02. Pedido para uma estela cadente

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Syn estava sentado em frente a mesa do diretor, que havia o convocado para uma conversa.

— O quê? Você não vai participar do concurso de artes esse ano? — praticamente gritou ao ouvir a resposta do garoto — Mas você sempre participa! — disse, levantando de sua cadeira e passando a andar de um lado para o outro na sala.

Syn apenas o seguia com os olhos, sem esboçar nenhuma reação.

— Eu não estou com vontade de participar. Eu sempre ganho essas competições de artes, não preciso de mais prêmios. — respondeu com desdém.

Ele sabia que o que o diretor queria era algo que levantasse a moral da escola, mas não estava disposto a ajudar, não mais. Ele vivia sofrendo na mão de bullies, mas na hora da direção fazer algo quanto a isso, estavam sempre de mãos atadas. Então as suas passaram a ficar também.

— Mas Syn, você não entende? Isso pode fazer bem para nossa escola, nos ajudar com a reputação e a conseguir doações, não seja egoista. — o garoto revirou os olhos e quase sorriu debochadamente.

Estava realmente sendo chamado de egoísta?

Logo ele que sofria tanto naquela escola, não era justo ser chamado de egoísta apenas por não querer ajudar aqueles que não o ajudavam. 

— Não vou discutir sobre isso. Eu não irei participar de qualquer forma, então com licença. — disse e saiu da sala, vendo o homem continuar reclamando.

— Saindo da sala do diretor essa hora? Levou bronca, maninho? — Venice perguntou rindo, colocando o braço nos ombros de Syn que andava pelo corredor.

— Esse velho irritante de novo. Quer que eu participe da competição de artes do mês que vem. — suspirou, passando as mãos no rosto — Eu não quero passar por isso de novo…

— Por que não? Você tem tanto talento quando se trata de arte. Ou tá com medo de perder?! — provocou o irmão, parando com ele no meio do corredor — Pra tudo tem uma primeira vez.

— Não enche, Venice. Cadê seu namoradinho? Porque não vai comer ele ao invés de me incomodar?! — disse irritado, vendo o irmão fechar a cara e cruzar os braços, fazendo aquela careta com a boca.

— Pelo menos eu fodo alguém e você? Vai morrer virgem ou tá pensando em virar monge? — disse, com uma sobrancelha erguida, vendo o rosto de Syn corar levemente.

— Seu babaca, eu…

— Ei! Ei! Venice. — um garoto da turma do mais velho chamou — Prapai esta brigando com o Gun lá na quadra. — disse e voltou a correr, mas na direção contrária.

Venice e Syn trocaram um breve olhar antes de correr em direção à quadra.

— Briga! Briga! Briga! — diversos alunos gritavam, formando uma roda envolta dos outros dois alunos que estavam brigando.

Syn ficou paralizado ao ver a cena. Ficou se perguntando o que tinha tirado Prapai de si, conhecia bem o melhor amigo de seu irmão, tinha um sorriso doce, uma fala ambígua e era sempre gentil e um cafajeste. Ele estava fora de si, dando um soco atrás no rosto de Gun, sua blusa branca manchada com as gotas de sangue, seus punhos já estavam machucados, mas ele não parecia se importar com isso e nem parecia conseguir parar de socar o garoto, que tentava desviar, mas já sem forças, quase desmaiado.

Não conseguia imaginar o que de tão ruim poderia levá-lo a fazer uma coisa daquelas.

— P’Pai! — todos ouviram um grito vindo da entrada da quadra, abrindo um pouco a roda para ver o dono da voz.

Ao ouvir aquela voz, as mãos de Prapai pareceram fraquejar. Ele parou lentamente, soltando o garoto no chão, tossindo sangue. Ofegante ele se afasta e procura o dono da voz, vendo aquele garoto de cabelos pretos com os olhos marejados, indo até Prapai.

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