Birra

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Enquanto Tony dava a volta no carro e ia para o banco do motorista ele meteu o dedo na garganta com vontade a fim de colocar tudo pra fora, se ele sujasse o carro do bilionário em sua cabeça Tony desistiria do sequestro.

"O que foi que eu fiz agora, ele me magoou, ele me humilhou e ainda quer me levar, não sem lutar"

Assim que Tony entrou no carro sentiu o cheiro de álcool no vomito que estava por todo o banco do passageiro e principalmente nas roupas de Peter, Tony passou a mão pelo rosto, e se amaldiçoou por ter trazido o mais novo para seu carro, uma vez que ele desejava levar Peter para sua casa e cuidar dele.

— Meu Deus garoto! — Exclamou vendo toda aquela sujeira. — Vou te levar pra torre antes que se mate sozinho em casa.

Assim que escutou as palavras, Peter, resmungou, ele não queria ir, mas fingir estar dormindo ainda era sua melhor opção, contudo o cheiro de seu próprio vomito o nauseava de verdade, não conseguiu resistir ao cheiro e vomitou ainda mais no carro luxuoso de Tony.

Tony então o levou para dentro da casa novamente e ligou para Happy, agora pedia o imenso favor, de ele lhe trazer outro carro e mandar o que ele tinha vindo para lavar com urgência, já que ele ficaria de baba.

Calmamente ele carregou Peter para o quarto? Não, diretamente para o banheiro.

— Eu sei que está acordado Peter, abra os olhos ou... — Tony ameaçou, desconfiava que o mais novo estava fingindo.

Peter nada respondeu e continuou de olhos fechados, Tony então o colocou sentado no box do banheiro e sem avisar nada abriu o registro do chuveiro.

A água fria fez Peter ser obrigado a abrir os olhos assustado e se debatendo, em uma luta contra a água que caia em sua cabeça e agora com os olhos vermelhos encarava Tony Stark em sua frente, ele levantou a mão e sentiu as gotas densas e frias que saiam do chuveiro tocar sua palma, juntou um pouco com as duas mãos juntas e levou a porção de água ao rosto.

— Você consegue tomar banho sozinho Peter? — Seu tom de voz parecia preocupado, porem recebeu um olhar frio em sua direção e nenhuma palavra.

Peter tinha tantas coisas pra falar, tinha tanto a jogar na cara daquele homem egocêntrico, mas naquele momento, todos os seus argumentos tinham fugido de sua cabeça, ele só via seu primeiro amor platônico em sua frente, seus olhos se encheram de lagrimas e decidiu voltar a fingir, tombou para o lado como se tivesse acabado de desmaiar, Tony de imediato se preocupou e segurou sua cabeça para que não batesse na cerâmica.

— Vamos garoto, acorda, você se recupera rápido, pelo tempo que estou aqui já era pra ter melhorado ao menos em cinco por cento. — falou tentando ser compreensível.

Peter nem em seus piores pesadelos se imaginava em uma situação tão drástica, se abrisse os olhos teria de encarar Tony, se permanecesse daquela forma, Tony provavelmente lhe daria banho como um bebe, e foi pensando desta forma que ele se lembrou do deserto mais uma vez, onde Tony o comparava a uma criança.

— Eu... estou melhorando... eu termino isso... — Falou pausadamente e sem abrir os olhos, Tony ainda o segurava para que não pendesse para o lado novamente.

— Vou separar suas roupas, e já volto. — falou calmo e compreensível com a situação do mais novo.

Assim que viu a porta do banheiro se fechar, Peter colocou as duas mãos no rosto e se amaldiçoou por todo aquele papelão, era só ter respondido a primeira mensagem com calma e fingir que nada havia acontecido como sempre, mas ele tinha que enfiar os pés pelas mãos.

Peter se livrou das roupas molhadas e tomou um banho decente, pegou a primeira toalha que achou no armário ao lado da pia e começou a se enxugar, contudo escutou os passos do outro vindo na direção do banheiro, colocou a toalha na cintura e assim que a porta se abriu ele apoiou as duas mãos no lavabo e abaixou a cabeça.

— Suas roupas Peter. — A voz rouca e aveludada foi quase como um choque instantâneo que ele levou na boca do estomago, mas não ia desistir de afastar aquele que era seu maior tormento, pior até do que os inimigos que encontrava em suas rondas.

Peter pegou as peças das mãos de Tony sem olha-lo, vestiu a camiseta de algodão branca sem estampa e em seguida esperou Tony sair para vestir o restante das roupas.

Ele olhou para seu reflexo no espelho e se sentia horrível, o que diabos ele tinha que vir até sua casa? Sentiu vontade de socar o espelho, a imagem que via era de um adolescente, chorão que não sabia enfrentar seus problemas de frente.

"Droga, o efeito da bebida já passou, maldita recuperação rápida, vou encarar ele, vou pedir para desaparecer, chega de ser herói, chega de brincar de salvar o mundo, chega de Tony Stark."

Peter Muito sem vontade saiu do banheiro e encontrou Tony vindo na sua direção com uma caneca fumegante nas mãos, ele gentilmente entregava a caneca ao mais novo e indicava o caminho de seu próprio quarto.

"Egocêntrico, por ventura acha que não sei aonde fica meu quarto agora?"

Peter olhou torto para Tony e entrou no quarto, se sentindo ameaçado e por dentro estava em pânico, mas não deixaria se intimidar, pelo menos não demonstraria isso.

— Você está mais sobreo agora Pete? — Inqueriu vendo o mais novo bebericar o conteúdo da caneca, que se resumia em café forte e sem nada de açúcar.

— Hn... — resmungou sem vontade. — O que veio fazer aqui, eu estava bêbado, mas tenho certeza de ter deixado claro que não queria te ver. — falou por fim, encarando a parede a sua frente, e analisando melhor chegava à conclusão de que odiava aquela decoração.

— Eu só prestei atenção na parte em que você disse que me amava... — Tony criou coragem e falou o que tinha feito ele dirigir feito louco até a casa de Peter. — Sinto muito, eu perdi a cabeça e descontei todo meu stress em você, garoto olha pra mim.

— Me recuso, prefiro admirar minha parede, ela é menos egocêntrica e narcisista, sempre me fala as mesmas coisas, sempre me magoa e humilha, estou cansado de ser o seu saco de pancada, quando a senhorita Potts terminou com você, foram quase cinco meses aguentando o seu humor ácido na oficina, nunca se perguntou como eu me sentia? — Peter desenhava com os olhos cada mínimo detalhe da parede, enquanto via Tony pelo canto dos olhos tentando se aproximar. — Não chega perto.

Tony parou no lugar onde estava, era a primeira vez que via Peter daquela forma, ele jamais imaginou que o garoto que vinha lhe fazendo refém de sonhos impuros agora estava lhe tratando daquela forma fria, ele sentia um certo incomodo, como um desespero em seu peito que começava a lhe dar algo parecido como a falta de ar.

— Peter, por favor me deixa explicar o que aconteceu, do meu ponto de vista, ficaria irritado se alguém ameaçasse matar a coisa mais importante da sua vida. — Tony nem acreditava que aquelas palavras estavam saindo de sua boca.

Peter por outro lado terminava seu desenho na escrivaninha, onde viu a maleta com seu uniforme ao lado do abajur, calmamente ele se levantou pegou a maleta e colocou no colo de Tony sem olha-lo.

— Isso é seu, imaginei que fosse querer de volta, Tony, não precisa mais trocar minhas fraudas, entende? — Peter olhou diretamente para Tony.

— Eu vou contar até três para que pare com essa birra senhor Parker, se não parar terei de tomar medidas um pouco mais drásticas. — Mandou na direção de Peter um olhar debochado e ao mesmo tempo convencido.

In The Desert ( Starker)Onde histórias criam vida. Descubra agora