CAPÍTULO 14

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— Eu estou realmente feliz por você ter visto as meninas que conviveram com você no orfanato, mas eu não posso ficar por muito mais tempo. Minha mãe... — pausa Caio, estremecendo. — Ela precisa de mim! — sussurra.

Apenas concordo com a cabeça. Eu também preciso voltar. Mesmo que isso faça eu me afastar das meninas que cuidaram de mim por tanto tempo, eu tenho que voltar. Meu pai está doente, e precisa de toda família com ele, incluindo a mim. Dou um leve aperto nos ombros do meu amigo, que responde com apenas um sorriso no canto dos lábios. Eu sei o quanto Caio está preocupado com sua mãe, não posso apenas ignorar esse fato, e além do mais, também não tenho como permanecer por mais tempo naquele lugar.

Eles nos deixam em um quarto no mesmo casarão que tem os banquetes. Soube rapidamente que não são necessariamente todos que moram naquela casa gigante, porém, posso dizer que a chefe e outras pessoas do lugar moram ali. Já os outros, tem suas próprias casas.

Percebo que a manutenção do lugar é diferente do setor 21. Todo envolvimento que acontece por meio daquelas paredes é organizado e comandado por Samya. A garota tem poder de exercer todos os movimentos que possam trabalhar no momento. Franzo um pouco o cenho ao entender que talvez seja por isso que ela teve que deixar o Setor 21, para comandar o Setor 15 como uma líder experiente, e parece que todos ali entendem isso, sabem o quanto Samya Anderson é boa no que faz.

— O que foi? — pergunto ao me virar para encarar os olhos castanhos do meu amigo. Ele está me fitando do outro lado do quarto, sentado sobre uma cama macia de solteiro.

— Isso tudo, — franze o cenho. — é estranho demais... Esse Setor nem parece como o nosso! — murmura o rapaz, dando de ombros. Isso tenho que concordar com Caio. Eles nem parecem estar vivendo como os outros Setores, parecem estar se preparando para alguma coisa. — Por que eles estão roubando outros trens? — questiona dando de ombros com a própria pergunta. — Isso não faz o menor sentido, e quando você disparou aquelas coisas na direção de Anderson, eu podia esperar que ela iria sacar uma arma e atirar em sua cabeça, mas não, ela simplesmente aceitou e fez o cãozinho dela fazer o que ela mandou! — sibila o garoto.

Meus olhos se fixam no rapaz, que chama Matheus de cãozinho. Obviamente eles não se deram muito bem.

Não posso discordar de Caio nesse momento, compreendo tudo que ele está falando, e estou me perguntando sobre isso. É algo muito fácil pegar o que precisamos, se soubéssemos que eles vão dar o que pediamos, não precisamos invadir ou roubar, apenas pedir o que é nosso por direito. O que é o mais certo a se fazer.

Eu sei que já é tarde da noite quando algo bate com mais força sobre a porta. Franzo o cenho, e vejo os olhos de Caio se manterem em um ponto diante de mim. Dou um passo para a entrada, giro a maçaneta da porta branca do quarto, e a porta se abre. Matheus está com os braços cruzados e um sorriso idiota no rosto.

— Vejo que já estão bem estabelecidos... — murmura, olhando no interior do quarto. Seus olhos analisam um pouco e logo se voltam a me encarar com o castanho mais vivo que já vi na vida. — Só quero dizer que o trem está bem abastecido!

— Obrigada! — falo rapidamente, o encarando. Seus olhos se nivelam diante dos meus, e logo o vejo olhando na direção de Caio. Meu cenho volta a se fechar ao ver um tom de cor diferente surgir naquelas írises. — Já terminou? — pergunto, fazendo os olhos do menino piscarem, como se estivesse perdido nos próprios pensamentos, e ele volta a olhar na minha direção. Ele apenas assente com a cabeça, e se retira. Estranho.

O menino é totalmente estranho, mas a forma que olhou para Caio me faz questionar algumas coisas.

— Sempre achei que éramos os únicos estranhos na face da Terra, — murmuro ao me virar para Caio sentado sobre a cama. — mas toda vez que olho para esse menino... Penso que não! Ele é literalmente estranho!

A COLÔNIA (A aliança de sangue) Onde histórias criam vida. Descubra agora