Um Sonho a Dois

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*CONTEM GATILHOS DE VIOLÊNCIA DOMESTICA!

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— Chega, Leonardo! Tu acha que eu sou uma idiota? Olha bem na minha cara e me diz que tu não tá me traindo! Diz, seu babaca! — Gritou indo atrás dele, que já subia as escadas para o andar dos quartos.

— Para de ser louca! O fato de o nosso relacionamento estar uma merda não quer dizer que é culpa minha! — Ele respondeu sem paciência.

— Claro que não, você é um santo, não é? A surtada sou eu, que não faço nada além de tentar te agradar ao mesmo tempo que preciso conciliar uma vida profissional insana com uma vida pessoal tão insana quanto. — As gêmeas estavam no colo de Giovanna, a mulher havia dispensado todos os funcionários da casa pelo período da manhã. Leonardo nem sequer avisou que passaria a noite fora e ela estava cansada daquilo, precisava do apartamento vazio para que pudessem conversar sem ninguém ouvindo. Ou pelo menos ninguém que pudesse compreender.

— Caralho, Giovanna! Eu não aguento mais te ouvir reclamar. Depois dessas meninas você se tornou insuportável! — Exclamou olhando-a com cara de nojo.

— E eu não aguento mais essa merda que é estar casada contigo! Pra mim chega! Caça teu rumo e me deixa em paz. Eu não quero nada vindo de você! — As meninas começaram a chorar em sinfonia, já vinham ameaçando desde o primeiro grito, mas pareciam tentar suportar.

— Se você acha que vai se livrar tão fácil assim do nosso casamento, você tá muito enganada! — Levantou o dedo, os seus olhos exalavam ira.

— Ah eu vou, como vou! Nunca precisei de você pra nada, absolutamente NADA, Leonardo! — Jogou na cara dele o que sabia ser seu maior ponto fraco. Entrou no quarto das filhas as colocando no chão e fechando a porta na tentativa de livrá-las das cenas protagonizadas com o marido.

— Eu já te mandei calar a porra dessa boca, Giovanna! — Gritou ainda com o dedo em riste e a puxando forte com a mão livre.

— Senão o quê? Vai mostrar o grandíssimo homem de merda que tu se tornou? — O desafiou sem abaixar a cabeça. E foi então que ele validou a frase que Antonelli havia acabado de proferir: deu uma bofetada em seu rosto sem nem ao menos pensar.

— Tá vendo o que você faz comigo? — Deu início ao discurso clássico de abusador. — Me desculpa, meu amor. Eu não queria fazer isso, mas você...

— Cala essa boca! E nunca mais levanta essa tua mão imunda pra mim! Nunca mais, tá me ouvindo? — O empurrou para longe e entrou no quarto das crianças, que ainda choravam.

A loira permitiu-se juntar-se às filhas e deixou que suas lágrimas rolassem. Não sabia como a situação havia chegado naquele ponto, contudo, sabia que não podia permitir que avançasse ainda mais. Por ela, mas sobretudo, por elas. Antônia e Sofia não mereciam crescer em um lar quebrado, onde o ódio e a ira falassem mais alto do que o amor e o companheirismo.

Ela não teve muito tempo para lamentações, suas meninas precisavam ser acolhidas. Conseguiu fazê-las parar de chorar e as deixou dormindo no quarto, tinha que se arrumar para o dia de trabalho e teria que levá-las consigo.

Encontrou Leonardo sentado na cama que costumavam compartilhar, seu semblante de pobre coitado arrependido quase a compadeceu. O ignorou e foi tomar banho, passou a chave na porta para evitar qualquer situação indesejável.

Giovanna sabia que não poderia ser ingênua naquela situação, precisava de provas contra o marido, tratou de fotografar seus hematomas e guardou a imagem em uma pasta segura. Sabia que não teria coragem de fazer uma denuncia, também sabia que se resguardar era necessário.

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