Changbin pt. 1

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(Hot na pt. 2)


O alaranjar do poente invadia a dependência em que me encontrava, mapas e várias páginas burocráticas cobriam toda a mesa de ponta à ponta escondendo o mogno nobre, apenas a minha presença naquele cômodo frio, mas me sentia sufocada por uma multidão, talvez sejam os fantasmas vingativos das pessoas que perderam suas vidas por minha causa vindo me atormentar, pensei.

Me levantei arrastando a cadeira, a passos vacilantes alcancei uma das enormes janelas que rodeavam as paredes do local, no horizonte não só o sol se escondia atrás das montanhas como também a fumaça do que um dia foram os espiões inimigos se espalhava pelo céu. O que eu estou fazendo? Me auto praguejava, que tipo de monstro eu me tornei? Uma lágrima solitária brotou em meus olhos, deslizou por meu rosto feito lava transbordando de um vulcão, um lembrete de que agora não tem mais como voltar atrás. Meu povo certamente quer minha cabeça espetada em uma lança.

Não se culpe, a voz de minha mãe ressoou em minha cabeça, líderes como você precisam fazer coisas de que não se orgulham para manter o reino de pé:

- Mesmo que isso signifique sacrificar a vida de milhares de inocentes? Eu deveria protegê-los, fazê-los prosperar, não enviá-los à morte! - Esbravejei voltando ao meu lugar à cabeceira da mesa, não havia condições de eu sair e encarar a corte agora, a exaustão tomou conta de mim e nem me dei conta de quando adormeci.

•••

- Majestade, acorde! Majestade? - Abro os olhos lentamente, o clarão me fez voltar a fechá-los com força, me endireito na cadeira adaptando minha visão a luminosidade, Krysia me encarava com a cabeça levemente tombada. O olhar doce e gentil da criada me lembrava o dele, queria odiá-la por isso e se ela não fosse tão amável talvez conseguisse.

- Bom dia, Krysia.

- Bom dia, Majestade! A senhora dormiu aqui? Deve estar com uma dor nas costas! - Apanhou uma bandeja de prata com o que eu geralmente como no café da manhã e a pôs à minha frente - A senhora deve comer, não jantou ontem e acho que também não comeu nada no café da tarde.

- Ontem eu nem cheguei a almoçar. Essa guerra está matando a todos nós de jeitos diferentes. - A jovem caminhou para trás de mim, senti suas mãos pressionarem meus ombros - O que está fazendo?

- A senhora está muito tensa e, como eu disse antes, deve estar com dor nas costas, estou fazendo uma massagem. Coma enquanto isso, sim?

- Está bem. - peguei uma maçã - Obrigada por cuidar de mim! - Em uma tentativa falha esbocei o que era para ser um sorriso, acredito que sorrir seja momentaneamente impossível para mim.

- De nada, Majestade! - A garota de longos cachos sorriu devolta expondo suas covinhas, e era sempre assim. Independente do que acontecesse ou do que realmente sentisse, ela sempre sorria, me pergunto qual o tamanho da cicatriz que ela esconde por trás.

Ao terminar minha refeição comecei a planejar o dia já que na noite anterior apaguei completamente, Krysia recolhera a louça e se ausentara do salão me deixando a sós novamente.

•••

Estava tomando algumas notas importantes quando ouço uma marcha pelo corredor, vozes conflituosas acompanhavam a movimentação repentina, uma delas se destacava. Por um breve segundo eu paralisei, pisquei duas vezes pausadamente, senti uma pontada no meio do peito e um arrepio percorrer minha espinha, é ele.

Nem ao menos tive tempo de organizar minha aparência - que estava no mínimo desleixada - quem dirá meus pensamentos ou emoções, Changbin adentrou como um furacão escancarando as imponentes portas, servindo de escudo humano seus soldados de uniforme verde-esmeralda o protegiam na casa do inimigo, a movimentação ágil dos militares a meu serviço formaram mais uma barreira entre os dois monarcas presentes.

Stray Kids - Oneshots +18Onde histórias criam vida. Descubra agora