CAPÍTULO 10

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A noite do roubo chega. Meus nervos estão estremecidos, e como planejado, não disse nada a Pedro sobre nosso plano, ele não sabia de nada. Conseguimos roubar as chaves do trem que ainda está sobre nosso território. Nós temos que chegar até o Setor 15, e precisamos ligar o trem.

Naquela noite, soube como funciona aquele caminhão gigante. O trem. Eles deixam estacionado sobre os trilhos, enquanto as cargas sobem e descem a hora que eles quiserem. E quando chega em seu destino, ele para. Ou seja, é tudo programado. Meus olhos se afincam sobre a tela que parece um painel com alta tecnologia e se ilumina. As tecnologias são de primeira linha, os olhos de Caio já dizem muito sobre isso. Meus olhos se afincam a cada mapa que aparece, e o percurso que cada carro daqueles fazia durante os trilhos. É como se nós apenas o programássemos e ele nos levaria a qualquer lugar.

— Uau! — falo, olhando para o caminhão que por dentro é puro aço. — Você sabia que isso era assim por dentro? — pergunto, olhando ao nosso redor. Podem entrar muitas pessoas lá dentro, mas aquilo não é para traficar pessoas, e sim trazer suprimentos, por isso é grande.

— Não! — fala Caio, olhando para a tela brilhante, e começa a digitar algumas coisas. A cada tecla selecionada, um brilho diferente, ele está programando o local de entrada e saída do trem. Um sorriso sai de meus lábios, ao perceber que nós estamos realmente fazendo isso. — Agora eu sei exatamente como eles conseguiram esses anos todos roubarem de nós, eles conseguiram invadir o sistema da Colônia! — dispara Caio, dilato os olhos com a nova informação.

— Como assim? — pergunto, sentindo as mãos estremecerem ao lado do corpo.

Seus olhos se encontram com os meus, e posso ver um brilho distante percorrer seus olhos escuros.

— Eu acredito que não tem só pessoas como nós envolvidas nisso, Luisa. Para eles conseguirem invadir o sistema da Colônia, eles precisam de autorização, não é tão fácil assim!

Analiso o que está acabando de me falar, e respiro fundo com tudo isso.

— Está me dizendo que talvez tenha gente grande envolvida nesse roubo? — pergunto, engolindo em seco, e então vejo o garoto concordando com a cabeça. — Merda! — rosno, e sinto a palma da minha mão bater sobre o metal onde estou sentada.

— Quer desistir? — pergunta ele, olhando de um botão vermelho para mim em questão de segundos. — Podemos desistir.

Respiro fundo e nego com a cabeça, e acho que foi a pior decisão que tomei na minha vida, mas naquele momento, o desespero fala mais alto. Eu tinha que tentar pegar alguma coisa para meu pai, para que melhorasse, ou talvez dar alguma coisa para o hospital. Isso poderia ajudar muitas pessoas. E então, nós iríamos fazer isso. Iríamos roubar, mesmo que aquilo tudo não seja roubado, já que nós realmente somos donos daqueles suprimentos.

Caio Santana aperta o botão e o trem ganha vida. Começamos a correr pelos trilhos do trem, vejo a escuridão se formando um borrão em meus olhos. As luzes do Setor 21 foram mudando de brancas para coloridas em questão de segundos. E quando percebo, já estamos fora do setor 21 e andando até o setor 20, e assim por diante, até chegar no setor 15.

Acabo cronometrando em quanto tempo chegamos a cada setor, o que dava cerca de vinte minutos até chegarmos a outro. Ou seja, o local é grande. E só posso pensar que  em cada setor existem milhares de pessoas dentro dele, sofrendo pelas mesmas coisas.

— Você acha que os outros setores estão sofrendo como nós? — pergunto, observando a lua brilhar bem no alto da noite estrelada.

— Talvez! — murmura Caio, dando de ombros.

O garoto se afasta do painel e começa a vasculhar algumas mochilas que trouxe consigo, e vejo o que tanto carrega. Meus olhos se dilatam ao perceber que são armas carregadas.

A COLÔNIA (A aliança de sangue) Onde histórias criam vida. Descubra agora