Capítulo 18

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Anastasia

Eu sinto o ar fugir dos meus pulmões, uma sensação de queda deixando  meu coração acelerado.

Seguro nos braços do Christian em busca de apoio mas ele parece tão em choque quando eu, olhando atônito para a mulher parada na nossa frente.

Victoria.

A minha maldita irmã que fodeu com a minha vida ao longo de dezoito anos e que eu acreditei fielmente que tinha me livrado quando deixei tudo para trás e fui encarar o mundo como uma menina grande.

Triste engano, Anastasia.

Ela não é nem a sombra do que eu me lembrava.

A tão vaidosa e prepotente Victoria Steele, a mesma que sempre usou da beleza física para humilhar todos que ela considerava inferiores agora não passa de uma mulher com cabelos ressecados, olheiras profundas e roupas simples.

— Mamãe, essa é a moça que você falou? — a menina puxa a blusa da minha irmã em busca de atenção enquanto os olhos azuis dela brilham para mim.

Ela se parece comigo quando criança.

— Parece que viu um fantasma, Anastasia. — Victoria debocha e eu volto a fitá-la com uma sobrancelha arqueada. — E você também, Christian. O que, já se esqueceu de mim?

Christian bufa e me puxa pela cintura, aproximando meu corpo do dele. Victoria faz uma careta e tira as mãos da garotinha da blusa dela com uma força um pouco excessiva.

Os olhos da menina enchem de lágrimas e ela esfrega o pulso esquerdo. Meu instinto grita para ir ampará-la, mas Victoria a puxa para longe.

— O que está fazendo aqui? Achei que tinha sido claro quando disse que não queria mais te ver. — Christian rosna, alto o suficiente para atrair a atenção de algumas pessoas na recepção do prédio.

Victoria revira os olhos e agarra a mão da menina novamente, os olhos dela dançando entre ele e eu.

— Será que podemos conversar num lugar mais reservado? Não quero expor a Phoebe mais do que o necessário.

— Podemos subir para o meu apartamento. Tudo bem para você, amor? — Christian acaricia o meu rosto e beija o meu ombro, alheio a expressão odiosa que a minha irmã faz.

Assinto sem conseguir formular uma resposta verbal e ele entrelaça os nossos dedos, me puxando para o elevador. Ouço os passos atrás de nós, mas não olho por cima do ombro em momento algum.

A minha intuição raramente falha e agora ela está gritando que nada de bom vai vir com esse ressurgimento repentino da minha irmã.

Depois de toda aquela merda que aconteceu no apartamento que eles dividiam em Nova York e da mensagem do meu pai logo cedo no outro dia, eu entendi que estava sozinha. Mais do que já fiquei durante toda a minha vida até ali.

No momento em que entrei no avião para Miami eu me permiti olhar para trás uma última vez, amaldiçoar toda a desgraça que eu tinha vivido ao longo de dezoito anos e jurar que eu não tinha mais família.

Jurei que seria grande e que nunca mais os mencionaria.

Jurei que nunca mais seria humilhada.

Jurei que ninguém nunca mais brincaria comigo.

Jurei que eles estavam mortos para mim.

Juramentos de merda, eu diria.

Anastasia Steele, entre o poder e a burrice.

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