A Fofoca

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Depois de tudo que a Mariá me contou, eu não conseguia me concentrar em mais nada durante o dia. Coisas simples e rotineiras, precisaram ser repetidas infinitas vezes, era vergonhoso.

- Quer ajuda pra fechar a mochila  Ju?
Mariá perguntou no momento em que deu uma gargalhada explosiva.

Minha vontade era afundar a cara dela naquele momento, mas por mais que eu estivesse enfurecida, jamais conseguiria reunir neurônios suficientes para tal ação.

- É que tá emperrado, essa merdaaaaaa. Joguei a mochila no chão descarregando toda a minha fúria.

Ao fazer menção em pegar a mochila do chão, como forma de desculpa pelas provocações, Mariá, ficou estática, abriu e fechou a boca várias vezes antes de dizer.

- Se antes você não estava conseguindo fechar sua mochila, eu acho melhor você ir embora de bicicleta.

- Que? O que você tá falando?

Me virei para enfim procurar o motivo da surpresa da Mariá, e quase tropecei nos meus pés.

Valentina, alta, loira, linda...

Mentirosa

Traidora

Valentina estava abusando de uma calça jeans escura, blusa azul soltinha, e cabelos presos parcialmente na parte de trás.  Seu caminhar era determinado e intimidador, com os olhos fixos em minha direção.

- Vamos Mariá.

- Eeee eu, eu acho que vou procurar o meu namorado esquisito.

- Você não ousa sair assim, por favor...Mariá, Mariá , volta aqui. Covarde!

Antes que eu terminasse de juntar as minhas coisas do chão, Mariá já tinha sumido pelos corredores. A minha vingança seria dolorosa, - ela me paga. Disse essa frase em voz alta.

Ao me levantar fico cara a cara com a mulher  que foi o primeiro e o meu último pensamento dos ultimos dias.

Olhos nos olhos por uma fração de segundo, e eu me virei abruptamente. Afinal, ainda me restava o orgulho.

-Juls. Ei Juls, espera, Ei...

Valentina estava literalmente correndo atrás de mim. - Espere, por favor.

Me voltei para ela, apenas quando tocou meu braço, na realidade ela me segurou um pouco mais forte do que eu esperava, e não tive outra alternativa que não fosse parar, e rezar para que eu tivesse forças para resistir a tentação  de abraça-la, e dizer que eu estava com saudades.

-Eu não permito que você me chame assim, é Juliana pra você. E da próxima vez que você me segurar dessa forma, serei obrigada a fazer jus as minhas aulas de Jiu Jitsu.

- Você faz Jiu Jitsu?

A mulher me olhou surpresa , de tudo o que eu disse, a única coisa que a imbecil captou foi isso.

-Me solta!

Depois do meu solavanco Valentina me soltou, mas continuou andando atrás de mim.

- Juliana, precisamos conversar, pelo amor de deus, pare de correr, vamos conversar como duas pessoas civilizadas.

E foi naquele momento que toda a tensão que sofri nos últimos dias veio a tona, eu estava tomada de uma ira que estava preste a sair de controle.

- Conversar? CONVERSAR Valentina?
Agora você quer conversar?
Sabe o que quero agora?sabe? O que eu mais quero nesse exato momento? Porque conversar com você era o que eu mais queria nos últimos oito dias, mas agora, agora, eu quero que você vá PRA PUTA QUE  PARIU!!!! Com licença .

Um Amor De Outras VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora