capítulo um

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João Vicente,  decidiu que não iria para o escritório hoje, seu humor estava péssimo por conta da noite mal dormida e como é dono e chefe ao mesmo tempo, aproveitou a chance.

Não que fosse realmente algo grande, a pouco mais de seis anos havia se mudado para Belo Horizonte, saindo da maior capital do país para abrir o próprio negócio em um lugar menor, mais não tanto a ponto de não conseguir conquistar uma boa clientela.

Seu ramo de trabalho era o de desenvolvimento de imagem para pequenos empreendedores que estavam no início de sua marca e que procuravam algo profissional e que principalmente coubesse no bolso. Foi uma loucura e tomou muito na cara, mas aos poucos foi conquistando uma clientela fiel e que lhe trazia mais pessoas interessadas, desde os vendedores de brigadeiro a pequenas mercearias.

Não poderia reclamar, estava indo muito bem nos negócios, aos 37 anos tinha uma vida estável e confortável. Morando em um bairro bom e tranquilo em uma casa grande e confortável que exigia seus reparos, mas que é perfeita para ele e seu cachorro, um pastor alemão chamado Pastor, que é o animal mais manhoso e resmungão que poderia existir.

Mesmo se dando ao "luxo" de não ir ao centro da cidade, tinha muito trabalho a ser feito. Logo após tomar seu café e soltar Pastor no quintal, foi direto para seu escritório enviar as recomendações para o escritório na sua ausência. E para aumentar sua dor de cabeça tinha um cliente super exigente e que nada estava bom o suficiente, mas não podia e não queria perde-lo pois seu comércio fica em uma parte estratégica da cidade e quanto mais pessoas  vissem o seu trabalho, mais elas o procuravam.

Como tinha levantado antes das seis da manhã, às nove e meia já tinha liberado toda sua agenda da manhã, o que não seria possível se estivesse ido pessoalmente ao escritório. E como estava tranquilo decidiu dar uma volta pelo bairro com Pastor antes que ele furasse mais um buraco no seu jardim já esburacado. Andaram bastante e quando voltou para casa nem reparou que as janelas estavam abertas e Pastor saiu farejando igual um maluco, não deu importância ao fato e foi para seu quarto tomar uma ducha já que detestava ficar suado.

Assim que terminou, andou tranquilamente pela casa, só então reparando nas pequenas mudanças que não estavam lá quando tinha saído. Escutou um barulho no escritório e ficou em alerta e rapidamente foi ao local ignorando um possível assaltante, possivelmente armado. Pegou um enfeite qualquer da sala e correu em direção ao cômodo que não estava totalmente iluminando por conta das persianas meio abertas.

E antes mesmo que pudesse ver o que estava acontecendo, levou uma vassourada nas costas que o jogou no chão.

- É melhor sair daqui seu ladrão sem vergonha! Ninguém rouba casa quando tá no meu horário de serviço não!!! - Gritou a voz furiosa. - E levanta logo daí que eu não tô com tempo... Tenho muito muita coisa pra fazer... Anda logo! Continuou dizendo e cutucando João.

Assim que pode reagir, ele levantou e tomou a vassoura da mão de sua agressora.

- Ficou louca?!? Como sai batendo nas pessoas sem saber quem é!

- Ah tá! E cê acha mesmo que eu vou esperar um bandido me assaltar? Já viu essa casa? Só a ração do cachorro custa mais do que do que um aluguel no centro endoidou é?

Ele mal podia acreditar que estava brigando com aquela mulher que não conhecia.

- Tá! Não adianta ficar batendo boca agora! Quero saber o que está fazendo na MINHA CASA?

A mulher arregalou os olhos.

- Meu Deus do céu e agora? Eu é que vou presa? Deu dois passos para trás. - Mais a culpa não é minha! Quem mandou chegar assim? Acabei de pagar meu sofá e falta cinco prestações da geladeira... Não deu deu pra aproveitar direito... - Choramingou mais um pouco. - Presa e devendo crediário na Zema, é o fim mesmo...

João Vicente decidiu interromper o monólogo dela, começou e ficar mais irritado, ainda mais depois da vassourada nas costas.

- Não precisa de tanto drama tá? Só preciso de um Dorflex e saber o que faz aqui!

- Como o que eu faço aqui? Tô limpando! Sou paga pra isso, o senhor que contratou pra limpar esse casarão duas vezes na semana terça e quinta... E hoje é quinta... Revirou os olhos.

- E já que o senhor não é ladrão e eu não vou ser presa... Preciso terminar de limpar, ainda tenho que passar na lotérica.

Sem raciocinar com as costas latejando, João Vicente simplesmente saiu do escritório e foi para seu quarto deitar.
Começou o dia com uma dor de cabeça e ia terminar com uma possível fratura na coluna, teria que marcar uma consulta.

Notas

Decidi escrever um pouco... Tenho talento? Provavelmente não, mas preciso aliviar a minha mente.

Sem revisão.

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