Eu Poderia Me Apaixonar

Capítulo Três

"Ai ai... vou acabar me acostumando, hein..."

― Bom dia, bom dia!

― Bom dia, Nanadaime!

O ritual diário de cumprimentos desde sua saída de casa até sua chegada no escritório estava completo. Estava em sua sala, em sua mesa, em sua cadeira giratória de tantos anos. Duas pilhas de documentos estavam erguidas uma ao lado da outra, na diagonal direita da grande bancada de madeira. Ao centro e bem diante dele, uma pasta preta destacava-se dos demais.

Pelo visto era coisa importante, para Shikamaru ter posto ali. Jogou suas chaves dentro da gaveta, ligou o computador e a pegou em mãos, pronto para abrir e ler seu conteúdo.

― Chegou cedo, Nanadaime Hokage. – Comentou, entrando na sala e folheando alguns papéis, o Nara.

Naruto olhou para o relógio na parede.

― Cheguei no horário normal, tebayo!

― Achei que hoje iria deixar para vir mais tarde. – Ele ainda virava as páginas em suas mãos, sem olhar para o kage. – Como foi ontem com a Hinata?

"Quê????", o loiro assombrou-se.

― Como sabe que saí com ela?

― Tsc! Você por acaso não sabe que nosso pequeno grupo tem a sua própria Koharu? – Shikamaru o olhou, erguendo uma das sobrancelhas e recebendo o mesmo olhar cumplice de volta. – Então?

― Foi legal. – Respondeu, pensando na noite divertida, que haviam tido, mas deixando isso mais para si mesmo, como sempre fazia.

Tinham jogado cinco partidas de sinuca e ele bebido três canecas de chopp quando ela o comunicou que precisava dormir, já que trabalharia cedo no dia seguinte. A acompanhou até em casa, mesmo depois que encontraram Hanabi já dentro do distrito Hyuuga. Depois disso, foi para sua casa, que convenientemente, ficava em um bairro vizinho, cerca de uns dez minutos andando.

― E aí? Chegaram a conversar sobre a relação de vocês depois que casarem ou ficaram só nas questões do planejamento por enquanto?

― Annnnmm... então...

― ???

― Nós meio que... annmm... meio que não falamos sobre o casamento... – Coçou a nuca, sem jeito.

― Pensei que tivesse dito que iria começar a sair com ela nos próximos dias para se alinharem.

― E vou. E vou! Aff, dattebayo! Só não deu tempo, credo Shikamaru. Temos tempo ainda.

― Jura? Porque não é o que o cronograma dentro dessa pasta parece afirmar! Como é que vocês saem para resolver algo tão importante e não resolvem?

― Porque você está falando comigo como se eu não estivesse tão, e até mais, preocupado do que você? Eu tô nervoso também, ok? E, no meu caso, não estou só agoniado com o atraso nos meus deveres. – Falou, abrindo a pasta e retirando dela seu conteúdo.

Shikamaru bufou, buscando descansar um pouco.

― Não estou cobrando você, tá bem? Só... só tente não atrasar os compromissos do cronograma, tá?

O kage suspirou pelas narinas, pensativo.

― Estou prestes a me casar com uma mulher que não me ama e me sinto um bosta por estar roubando quaisquer chances que ela tinha de encontrar alguém que a correspondesse. – Naquele momento, passava de uma página para outra, apenas passando os olhos antes de começar a leitura propriamente dita. – Ontem foi necessário. Acredite em mim, passar um tempo jogando conversa fora, nem que tenha sido com trivialidades, foi importante para nós dois. Eu sinto isso.