In The Desert ( Starker)

O pato

Tony estava ligando, e ele não atendeu, deixou o celular repetindo a mesma música várias vezes, mas o efeito relaxante da cerveja já tinha passado, as palavras de Tony agora ecoaram em sua cabeça com força e ele foi vencido pelas lagrimas, assim como também lhe veio à mente o dia que ganhou o traje, e o que sentiu quando Tony lhe abraçou.

"Eu era só um garoto idiota, eu gosto dele, eu seria qualquer coisa por ele, e aquilo doeu, eu amo o traje, não pelas coisas incríveis que ele me proporciona, mas sim por ser um presente do senhor Stark... o mesmo que está ligando, não quero ser humilhado de novo por quem amo, não quero, não..." — Peter debruçou a cabeça na mesa e chorava copiosamente, não sabia agora se era por causa da cerveja ou por causa das palavras que tinha escutado.

Mas ele tinha que dar um fim as mensagens e as ligações, pegou o celular e começou a mandar uma mensagem.

"Eu entendi cada palavra que me disse nessa tarde, eu não quero escuta-las de novo senhor Stark, não vai ter nenhum tipo de preocupação a mais comigo."

Esperou ter sido convincente em sua mensagem, quando o visor mostrou que a mensagem foi lida e que Tony estava digitando alguma coisa, chorou ainda mais, era como se ele precisasse dar um fim aquilo tudo, mas como faria isso? Se o próprio Tony estava lhe deixando confuso e sem muitas opções a não ser responde-lo.

"garoto, para com isso, vamos conversar, eu exagerei um pouco, estava preocupado e nervoso, só depois que Ned me mandou uma mensagem explicando tudo o que aconteceu eu liguei os pontos, o fato é que você não se ajuda, já que tem um histórico de fazer coisas estupidas."

Peter já com a quinta garrafa recém aberta nas mãos, lia a mensagem em voz alta, seu tom debochado e sarcástico, parecia que estava lendo a mensagem de seu maior inimigo, talvez ele lesse daquela forma alguma mensagem de flash.

Irritado, embriagado e completamente fora de si, tentou escrever uma resposta, mas não conseguiu enxergar as letras direito, na verdade elas se misturavam umas nas outras, parecia até uma sopa de letrinhas que sua tia costumava fazer quando ele ficava manhoso por conta de algum resfriado, desistindo da escrita e com a visão toda embaçada, ele decidiu que mandar um áudio seria melhor. (o que também não recomendo)

— Tonyyyyy, ahhh então, me magou seu desgraçadooo ... eu amava você, te venerava, mas .... hnnn não me deixou explicarrrr tirou as proprias conclusõess, pegue seu dinheiro e seu traje e enfie bem fundoooo e não me manda mais mengagemmm — Falou todo atrapalhado comendo letras e inventando palavras novas, contudo em sua cabeça sua fala tinha saído perfeita.

Tony quando abriu o áudio quase podia sentir o cheiro do álcool vindo da tela do celular, ele se preocupou e tentou saber aonde a tia de Peter estava, logo recebeu a informação de que a mulher estava se empenhando em um Joob.

Ele se desesperou, não seria nada bom se Peter decidisse sair de casa naquele estado, ainda mais pelo fato de ele não ter entendido muito bem, mas escutando o áudio de novo percebeu que o mais novo havia se declarado pra ele.

"Finalmente, achei que nunca iria fazer isso"

Mas antes de se arriscar ele escutou o áudio mais umas duas vezes pra ter certeza, e sim aquilo era uma declaração genuína, ainda mais que estava totalmente sendo comandado pela cerveja.

Ele não se importou em dirigir até a casa de Peter, nem mesmo seu fiel motorista sabia o seu destino naquela noite, ele estava agora mais preocupado do que quando o mais novo havia desaparecido, seus olhos estavam avermelhados, sabia que tinha feito besteira, mas estava indo tentar concertar a incrível merda que tinha acabado de fazer.

"Eu sabia que devia ter mandado várias mensagens insistentes, deixa eu conferir meu celular, vamos ver se ele mandou mais alguma coisa."

— Sexta feira, me mostre as últimas mensagens de Peter. — falou em tom brando e quando o holograma da mensagem havia aparecido em sua frente, a foto de Peter havia desaparecido, ao tentar mandar um áudio, notou que sua mensagem não chegava ao destino. — Ele me bloqueou? Mas que garoto ousado.

Enquanto Tony violava todas as leis de trânsito possíveis dirigindo como um doido, Peter que tinha acabado de bloquear e apagar o contato de Tony, agora se jogava no sofá completamente bêbado, olhando para o teto, as coisas pareciam rodar, e ele queria muito saber o motivo do pato que estava no quadro a sua frente estar falando com ele.

— Pato abusado... — falou para o quadro. — Você nunca amou ninguém, não sabe como dói ser humilhado. — Ele tinha quase certeza de que o pato estava lhe dando um conselho amoroso, o que o deixou mais irritado.

Virou o rosto para o lado e escutava alguém lhe chamar, por impulso pegou o sapato e atirou contra o quadro, o que foi um milagre ainda ter uma boa pontaria dada as suas condições atuais.

— Pare de me chamar seu pato abusado, bem feito que sua mulher fugiu com um cisne, já tenho meus dramas, não preciso escutar os seus. — Discutia seriamente com o quadro, que agora estava torto na parede por causa do tênis voador que tinha acabado de lhe acertar.

O que Peter não tinha notado é que quem tinha acabado de lhe chamar foi Tony que tinha acabado de entrar pela porta da sala, ele viu o garoto deitado oscilando entre a raiva e o choro, e sua discussão muito seria com um quadro que aparentemente tinha custado cerca de dez dólares na feira.

— Garoto, pare de loucuras, sou eu, o que te deu na cabeça pra beber assim? — Tony se aproximou do mais novo e se sentou no espaço ao lado dele no sofá.

Peter virado em posição fetal congelou, estava tão bêbado a ponto de falar com um quadro, contudo a voz rouca e aveludada que lhe fora destinada próximo de seu ouvido era a de Tony.

"Feche os olhos e finja estar dormindo, com sorte ele faz uma boa ação te levando para o quarto e vai embora" — Sua mente lhe dava estratégias de como agir, contudo, foi tomado por uma sensação de pânico, ele ainda se lembrava do áudio que tinha enviado.

Peter fechou os olhos resmungando um pouco e fingiu que se entregava a inconsciência, logo sentiu as mãos de Tony se posicionando para carrega-lo, gemeu contido com o ato, se amaldiçoou mentalmente por isso e continuou fingindo estar em sono profundo, a última coisa que ele queria era ter que ter outra conversa com aquele homem.

Ele estava ciente de que seria levado para seu quarto, mas enquanto estava sendo carregado sentiu a brisa refrescante lhe tocar o rosto, se assustou de imediato e entreabriu os olhos, espiando a situação, ele logo não teve muito tempo de continuar sua inspeção, já que foi colocado deitado no banco do passageiro do carro do bilionário.

Seu coração errou as batidas e o pânico lhe dominou, de súbito ele achou que deveria reagir, estava sendo sequestrado novamente em menos de vinte e quatro horas, uma forma de evitar seu sequestro, foi forçar o vomito.