Dente-de-leão

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Baekhyun não pensou muito quando pegou o metrô, apenas seguiu, de forma automática, o caminho que estava habituado. Dessa vez conseguiu se sentar de frente à janela. E foi só fixar o olhar em seu próprio reflexo para a garganta se fechar e as lágrimas começarem a escorrer.

Doía. E a dor não se limitava ao que ouviu da mãe, era uma dor antiga acumulada por anos. Não sabia como aguentou tantos abusos por parte dos pais, só sabia que tinha chegado ao limite. Se sentia como um copo transbordando pelo excesso de líquido, que continuava a ser colocado mesmo que não houvesse mais espaço para armazenar. Estava cansado de ser o pilar de sustentação de uma família disfuncional que vivia agredindo-o verbalmente ou a sempre envolvê-lo em discussões que sequer tinham a ver com ele. A exaustão de ser um saco de pancadas ambulante para aqueles que deveriam o acolher, dar amor e proteção era doloroso. Estava exausto dos ataques da mãe e de ter que lidar com a bebedeira desenfreada do pai, pegou repulsa por bebidas alcoólicas por conta dele, o cheiro de álcool o trazia lembranças extremamente desagradáveis.

Tentou tão arduamente agradá-los para compensar suas "falhas", mas tudo sempre foi em vão. Contudo, tentava se enganar, pois, intimamente, acreditava que podia fazer as coisas melhorarem. Se agarrou tão fortemente a essa ideia que acabou aprisionando a si mesmo em uma vida de aparências.

Baekhyun só se deu conta do quanto chorava quando sentiu o ombro ser levemente cutucado. Imediatamente sentiu vontade de sumir. Nunca chorava em público, nem nos seus piores dias. Estar chorando copiosamente em um metrô era algo tão constrangedor, ainda mais quando chamava a atenção.

Fungou antes de esfregar a manga do casaco no rosto. Piscou para afastar novas lágrimas e ergueu o olhar para a pessoa que, infelizmente, estava observando a sua miséria de camarote. Já estava com o pedido de desculpas na ponta da língua, mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, a senhora ergueu um lenço na altura dos olhos dele.

A mais velha mirava Baekhyun com os olhos gentis cobertos de compaixão e empatia. E, mesmo sem falar nenhuma palavra, Baekhyun sentiu que aquela mulher não o cutucou para censurá-lo, mas sim para acolhê-lo de uma forma sutil e silenciosa.

— Fique com o lenço e chore o quanto precisar, jovenzinho — disse ela de forma amigável e tranquilizadora.

Mesmo em meio às lágrimas, Baekhyun abriu um sorrisinho de agradecimento antes de aceitar o lenço oferecido. Um "Obrigado, senhora" saiu baixo e quebradiço dos lábios dele. A mulher abriu um sorriso pequeno e assentiu. Não disse mais nada, ao invés disso deu dois tapinhas gentis no ombro dele antes de voltar a atenção para o outro lado.

Baekhyun ficou tocado por aquele gesto vir de uma estranha. Novas lágrimas se formaram em seus olhos.

Naquele momento, pensou que queria ter pais que o tratassem daquela forma quando se sentia desamparado.

...

Chegando ao seu destino, Baekhyun enviou uma mensagem perguntando a dona da casa se ela estava acordada e se podia abrir a porta. Foi tolo de não ter enviado mensagem antes, mas não era como se estivesse em condições.

Florescer [ Chanbaek ]Onde histórias criam vida. Descubra agora