A escuridão perdia espaço conforme os raios de sol invadiam o quarto pelas frestas que a cortina não cobria. Aos poucos, o local era iluminado ao mesmo tempo que o cantar dos pássaros ecoavam pela vizinhança, tudo se encaminhava para mais uma manhã bonita e ensolarada na cidade de Faraway.
Com todo esse movimento, Sunny logo despertou do seu descanso. Não hesitou em abrir seus olhos e analisar o ambiente ao seu redor. Demorou um pouco para sua visão se acostumar com a claridade, porém, assim que o fez, imediatamente notou que Kel não estava mais em sua cama.
O garoto então suspirou, criando coragem para levantar-se da cama e encarar mais um dia. Afinal, seria ele capaz de viver por mais vinte quatro horas? Este tipo de pergunta exótica eventualmente se passava pela mente do menino, cujos valores não eram dos mais previsíveis.
Espreguiçou-se, sentou-se na cama, colocou seu tênis e preparou-se mentalmente antes de deixar o quarto. Assim que abriu a porta, um odor de almoço caseiro invadiu suas narinas e despertou uma sensação que ainda se encontrava adormecida no corpo do menino: fome.
Entretanto, antes de ir à cozinha em direção à glória, Sunny lembrou-se dos avisos de sua mãe sobre higiene bucal. Nunca foi um grande entusiasta da própria saúde, pelo contrário, houve uma época em que o garoto não poderia se importar menos com o estado do seu corpo.
Felizmente, essa fase passou e atualmente, mesmo que continue não sendo o garoto mais saudável que existe, Sunny ao menos se dá ao luxo de fazer suas higienes básicas. Sendo assim, dirigiu-se ao banheiro com sua escova de dente em mãos e fez o essencial para que uma ida ao dentista não fosse necessária no futuro.
Com o dever da limpeza cumprido, Sunny permitiu-se ser atraído pelo cheiro. O garoto desceu as escadas e caminhou calmamente em direção à cozinha, onde encontrou a mãe de Kel mexendo nas panelas que estavam no fogão. A mulher notou a presença do menino e falou gentilmente:
– Bom dia, Sunny! Dormiu bem? – Colocou um sorriso simpático no rosto.
O garoto somente balançou a cabeça, assim, dando uma resposta positiva à pergunta. Em seguida, observou a cozinha e logo chegou à conclusão de que seu amigo também não estava por ali.
– Kel está esperando o almoço na mesa, vai lá com ele. – Notou o quão perdido Sunny estava sentindo-se e alertou-o.
Por ter sumido por quatro anos e depois ter se mudado, é um pouco difícil para Sunny encarar pessoas conhecidas. O garoto, por exemplo, não faz a mínima ideia do que os pais de seus amigos pensam sobre ele. Por serem adultos, é lógico que ninguém o maltrata, no entanto, seria toda essa bondade um sentimento sincero ou apenas uma atuação?
Não seria um absurdo achar que um sujeito que parou de ir à escola e isolou-se do resto do mundo é uma má influência para os outros. Todos sabem que existe um motivo por trás do comportamento excêntrico de Sunny, mas será que todos o compreendem?
Despistando esse medo, Sunny retirou-se da cozinha e andou em direção à sala de jantar, onde Kel, esbanjando uma expressão infantil, brincava com seu Pet Rock como se ainda fosse uma criança de dez anos. O mais velho não demorou para notar a chegada de seu amigo e guardou o brinquedo no bolso.
– Olá, Sunny! Beleza? – Saldou o menino com um largo sorriso no rosto.
Em contrapartida, Sunny somente sentou-se ao lado de Kel em silêncio e acenou com a cabeça. Esse comportamento apático do garoto não incomodava Kel de forma alguma, muito pelo contrário, o mais velho continuava exalando boas vibrações independente da energia presente ao seu redor.
– Sinto muito por não ter te acordado mais cedo. – Desviou o olhar. – Meu pai me chamou para levar o Hector para passear e... bem, você parecia estar tão tranquilo enquanto dormia que eu não quis incomodar. – Justificou-se.
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Omori - Sunburn
RomanceUm ano depois de revelar a verdade e se mudar, Sunny recebe um convite de Kel para passar suas férias na cidade de Faraway. Ainda em alguns conflitos internos e temendo ser mal recebido, Sunny reúne coragem o suficiente para visitar seus velhos amig...