Haviam se passado 10 dias desde que Nero tinha se encontrado com a sua Musa pela primeira vez e ela ainda o habitava. Giovanna foi sentida como um bálsamo pelo coração do escritor. Sua nova história simplesmente fluía como se tivesse vida própria, tudo graças a ela, que o inspirava apenas pela lembrança de sua mirada abrasadora e ao mesmo tempo arisca, ressabiada... Queria vê-la outra vez, tocá-la outra vez... queria prová-la pela primeira vez mais do que tudo.
Ele estava sorrindo para a tela do celular como um bobo com as imagens que via. Na manhã daquele dia decidiu procurá-la nas redes sociais e encontrou seu Instagram, cuja conta era privada. Deixou sua solicitação sem grandes expectativas, coisa que foi ignorada ou simplesmente não visualizada, contudo, a tentadora Giovanna estava presente nos stories de Flávia. Linda, encantadora e sedutora, era assim que ela estava naquela tarde de quinta-feira. Não podia ver muita coisa, Flávia havia postado apenas um vídeo curto onde Giovanna apareceu prendendo os cabelos em um coque enquanto lia alguma coisa em seu computador. Ela estava de óculos, o que a deixava mais sexy na opinião dele. Fodidamente sexy, pensou.
Ele estava na academia de casa fazendo seu treino de superiores quando uma ligação o tirou do foco. Era Ota o convidando para passar por lá, ele estava de folga e sozinho. Giulia ia dormir na casa de uma amiga e Olívia na casa dos pais de Flávia. Nero nem cogitou recusar, o faria bem estar na presença de um amigo e pensar em algo além de Giovanna.
O escritor chegou ao apartamento dos compadres pouco tempo depois, era um condomínio muito agradável e requisitado na Barra da Tijuca, com uma vista privilegiada para o Oceano Atlântico. Vista essa que estava sendo usufruída pelos dois enquanto secavam uma garrafa de whisky 18 anos. Estavam divididos entre jogar conversa fora e compartilhar sobre seus atuais projetos profissionais. Otaviano havia sido escalado para dirigir uma nova novela com Amora Mautner, amiga de longa data dos dois e de quem Nero estava afastado desde que se pôs recluso após a separação.
— Aquela maluca faz falta! — Ele disse em tom pesaroso. — Vamo marcar uma noitada como as de antigamente, a gente vai lá pro barzinho de sempre, aquele com karaokê, e chama uma galera, vai ser ótimo. Tô precisando relembrar essas coisas.
— Ela vai te descer a porrada, cê sabe, né? Eu tava com ela naquele dia que fomos almoçar e quando toquei no teu nome a Amora só não te chamou de Nero. — Eles gargalharam.
— É uma maluca mesmo, não tem pra onde correr. — Sentenciou.
Eles já passavam da metade da garrafa quando ouviram a porta abrir, eram 19h, horário que Flávia chegava sempre que não tinha correria na editora. De fato, era a mulher de Otaviano e ela não estava sozinha. Logo atrás da dona da casa estava a dona dos pensamentos de Alexandre. Os homens trocaram um olhar incrédulo, aquela não era exatamente uma situação confortável. O corpo do escritor reagiu de imediato.
— Amor, cheguei! — Gritou ainda sem prestar atenção nos ocupantes do apartamento. — Nerito! — Flávia exclamou indo correndo para a sacada para abraçá-lo.
— E aí, Flavinha?! — A envolveu de volta e beijou sua bochecha.
— Não sabia que te encontraria por aqui, afinal, há anos você não pisa aqui nem pro aniversário da tua afilhada, seu cretino. — O olhou repreendendo e dando um tapa fraco em seu ombro.
— Acho que nunca vou ser capaz de conquistar o seu perdão. — Fez cara de arrependimento.
— Gio, que bom te ver por aqui! — Otaviano disse depois de cumprimentar a esposa com um selinho.
— Bom te ver também, Ota! A Flavinha me prometeu vinho e pizza de ótima qualidade, não pude resistir. — Justificou o abraçando.
— Eu tinha pensado em fazer uma noite das meninas aqui em casa, a gente tá precisando, com a correria que tá aquela editora só com muito vinho pra chegarmos vivas até o fim do ano. — Flávia voltou para dentro da sala do apartamento sendo seguida por Alexandre.
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The Muse
FanfictionAté onde você aceitaria não ser amada? E até onde você iria por e para amar alguém?