capítulo sete

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João Vicente estava se sentindo ridículo, como poderia estar tão nervoso para tomar um simples café com Violeta? Sintia que poderia ter um infarto a qualquer momento, como era possível seu coração bater tão rápido? Ia marcar uma consulta com um cardiologista e ver se precisava de um remédio pra controlar a pressão, afinal não tinha mais 17 anos e não era normal se sentir tão descontrolado assim!

- Bom dia João!

Assim que se virou ao som da voz de Violeta não pode evitar o sorriso, vê-la todas as manhãs se tornou a melhor parte dos seus dias.

- Bom dia! Como passou a noite?

Fazia sempre a mesma pergunta.

- Ansiosa! - Ela esfregou as mãos - Hoje vou apresentar o meu primeiro projeto! Tem noção? O medo de fazer besteira é grande.

- Mas não vai, trabalhou muito por isso...

- Verdade! Tenho que confiar e obrigada por todo o apoio que está me dando, nem quero pensar em como eu estaria se não tivesse estendido sua mão...

- Agradeço por confiar em mim, mas tenho certeza que daria um jeito. Durante esses meses que nos conhecemos, não existe uma pessoa que eu admire mais do que você...

Ele não pode deixar de afirmar o quanto a admirava, mas achou por bem não prolongar o assunto, pois ele a deixaria em seu trabalho e afinal de contas ele teria muito tempo e várias oportunidades de declarar a importância que Violeta tem em sua vida.

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João Vicente estava concentrado em seu trabalho quando recebeu uma ligação, sem olhar quem era.

- Conhece um advogado de causas trabalhistas?

Estranhou a pergunta e logo em seguida reconheceu a voz.

- Violeta? O que aconteceu?

- Eles querem que uma qualquer apresentem o MEU projeto... E se eu não não conseguir um advogado agora, nem que seja de porta de cadeia... Eu QUEBRO esse lugar TODO!!!

Sem nem pensar duas vezes saiu apressado, sem olhar para os lados e quebrando algumas leis de trânsito, enquanto contava um advogado. Em menos de quinze minutos chegou a renomada empresa de arquitetura. Foi direto ao andar que Violeta trabalha e a encontrou cercada de pessoas com seu computador na mão pronta para o jogar na mão.

-VIOLETA!!!

Assim que ela o viu correu até ele.

- Eles querem que aquela esquisita, que não sabe nem ler direito apresente o meu projeto acredita? E eles disseram que o projeto era da empresa... aí eu disse que não que eu já trabalhava nele antes de começar aqui... aí eles disseram que desde que eu fui contratada tudo era deles... mas eu disse que de jeito maneira era deles porquê eu registrei o projeto ... aí...

- Calma... respira - Colocou gentilmente suas mãos em seus ombros. - Vamos resolver tudo ok? Mas sem quebrar nada...

- Tá.

Nesse momento o elevador abre e um homem elegante aparece apressado e perdido.

- Que confusão é essa João?

- É o advogado? Pois então, esse pessoal está me ameaçando porque não aceitei que outra pessoa defendesse o meu trabalho... Que eu registrei...

Ao olhar com atenção ao redor da recepção, percebeu que não se tratava apenas da apropriação do projeto de Violeta. Ela destoava da maioria dos presentes.

- Tudo bem, já deu pra entender...

Tomou a frente e foi falar com os chefes de Violeta.

- A denúncia de minha cliente...

No fim das contas, os chefes já estavam planejando demiti-la assim que o contrato fosse fechado pois o contratante já tinha visto o pré - projeto de Violeta ainda na Universidade e decidiram contratá-la, além de deixar óbvio em cada atitudes e falas o preconceito não tão implícito.

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E depois do dia infernal que tiveram foram para casa. Esgotados física e mentalmente. Não trocaram nenhuma palavra, não era preciso. Cada vez que um passo era dado, sempre aparecia algo que a vazia voltar dois.

João Vicente estava preocupado, pois em todo esse tempo nunca tinha visto Violeta tão desolada.

E no mesmo silêncio que estavam, foram cada um para sua casa e depois de um longo banho. Quando pensou em sentar um pouco ouviu o barulho de algo quebrando na pequena casa dos fundos e correu.

Assim que entrou foi até a cozinha e encontrou Violeta olhando para o chão, cheio de cacos de vidro. O olhou e disse:

- Quebrou... Não tem concerto...

E começou a chorar. Era a primeira vez que a via chorar e a visão de seus olhos transbordando doeu em seu coração.

- Vem aqui...

A puxou com cuidado e abraçou.

- E agora não tem como fazer mais nada nela...

- Eu sei... eu sei... Mas vamos comprar outra melhor e mais forte e vamos cuidar para que não  aconteça de novo.

- Promete? Disse baixinho.

Ele respirou fundo.

- Não posso garantir que não quebre, mas vou estar com você sempre que precisar juntar cada pedacinho.

NOTAS

Nada a comentar, a não ser a minha total falta de comprometimento.

Sem revisão.











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