Procurado | 04.

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Alguns minutos depois, o desconhecido que havia desmaiado em sua porta acordou, completamente desnorteado, e quando percebeu que aquele lugar estava longe de ser a sua "casa", não tardou em levantar as pressas do sofá, passando a ter a visão de um...

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Alguns minutos depois, o desconhecido que havia desmaiado em sua porta acordou, completamente desnorteado, e quando percebeu que aquele lugar estava longe de ser a sua "casa", não tardou em levantar as pressas do sofá, passando a ter a visão de um garoto sorrindo enquanto encarava as últimas fatias que tinha dentro da caixa engordurada.

Jisung achou aquela cena estranha, nunca tinha visto alguém ficar tão feliz apenas por estar comendo uma pizza, mas não ousou a falar nada. Pelo contrário, aproveitou que o garoto estava tão concentrado naquilo para conseguir reunir um pouco de coragem para dizer algo.

— O-olá? — Finalmente disse algo. Em questão de milissegundos, os olhos surpresos do outro pousaram em si.

— Você acordou! Quer comer? — Chenle pergunta com certo entusiasmo. Não negaria que ficou feliz em vê-lo desperto. Saber que não iria precisar levar o maior a algum hospital lhe deixava um pouco aliviado. Primeiro, o estrangeiro tinha favor de hospitais, passou boa parte de sua infância frequentando alguns deles, e por um período bem triste de sua vida, chegou a ficar internado por semanas, consequência da forte anemia que tinha desde novo; segundo, o que falaria para fazer os médicos acreditarem em sua palavra de que o garoto apenas desmaiou em sua frente e que ele não tinha nada a ver com aquilo? Enfim, sem pensar mais, Zhong apenas empurrou a caixa com as fatias que restavam em direção ao garoto de íris escuras.

— Não. Não estou com fome. Vou embora — Ele levanta, mas logo sua barriga ronca estrondosamente, traindo-o.

— Não está com fome, certo? — Chenle o provoca em um tom sarcástico, observando um sorriso amarelo surgir no rosto do maior e um leve rubor colorir as suas bochechas.

— Tá, eu aceito.

— Aproveita que essas são as últimas.

— Marguerita?! Esse é meu sabor favorito! — A reação entusiasmada de Jisung foi tão autêntica que Chenle não conseguiu conter o riso, permitindo que um riso baixo escapasse de sua boca. Não demorou muito para que o desconhecido começasse a devorar a comida, dando intervalos de poucos segundos entre uma mordida e outra, deixando Zhong de olhos arregalados.

— Senhor! Tá a quantos dias sem comer? — Seus olhos estavam vidrados no garoto, observando cada um de seus movimentos, e logo sentiu o arrependimento cair sobre seus ombros, ao vê-lo abaixar a cabeça, totalmente envergonhado com a pergunta.

— Dois dias. — Ele sussurra.

— O quê?! Você não pode ficar sem se alimentar, é prejudicial pra sua saúde. — O tom preocupado do garoto fez Jisung revirar os olhos.

— Pouco me importa a minha saúde.

— Mas deveria se importar, sabia? Você aparenta ser jovem igual a mim. Tem um futuro brilhante pela frente.

— Isso quando você não vive à sombra da polícia ou de ameaças... — Desta vez, Jisung não sussurrou. Todo aquele papo estava lhe cansando, e sabia que o outro só estava sendo gentil consigo porque não fazia ideia da pessoa que havia abrigado em sua residência. Então, logo resolveu falar, ou melhor, confessar o tipo de pessoa que ele era.

— Espera... Ameaças? De quem você está se escondendo?! Olha, se você é um criminoso trate de sair agora da minha casa, eu não vou ser seu cúmplice. — O desespero na voz de Chenle era evidente. Queria sim ajudar o garoto assustado que parou em sua porta, mas a possibilidade de estar abrigando um bandido em sua casa acabou ativando um "alarme de emergência" em sua mente, e sem pensar muito, começou a empurrar o corpo magro do maior em direção a porta. — Eu vou ligar pra policia ir naquela pizzaria agora!

— Não! Eles não tem nada a ver com isso. — O coreano segurou os dois braços finos do outro com certa firmeza, não ao ponto de machucá-lo, mas sim como tentativa de captar a sua atenção nem que fosse por poucos segundos. — Meu amigo que trabalha lá, ele é o real entregador. Eu só... eu só implorei por ajuda. Por favor, não os prejudique. Pode fazer o que quiser comigo!

— Saia... Agora! — Mais um empurrão foi dado, fazendo Park cambalear e quase cair na dura superfície.

— Ai! — De imediato, Jisung gemeu de dor. — Calma... e-eu vou sair da sua casa. Me perdoe por tudo isso. — O maior caminhava em passos lentos até a porta, mancando de uma de suas pernas. O garoto tinha lhe empurrado exatamente no lugar onde tinha sido machucado mais cedo, e como consequência, não demorou muito para que o tecido velho de sua camiseta ganhasse uma nova coloração, sendo preenchida por um tom escuro de vermelho.

— Espera! Você está sangrando... Droga! — Chenle exclamou alto, agarrando alguns fios de seu cabelo com força. O estrangeiro não disfarçava mais seu nervosismo diante da situação. — O que está acontecendo?! — Ele indagou, fixando o olhar no desconhecido, enquanto sentia seus olhos arderem devido às lágrimas acumuladas.

— Não se preocupe. Isso é normal pra mim.

— Olha... Primeiro me deixe cuidar desse ferimento; depois, pode seguir seu caminho. — Chenle talvez estivesse tomando a decisão mais arriscada de sua vida, podia estar prestes a cometer um ato do qual se arrependeria para sempre, mas, independentemente da pessoa em questão, ele jamais deixaria de ajudar alguém ferido.

— Vai doer muito? — O olhar medroso do Park o fez caminhar em sua direção, e o levar até o sofá que preenchia a sala de estar, ouvindo-o gemer baixinho.

— Um pouco, mas é suportável. — Chenle fala dando de ombros, enquanto procurava o kit de primeiros socorros que estava guardado em uma das gavetas do lavabo ali perto.

— A-ai! Tá doendo muito, você disse que era só um pouco! — Por alguma razão desconhecida, Jisung formou um pequeno biquinho em seus lábios. Talvez aquela fosse uma tentativa de amolecer o coração do estrangeiro, mas Chenle apenas revirou os olhos como resposta, concentrando-se em terminar o curativo de seu ferimento na barriga.

— Terminei.

— Eu preciso ir, Muito obrigado pela ajuda, espero poder retribuir. — Jisung se curva várias vezes de forma minimalista, e torna a caminhar até a porta principal.

— Apenas fiz o que devia ser feito. Já está tarde..., v-você não acha melhor passar a noite aqui? — Perguntou o chinês de olhos fechados. Sua mente estava confusa; ele sabia que o correto seria deixar o suposto delinquente ir embora, mas não conseguia esquecer o olhar assustado, a voz baixa e medrosa, e tampouco a imagem das lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto tinha sua ferida pressionada.

— O senhor permite que eu fique?

— Claro, mesmo duvidando de sua identidade, não percebo maldade em você. — Chenle buscava nos olhos de Jisung qualquer sinal que pudesse validar suas próprias palavras.

— Sério? Eu pareço ser uma boa pessoa? — Zhong percebeu um sorriso tímido formar em sua face, e seus olhos brilharam com uma expressão de surpresa. Jisung parecia pensar sobre a própria fala por um momento, como se estivesse processando a ideia de que, talvez, alguém o olhasse de uma maneira positiva.

— Como se chama?

— Park Jisung, prazer em conhecê-lo, senhor! — O garoto estendeu a mão direita, e seu olhar revelava uma expectativa palpável, como se aguardasse ansiosamente pela reação do rapaz de cabelos escuros.

— Não precisa falar assim comigo, acredito que temos idades próximas, me chame apenas de Chenle.

— Seu nome é bem bonito... igual a você. — O chinês não esboçou uma única reação. Ele estava flertando consigo?

— Pegue, vista isso. — Ele mudou de assunto imediatamente e entregou uma camiseta sua que estava ali por perto, até porque a do outro jovem estava totalmente suja e não queria que ele sujasse seus móveis.

𝘆𝗲𝘀, 𝗶 𝗽𝗿𝗼𝗺𝗶𝘀𝗲. ══ 𝗰𝗵𝗲𝗻𝘀𝘂𝗻𝗴Onde histórias criam vida. Descubra agora