capítulo dois

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João Vicente acordou quando já estava anoitecendo, com as costas doloridas foi direto para o banheiro e em seguida foi para a cozinha porque estava com sede. Não pensou que a diarista estava na casa, pois como ela mesma disse ainda tinha que passar na lotérica. E como já estava escurecendo, foi passando pelos cômodos para fechar as janelas, mas elas não estavam mais abertas, somente as cortinas.

Ao chegar na cozinha, tudo estava na mais perfeita ordem, a não ser pela mesa posta com um café da tarde completo. E o que mais lhe chamou a atenção foi o pequeno bolo com uma calda açucarada que encheu sua boca d'água.

Assim que se sentou viu um pequeno bilhete que dizia:
Me desculpe por ter te batido, fui pega de surpresa. Por isso tomei a liberdade de preparar um café para o senhor, já que não sei que horas vai ver esse bilhete.
Enfim, me desculpe mais uma vez não foi minha intenção te agredir.
p.s.: também deixei uma pomada no banheiro social, que pedi na farmácia e o número de uma massagista caso precise.

No fim do bilhete, a única assinatura era uma pequena flor que não soube identificar.

Dias depois

Por fim acabou deixando de lado o incidente e seguiu sua rotina: trabalhar, dar atenção a Pastor, que só faltava botar fogo na casa e sair um pouco e BH é cheia de lugares interessantes e aproveitava bem os bares da cidade.

Quando deu por si, outra quinta-feira tinha começado e foi para o trabalho. E quando chegou teve vontade de voltar para trás. O caos tinha se instalado em seu prédio que não era grande, três andares que foram divididos de acordo com a necessidade do negócio. No primeiro andar ficava  a recepção, os matérias e maquinário para as impressões, no segundo ficava area de desenvolvimento criativo para as propagandas e no terceiro a administração e apesar de preferir o segundo andar, tinha que assumir a responsabilidade de ter um negócio em ascenção e além do mais contava com cinquenta funcionários que dependiam de uma boa administração sua para manter o emprego de todos, inclusive o dele.

Todos estavam apavorados pois um incêndio tinha começado e o corpo de bombeiros estava dentro do prédio. Se aproximou de um dos seus gerentes.

- O que aconteceu Paulo? Porque não me ligou? Indagou com certa irritação.

- Senhor Veloso, me desculpe não ter ligado, o pânico tomou conta ao ver a fumaça, logo chamei a polícia e o corpo de bombeiros... Minha reação foi tirar todos do prédio primeiro...

O pobre homem estava pálido e gaguejava. E João percebeu que não era sua culpa. Paulo era um homem vivido e tinha acabado de perder seu emprego em uma gráfica, mesmo tendo 59 anos foi demitido por conta da idade e lhe deu uma chance o que foi sua salvação pois não tinha prática em impressão de média escala.

- Se acalme Paulo! Fez bem em tirar todos primeiro. Se sente bem? Vem, vamos achar um lugar pra sentar e aí você me explica o que aconteceu...

Ao que parece, alguns arruaceiros que estavam voltando para casa de manhã arrombaram uma janela nos fundos do prédio e colocaram fogo. Pouco mais da metade dos funcionários já tinha chegado demorou um pouco para perceber o que tinha acontecido por conta das máscaras de proteção por causa das tintas.

Depois ficar a par da situação do prédio, ficou aliviado que a estrutura não foi atingida e só o estoque ficou prejudicado, sua sorte era que os matérias prontos,já estavam dentro da vã para entrega e principalmente ninguém tinha se ferido.

O edifício foi fechado para manutenção e reforma e todos dispensados pois não tinha como trabalhar naquele dia e nem nos próximos.

Mais tarde

Mal podia esperar para chegar em casa, depois de quase um dia inteiro resolvendo problemas, desde a delegacia a loja de material de construção. Se assustou ao ver sua casa toda aberta e se lembrou que era quinta e provavelmente estavam limpando a casa.

Como sempre Pastor o derrubou e por mais estressado que tivesse adorou ser recebido desse jeito.

- Calma garoto! Já tô em casa, se comportou heim? Ficou bonzinho? E no banho, cuidaram bem de você? Qualquer coisa me fala, tá?

Se levantou e passou pelos fundos para deixar sua roupa suja e aproveitou e tomou uma ducha fria mesmo, BH quando fica quente, quase derrete.

Quando passou pela porta da cozinha, se deparou com a mesma diarista que tinha te dado a vassourada nas costas, estava levando o material de limpeza para a área de serviço. Ela novamente se assustou, mas reconheceu o dono da casa.

Apesar de não ter pensado muito, reparou que nos dias de faxina anteriores, não era ela que tinha ido limpar sua casa.

- Boa tarde Senhor Veloso!

- Boa tarde, tudo bem por aqui? Me esqueci novamente que era quinta... Mas já não deu seu horário?

Ela sorriu.

- Deu sim, mas me atrasei hoje. E nem queira saber o que aconteceu... Já estou indo. Riu sozinha.

Ela saiu da cozinha e ele foi comer pois estava com fome. Fez um lanche e já estava comendo quando ela retornou.

- Bom, já vou indo. Até em casa é um pedaço de chão, até outro dia.

- Obrigado pelos serviços.

- Que nada... 

De repente se lembrou do bilhete.

- Você não assinou o bilhete.

- Como?

- Você não deixou seu nome, só o desenho de uma flor. Não quis parecer invasivo e procurar seu nome na empresa que trabalha...

- Ah, sim! Meu nome é Violeta.

Ela foi embora e ele ficou pensando que nunca tinha ouvido esse nome ( não em uma pessoa) e a flor no bilhete fez sentido, ela tinha desenhado uma violeta.

Notas

Sumi e apareci de novo.
Não sei se ficou bom, mas não quero abandonar. Então pensei em fazer uma história curtinha.
Obrigada pelos comentários e votos no capítulo anterior. Foi muito importante pra mim. 

Até.

Sem revisão.

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