Capítulo 25

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Anastasia

O delegado Clark me acompanha até o corredor, parando em frente à última porta.

— Sua irmã está aqui dentro, algemada. Você tem dez minutos. Qualquer coisa é só gritar que estamos aqui fora para garantir a sua segurança. — forço um sorriso para ele e giro a maçaneta, empurrando a porta aberta.

Victoria segura a cabeça com as mãos, os cotovelos firmemente posicionados sobre a mesa me metal. As algemas brilham na meia luz e um sorriso sarcástico puxa os meus lábios involuntariamente.

O novo adereço ficou bom nela, admito.

Combina mais do que as pulseiras de platina e os relógios Rolex que meu pai insistia em comprar toda semana para presentear a porra da sua filha favorita.

Victoria sussurra coisas que eu não consigo entender e balança a cabeça freneticamente enquanto esfrega as palmas das mãos nos olhos.

Empurro a porta com força e ela se fecha com um baque alto, fazendo a minha irmã se sobressaltar.

O olhar desfocado dela rapidamente encontra os meus e o brilho do ódio surge.

A Anastasia de dez anos atrás se encolheria diante da animosidade e correria para o mais longe possível, mas para a desgraça da Victoria essa versão morreu a muito tempo.

Encaro a minha irmã da mesma forma, intensa o suficiente para fazê-la se contorcer na cadeira e desviar os olhos dos meus.

Caminho até a mesa com passos tranquilos, olhando ao redor da sala fria e úmida com nojo.

Puxo a cadeira vazia na frente dela e me sento, fazendo um show de caretas e suspiros insatisfeitos.

Victoria observa cada um dos meus movimentos sob os cílios compridos e eu cruzo os braços sob os seios, tombando a cabeça para analisá-la melhor.

Ela é uma bagunça completa com olheiras profundas, cabelos bagunçados e unhas quebradas. O cheiro que vem dela também não é dos melhores e ouso dizer que ela não entra em baixo de um chuveiro a um bom tempo.

— Você está uma merda. — murmuro com diversão e sorrio quando ela aperta as mãos em punhos. — Mas deveria se orgulhar, Victoria. Esse ar de derrota combina com você.

Ela rosna e dá um soco na superfície de metal, gemendo baixinho logo em seguida.

— Por que você veio aqui? — a voz dela é um sussurro abafado, quase inaudível.

— Para ver você. E rir da sua desgraça, claro. Não é isso o que as irmãs fazem umas pelas outras? — apoio minhas mãos no tampo de metal frio e me inclino sobre ela, mantendo nossos olhos fixos. — Não foi isso o que você fez depois que eu fui chutada da família como um inseto nojento?

Victoria gargalha alto, mas não consigo sentir humor no som.

Os olhos dela enchem de lágrimas e ela morde o lábio inferior até cortar a pele e sangue brotar do corte.

— Aquele foi o dia mais feliz da minha vida. Ver você se fodendo me deu uma injeção de energia e vitalidade. — suspiro teatralmente e me acomodo melhor na cadeira.

— Pena que a sua alegria durou pouco, não é? Não conseguiu se casar com o Christian, perdeu o dinheiro da família dele e ainda teve que me ver conquistando o mundo sozinha. Como é ser uma fracassada, Victoria? Sempre tive curiosidade de saber mas fracasso é uma palavra que desconheço.

Ela rosna novamente e tenta ficar de pé mas as algemas presas à mesa a mantém sentada.

Eu rio mais amplamente e me levanto da minha cadeira, dando a volta até parar atrás dela.

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