Capítulo 2

387 33 140
                                    

OLIVIA COOKE

"Nós temos algumas coisas a ajeitar

E eu sentirei sua falta como uma criança sente de seu cobertor

Mas eu tenho que seguir adiante com a minha vida

Chegou a hora de ser uma garota crescida

E garotas crescidas não choram

Não choram, não choram, não choram..."

Ou eu sou extremamente azarada ou o Universo conspira contra mim. Só isso pode explicar o resultado deste teste de gravidez.

Como uma boa canceriana que sou (extremamente teimosa), eu ignorei o resultado e decidi fazer mais dois testes, de marcas diferentes. Só que o resultado foi o mesmo, o que me deixou mais emputecida.

No dia seguinte, marquei um exame diretamente na clínica da minha ginecologista. Eu precisava ter certeza antes de tomar qualquer atitude. Antes de contar a outra pessoa além de Fabien.

Eu tinha esperança que o resultado fosse diferente dessa vez. Que os testes de farmácia estivessem errados. Não porquê eu não quisesse ser mãe, mas por causa das malditas circunstâncias.

Se fosse em outra época, se fosse há apenas algumas semanas, antes de descobrir que novamente fui traída, eu teria vibrado com a notícia da gravidez - mesmo sabendo que Emma entraria em pânico e que teríamos que ter uma longa e séria conversa a respeito.

Por mais que ela fosse imatura e dissesse ter medo de responsabilidades, algo me dizia que Emma não me abandonaria grávida e que seria uma boa mãe. Mas isso foi antes. Foi antes da minha ficha cair que ela jamais iria amadurecer. De que Emma nunca se tornará uma boa pessoa. Porque para ela é cômodo continuar assim, fazendo merda com a desculpa de que não tem "cabeça" para lidar com certas coisas.

— Eu sinto muito, mas você está grávida. — Dra. Brown me diz.

O "sinto muito" é porque ela sabe que eu não queria estar grávida. Até a porra da minha médica está ciente de que o meu relacionamento não é saudável e de que fui corna mais vezes do que merecia.

É como se o mundo se abrisse debaixo dos meus pés outra vez.

Ser corna novamente depois de tantos anos, ter meus sonhos infantis destruídos de uma vez não foi o suficiente para eu aprender a lição. Aparentemente Deus queria que eu sofresse mais um pouco.

Como eu poderia ter um filho de Emma depois de tudo?

Eu sai da sua casa furiosa e decidida a nunca mais nem olhá-la na cara. E desde então venho lhe ignorando lindamente. Agora vou ter que ir atrás dela e dizer que estou grávida? Sabendo que Emma nunca tencionou ser mãe. Seria humilhação demais. E do jeito que ela é idiota, provavelmente Emma pensaria que eu estava usando o bebê como um artificio para me reaproximar. Como se fosse uma forma nova de "aceitar" seu pedido vazio de perdão. Eu jamais faria isso.

Eu jamais a perdoaria novamente. Especialmente pela gravidade da traição dessa vez. Emma ia comer a sua aluna, uma garota que andava no nosso círculo, praticamente nossa amiga, no mesmo sofá que costumava me comer. É de um mau caratismo sem precedentes.

Só que, estando mesmo grávida como eu estou, se decidir ir adiante com a gestação, eu não posso escondê-la por muito mais tempo. Minha barriga vai começar a crescer e eu sei que querendo ou não, em algum momento cruzarei com Emma. Nós moramos perto uma da outra, temos praticamente todos os amigos do mundo em comum. Londres é pequena demais para dramas gays. Fora que, por mais que eu a odeie agora, não posso impedi-la de saber que será mãe.

Outra VezOnde histórias criam vida. Descubra agora