Sinônimos

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* CAPÍTULO COM GATILHOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA *

Giovanna sentia-se totalmente perdida dentro de sua relação com Leonardo. Depois do episódio do tapa o homem estava portando-se diferente, mais semelhante ao jovem que ela conheceu 10 anos antes e por quem se apaixonou. Não que estivesse no mesmo nível, contudo, estava mais carinhoso e respeitoso.

A loira foi recebida com chocolates e flores quando chegou do trabalho no dia do ocorrido, o que foi suficiente para fazê-la sentir-se culpada por ter dado abertura à Nero em um almoço para lá de íntimo. Ela sabia que vivia esperando migalhas do marido, mas relutava para dar um ponto final pela, já desgastada, esperança de que ele mudaria e voltaria a ser o seu Léo, seu amor... precisava lutar pela sua família até o final.

O casal estava dando um passeio pelo shopping à procura de roupas para a confraternização de fim de ano da Editora Antonelli. Pela primeira vez em meses eles agiam normalmente, andando de mãos dadas, trocando carinhos pelas escadas rolantes e sorrindo entre uma conversa e outra. Giovanna o amava, não tinha dúvidas disso e nem ao menos se permitia questionar. Talvez daí viesse sua ausência de dúvidas.

Não demorou muito e eles já tinham suas escolhas em mãos. Leonardo se dispôs a carregar todas as sacolas, coisa que nunca havia sido do seu feitio, deixando a mulher com ar de apaixonada. Era final de semana, as meninas sempre ficavam com Ilana, mãe de Giovanna, então Léo a convidou para assistir um filme, proposta que foi prontamente atendida.

Enquanto o mais velho comprava as entradas a loira foi comprar a pipoca, não que ela fosse comer pipoca, Gio ficaria com uma salada e o diretor com uma pipoca super amanteigada. Antonelli retirou o combo, entregou ao marido e foi atrás do restaurante de comidas saudáveis. Tudo finalizado, eles finalmente dirigiram-se à sala de cinema para assistir Minha Mãe é Uma Peça 3.

...

Alexandre estava jogado no tapete de seu estúdio, um copo vazio ao lado de uma garrafa com whisky pela metade eram suas companhias. De repente dezembro fez-se duro demais para ser suportado. Era um mês que o deixava extremamente melancólico, sua memória já fragmentada de imagens dos pais doía mais do que o normal, sentia falta de ser uma pessoa comum, que celebra o fim de ano rodeada de entes queridos, brincando, bebendo, se divertindo...

Lembrava-se dos 11 Natais que passou ao lado de Fabíula, foram incríveis, divertidos, cheios de cantorias, mais ainda assim eram impessoais, poucas vezes esteve com sua irmã. Amigos da Fabíula, família da Fabíula... acabava sendo sempre como ela queria, não porque a morena quisesse impor algo, mas ele nunca se manifestou.

O peso do tempo começava a se fazer presente. Ele celebraria 4 décadas no ano seguinte, isso era coisa demais.

Alexandre decidiu que não podia mais se permitir viver aquela situação de fossa; levantou-se do chão, guardou o whisky, foi para sua suíte, tomou uma ducha e acionou seu terapeuta. Ele gastou a sessão de terapia para falar de suas dores, mas em dado momento um sorriso lhe tomou os lábios.

Sua Musa virou pauta. Nero não entendia bem, mas por ela seus fragmentos se uniam, permitindo-lhe entregar sua melhor versão. Nem ele conhecia aquele seu lado. Sempre foi um homem protetor de mulheres, não por machismo, mas por trauma. Não havia conseguido proteger a própria mãe da morte, logo, sentia que deveria proteger todas as mulheres do mundo. Sempre foi um homem carinhoso, gostava de dar e receber carinho, mas nunca se importou em dar para alguém o carinho que desejava dar para Giovanna.

— Você acha que está apaixonado? — Olávo perguntou.

— Eu tenho certeza. E isso será o meu fim. — Constatou jogando-se na poltrona de couro. Estavam em videoconferência devido à urgência com a qual Nero solicitou o atendimento.

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