Meu Bem Querer

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"Meu bem querer

Tem um quê de pecado

Acariciado pela emoção"

(...)

— Droga, você me molhou inteira! — Giovanna reclamou fazendo bico e, valendo-se do duplo sentido daquela frase, pulou da bancada.

— Não foi a intenção, mas você ficou aí querendo lavar a louça quando realmente não tem necessidade alguma. — A soltou sabendo que precisava fazê-lo ou não poderia responder por suas atitudes.

— Eu não posso voltar para casa assim. — Constatou um fato óbvio.

— Te empresto uma blusa e você deixa essa aqui, eu sei tirar mancha de vinho como ninguém. — Ele estava de costas para Antonelli, as mãos apoiadas no mármore e a respiração ainda sem ritmo coerente.

— Qual a marca das suas camisas? — Ela andava de um lado para o outro se abanando com um pano de prato qualquer.

— E pra que isso importa? — Perguntou confuso, finalmente conseguindo encará-la.

— Importa que se meu marido me encontrar com uma blusa masculina que não é dele ele vai surtar, e sinceramente? Lidar com a babaquice do Leonardo é a última coisa que eu quero hoje. Se você tiver uma roupa igual já facilita minha vida, meu querido. — Justificou fazendo um coque e lavando as mãos em seguida.

— Eu não me prendo a marca de roupa, vai até o meu closet e procura.

— Você pode me levar até lá?

...

Giovanna procurou entre as roupas de Alexandre alguma camisa que fosse ao menos parecida com as de Leonardo, era uma missão um pouco difícil, já que seus gostos não eram muito similares, mas por fim encontrou uma camisa de botões em algodão. Léo tinha uma muito parecida naquele tom de off white. Ela dobrou as mangas até a altura de seus cotovelos e fez um nó em sua cintura, tinha ficado bom afinal.

Alexandre apareceu no quarto despretensiosamente, ficou a observando conferir a aparência repetidas vezes encostado no arco que ligava quarto e closet sem ser notado. Que mulher linda e sexy era essa tal de Giovanna Antonelli. Sorriu de canto, sabia que estava em maus lençóis, ela era casada e não parecia ser do tipo que consumia uma traição, mesmo querendo muito. O homem coçou a garganta para se fazer presente e por fim ela o viu.

— Seu celular tava tocando agora a pouco, um tal de Leonardo Nogueira. Ligou umas 3 vezes, daí eu atendi e disse que você estava se trocando e depois retornava. — Disse naturalmente.

— O que? — Giovanna sentiu seu espírito sair do corpo e voltar, ele não podia ser tão maluco. — Tu quer me fazer perder o réu primário com um homicídio doloso, seu idiota? — Ela voou pra cima de Alexandre o estapeando com força, mas era inútil, ele conseguia dominá-la com facilidade.

— É brincadeira, é brincadeira! Imaginei que fosse teu marido, mas não resisti, precisava ver tua reação. E eu nunca, jamais, em hipótese alguma atenderia o celular de alguém. — Gargalhou.

— Olha aqui, Alexandre! — Apontou o dedo na cara dele se recompondo — Eu acho melhor você parar com esse joguinho ou... — Sua voz tremeu o vendo se aproximar — ou eu vou acabar com a tua raça.

— Não brinco mais, pode deixar. — Sorriu e a beijou na bochecha de maneira doce, sem segundas intenções.

...

Já era segunda-feira outra vez, a agitação na editora parecia ainda maior do que de costume. Alguns lançamentos para aquela semana estavam deixando Flávia sobrecarregada, automaticamente Giovanna também ficava, já que a maioria das coisas precisavam ser resolvidas pela editora chefe e quando não pudesse ser assim era de responsabilidade da presidente. Por sorte as coisas em casa foram tranquilas no dia anterior, sem muitos despertares de madrugada e sem bebês doentes.

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