Zoe

5° Capítulo

Zoe

A professora de espanhol passou um dever de casa, mas como nós não queremos fazer em casa... Na verdade, todos nós temos algum problema em esquecer coisas e por isso decidimos fazer logo.

Fomos para o campo de futebol, sentados nas arquibancadas fazendo tudo, menos o dever.

O campo está vazio, o que é ótimo pois está super ventilado e calmo.

-Acho que amanhã eu vou faltar. - Diz a Carla - Vou fazer uma coisa com a minha mãe.

-Vai nos deixar sozinhos?

-Não começa com o drama, Francis. Vai ser só um dia.

-Agora eu tenho a Zoe, verdade. - Ele me abraça de lado.

Dou risada dos dois.

-Não sabia que estavam aqui.

Nos assustamos com uma voz perto de onde estávamos.

-Oi Matt. - Diz o Francis.

-Oi Francis. Carla.

Ela acena com a cabeça.

-O time vai treinar agora?

-Não. - Ele responde a pergunta do Francis. - Eu gosto de ficar aqui sozinho, e aqui é um bom lugar.

-Te entendo.

-E vocês, o que estão fazendo aqui?

Eu fiquei o tempo todo em silêncio encarando a floresta que ficava atrás do campo de futebol.

-Estudando.

-Está quase na hora de ir embora e vocês estão estudando?

-Estamos mais fofocando do que estudando. - Entrega o Francis.

-Posso me juntar?

Mas não segurei minha língua:

-Tá fazendo caridade agora? - Eles me encaram. - O que? Você cansou dos amigos normais e agora conversa com estranhos?

-Zoe. - A Carla me repreende com o olhar.

-Tudo bem, Carla. Sou eu quem devo desculpa a vocês.

Isso é verdade ou ele tá aprontando alguma?

-Hoje uma pessoa me fez perceber o quanto eu sou idiota. Eu agradeço a ela por isso, esse era o tapa na cara que eu precisava.

-Hum, essa pessoa é incrível. - Diz a Carla me olhando de canto.

-É, ela é. - Ele pisca pra mim.

Por que eu tenho que ser tão desconfiada? Talvez ele esteja falando sério. E ele realmente se juntou e começou a fofocar com os outros dois.

E foi assim até a hora de irmos embora.

-Eu gostei deles. - Fala entrando no carro.

-São ótimas pessoas, tá vendo?

-Todos nós cometemos erros. - Ele volta sua atenção para a estrada. - Vai direto para o trabalho ou vai em casa primeiro?

-Casa, ainda tenho uns minutos antes do trabalho.

Ele acena.

(...)

-Tenha um ótimo dia. - Falo entregando o café para a mulher que me dá um sorriso amigável.

Foi preciso menos de um dia para descobrir que metade do povo dessa cidade não é nada simpático. Nem para olhar na minha cara e dizer um: "por favor" ou "obrigada". Mas lidar com pessoas mais velhas mal educadas não é algo que me deixa tão irritado.