Capítulo 4

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OLIVIA COOKE

As coisas no hospital foram caóticas.

Acompanhei Emma na ambulância, chorando e segurando sua mão durante todo o trajeto, culpada e aterrorizada com a ideia de perdê-la porque, apesar de tudo que me fez sofrer, eu a amo de todo o meu coração. Não é como se desse para deixar de amar alguém assim, do nada, só por querer.

No hospital, fiquei um tempo sozinha, nervosa e trêmula na sala de espera enquanto eles avaliavam seu quadro e eu esperava Fabien vir ao meu encontro me socorrer. Era sempre para ele que eu corria quando as coisas ficavam feias.

Eu estava tão assombrada com tudo que tinha acontecido naquela noite - a tentativa de estupro de Ewan, a briga terrível que resultou naquele ferimento em Emma - que eu não fui capaz nem de avisar meus sogros, ex sogros, no caso, que a filha deles estava machucada num hospital. Fabien fez a gentileza de avisá-los, assim como também avisou Matt, que foi o primeiro a chegar numa velocidade recorde.

Particularmente, sempre tive ressalvas em relação à Smith por causa do seu ar cafajeste, da forma como está sempre flertando com todos - ainda que de brincadeira. Na verdade, eu tinha medo que ele levasse Emma para o mal caminho, mas logo me dei conta que ela era o próprio mal caminho na história. E que ele, independente do seu modo de vida, era uma pessoa incrível, que realmente amava Emma e cuidava dela. Se eu tinha ainda alguma dúvida sobre isso, naquela noite no hospital, eu tive certeza de que Matt era seu amigo de verdade.

Os pais de Emma só foram aparecer quase duas horas depois, quando o médico veio nos avisar que teria de operá-la porque a fratura na costela perfurou o lado direito de seu pulmão - o que era perigosíssimo. Fiquei tão alarmada com essa notícia que vomitei no saguão do hospital, fazendo uma sujeira danada, chamando todas as atenções para mim. Daí tive que revelar a gravidez a Matt também.

Quando os D'Arcy chegaram, eu estava sendo consolada por Fabien e Matt enquanto aguardávamos notícias, já que minha ex-namorada e ainda amada Emma estava na mesa de cirurgia. Só de imaginá-la aberta, sendo costurada etc eu sentia calafrios. Jamais me perdoaria se algo lhe acontecesse porque aquilo tudo, de certa forma, era minha culpa. Foi para me defender que Emma entrou numa luta desigual contra um maníaco com ares de psicopata.

— Quem foi que fez isso com a minha filha? Eu vou acabar com a raça do infeliz! — brada John D'Arcy logo que chega, usando um de seus ternos de linho, sempre com a aparência impecável.

— Como minha filha está, pelo amor de Deus? — Martha vem correndo na minha direção e se detém no instante que vê o volume em minha barriga.

Fabien e Matt se levantam e se afastam, percebendo que nós duas temos algo para conversar. Então os dois vão acalmar John e explicar o que aconteceu.

— Martha... — murmuro praticamente sem voz, à beira das lágrimas novamente.

— Querida... Meu Deus... — está espantada com o que vê, não sei se é bom sinal ou não. — Você está grávida? Da Emma? — pergunta baixo, para que ninguém ouça.

Balanço a cabeça positivamente e desabo em lágrimas. Me levanto e ela me abraça. Eu sempre gostei muito de Martha. Ela nunca me tratou com nenhum preconceito pelo fato de eu vir de baixo. Pensei que em algum momento iria se opor ao meu relacionamento com Emma, tencionando arranjar pretendente melhor para sua filha, mas não aconteceu. Martha diz ser minha fã número um e passou a me admirar ainda mais quando conquistei minha galeria e comecei a ascender. Segundo ela, sou a única mulher capaz de "colocar Emma nos eixos", mas acho que Martha errou quanto a isso.

— Está tudo bem. — diz em meu ouvido durante o abraço. Ela é muito perfumada e tem um abraço acolhedor de mãe que eu nunca experimentei. Perdi minha mãe tão cedo que não tenho memórias. — Eu soube que se separaram, mas não tive chance de falar com Emma a respeito. Seja lá a burrice minha filha tenha feito, há sempre como se consertar... Mas me diga, o que diabos houve? O que fizeram com minha filha, pelo amor de Deus?

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