Provocante..."
Os sentidos de Naruto ainda estavam bem ligados quando ele chegou em casa àquela noite de quarta-feira. Encarando-se no espelho embaçado no seu pós-banho, ele buscava no reflexo dos seus olhos, convencer-se de que era apenas muito natural que seu corpo reagisse daquela forma à provocação da pequena mulher.
Os flashs de memória, em forma de imagens, cheiros e tons, se alteravam em sua cabeça naquele instante: a sensação dos dedos atrevidos por entre os fios bagunçados de sua nuca, segurando-o repentinamente com certa firmeza, o imobilizando... os lábios muito vermelhos, aparentemente inchados, ou só apetitosos demais para o seu cérebro raciocinar de qual cor realmente eram... e o hálito de menta...
Droga! Ele agora queria provar o tal sorvete dos serial killers.
Suspirou fundo e soltou um sorrisinho leve para si mesmo, negando com a cabeça, como se zombasse de si mesmo pela reação pouco convencional para um homem da sua faixa etária. Com a escova na boca, andou pelo quarto, pegando a calça de seu pijama, ao passo que abandonava a toalha úmida que estava presa na cintura.
Voltou para o lavabo, finalizando a escovação pré-sono e tornando a olhar para a imagem do homem bonito que via em sua frente. Apesar da pele mais clara do braço direito, considerava-se atraente. Passou a mão desenfaixada pelos cabelos desgrenhados, para lá e para cá, fazendo com que pequenas gotículas se dispersassem para todos os lados em frente ao espelho.
Tinha preguiça de pentear-se, por isso deixava os cabelos sempre curtos. Abriu a gaveta do lado direito e pegou um pente, penteando a juba já sem corte, devido ao longo tempo sem ir ao barbeiro. Não sabia nem como deixar os fios, sendo bem sincero. Jogou tudo para trás mesmo e tornou a abandonar o pente de plástico na gaveta.
Apagou a luz do banheiro, do local que era para ser um closet e depois do quarto, à medida que ia em direção ao sofá espaçoso, apesar de ser de apenas dois lugares. Tinha o comprado por ser um sofá grande, mesmo quando não o expandia, puxando suas almofadas retráteis, e, além de tudo, era reclinável, fazendo desta sua parte favorita.
Fez um movimento no encosto almofadado e o reclinou uns vinte graus, antes de se jogar sobre ele, desajeitadamente, como costumava fazer ao assistir a TV. Pôs os pés sobre a mesinha de centro, colocou uma perna sobre a outra e usou o controle remoto para aumentar o volume do aparelho que tinha ficado ligado desde que ele retornou do seu passeio noturno.
Nada interessante. Passou de um canal para outro, até dar de cara com um filme de ação que ele já conhecia, e que sim, era até legalzinho. Já tinha o assistido um monte de vezes, na verdade. Bom, e o que mais poderia se esperar de um canal aberto? Pegou a camisa do pijama, que tinha deixado, convenientemente ali ao lado, e meteu-se nela, bagunçando o cabelo penteado anteriormente.
Afundou-se de novo no sofá e seus olhos foram direto para o aparelho de telefone sem fio que ficava na mesinha, entre aquele sofá e uma poltrona grande que ele mal usou desde que comprou. Ultimamente, telefones o remetiam a Hinata. Provavelmente pelo fato dela ter sumido nos dias anteriores, não o dando um telefonemazinho sequer, o deixando com a pulga atrás da orelha a cada vez que atendia e não ouvia a voz dela.
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Eu Poderia Me Apaixonar
RomanceEles se conhecem há mais de trinta anos e fazem parte do mesmo círculo de amizade desde a academia. Agora, inesperadamente, terão que se casar com o objetivo de gerar uma criança geneticamente propensa à grandes feitos. Até onde seus laços de amizad...