03. Vida "perfeita"

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Casa dos Theerapanyakul, 7:35

Nuer acordou com a luz forte da manhã que entrava pela grande janela do quarto. O despertador tocava alto, um som irritante que não parava. Provavelmente estava atrasado.

Ainda com seus olhos fechados, tateou a cômoda, onde deveria estar o seu despertador, mas depois de diversas tentativas sem sucesso, abriu seus olhos.

— Mas que- — interrompeu sua própria fala, chocado, um tanto zonzo, não reconhecendo o lugar onde estavam.

Por um segundo chegou a se questionar se tinha tomado um porre ou algo assim, mas lembrava de ter deitado em sua própria cama na noite anterior.

— Onde eu… estou? — sentou-se na cama, olhando mais atentamente ao redor do grande quarto em que havia acordado.

Havia uma escrivaninha encostada na parte e alguns papéis em cima, lápis e o que parecia material para pintura em aquarela, também havia prateleiras com livros e alguns enfeites decorativos fofos. As paredes em diferentes tonalidades de azul, com pinturas que pareciam ter sido feitas pelo morador daquele quarto, julgando pelo material sobre a escrivaninha, assim como os quadros que estavam pendurados na parede.

Também na estante havia alguns prêmios, tudo parecia estar relacionado a artes.

Do outro lado do quarto estava o guarda-roupas, também decorado com desenhos, e no centro do quarto uma grande janela redonda por onde estava entrando toda a luminosidade daquela manhã.

Nuer ficou extremamente confuso, não conhecia ninguém com aquelas habilidades, nenhum de seus amigos. Como havia ido parar naquele lugar de repente?

Imaginou que talvez pudesse ser um sonho, já que a última coisa daquela lembrava-se era de ter deitado em sua própria cama, como raios havia ido parar naquele quarto?

"Merda, eu não lembro de nada!”, pensou.

— Syn, você vai se atrasar, anda logo! — assustou-se com as batidas na porta — Você ainda está dormindo? Vou dizer ao pai que você não quer ir hoje.

“Syn? Quem é esse? Droga! Por que não consigo acordar desse sonho maluco?”

— Syn, porra! — assustou-se novamente com os gritos do outro lado da porta e uma batida forte, que parecia ter sido um soco dado na porta — É sério, você ainda está dormindo?

Nuer levantou-se da cama e estranhou um pouco, sentindo-se tonto por alguns instantes, podia jurar que estava um pouco mais baixo naquela manhã. 

A passos hesitantes, caminhou até a porta, não sabendo se deveria abrir ou não e o que poderia encontrar do outro lado, quem era aquela pessoa que estava o chamando de Syn? Quem era Syn?

Sua mente estava em um turbilhão de pensamentos, sentia suas têmporas latejando um pouco, bem como se estivesse de ressaca, talvez fosse isso, certo? Talvez tenha bebido na noite anterior e apenas não se lembrava de tê-lo feito.

Respirou fundo e destrancou a porta, a abrindo, esperando encontrar algumas respostas, mas só encontrou mais perguntas.

— Finalmente! — esbravejou o outro, cruzando seus braços e fazendo uma careta.

Nuer analisou o garoto alto, com feições marcantes. Era um homem bonito, o cabelo preso em um meio coque e aquela pinta ao lado do lábio certamente eram suas principais características.

— Você ainda nem está vestido? Que horas foi dormir ontem a noite?

— Ah… eu não lembro… — disse, coçando os olhos, tentando entender o que estava acontecendo, por mais difícil que fosse.

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