Capítulo 2

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(Heitor)

- Sério que você vai me tratar assim? Depois de tudo que passamos, Heitor? Você não presta!

- Ótimo, se eu não presto, cai fora e não enche o meu saco. - continuo fechando os botões da minha camisa social, sem nem ao menos olhar na sua direção enquanto falo - Nunca te prometi nada, Alessandra. Você sabe muito bem que entre nós só rola uma foda gostosa. Mais nada!

Minha paciência está muito perto de acabar e corro para me vestir e sair dessa merda de situação o mais rápido possível. Alessandra como todas as outras acha que pode me prender em um relacionamento. Eu devia ter parado de foder ela quando começou com conversas de fazermos viagens juntos, ou quando me perguntou se pensava em ter filhos um dia. A única coisa que me impediu, foi ela morar tão perto do meu escritório. Só preciso fazer uma paradinha no caminho para casa. Tão conveniente, mas agora já deu.

- Você dorme comigo a mais de dois anos, Heitor! Dois anos e você tem a coragem de falar que não sou nada mais do que uma foda? No mínimo sou a sua namorada! - Alessandra tenta pegar o meu terno da minha mão para evitar que eu acabe de me vestir - Você não pode ir embora sem resolvermos a nossa situação!

- Namorada? - começo a rir e a empurro na cama - Porra, Alessandra, ou você é iludida ou burra. Eu não namoro. Não temos nada a resolver, fodemos por dois anos e agora acabou. Fim.

- Eu não vou deixar você me tratar assim! Você vai me pagar! - seu rosto bonito se contorce em uma careta de ódio - Vou fazer questão de infernizar a sua vida!

Acabo de me vestir e viro para a encarar.

- Isso é uma ameaça? - avanço em direção a cama e ela tenta se arrastar para a cabeceira, mas a pego pelo pescoço antes - Esqueceu com quem está falando? Você não é nada mais do que uma puta, não há nada que possa fazer contra mim. - abro um sorriso sombrio quando a vejo engolir a seco com medo - Porém, eu posso destruir você. Fale assim comigo de novo e será a última coisa que você vai fazer na sua vida.

Ela arregala os olhos e começa a chorar tentando tirar a minha mão do seu pescoço. Aperto só o bastante para que ela sinta quem tem o poder aqui, e finalmente a solto com um empurrão.

- Sabe, um dia você estará no meu lugar. Um dia você vai amar tanto alguém que será capaz de se humilhar só para ter um toque, um gesto de carinho. Espero que ela te trate como um nada, Heitor! Espero que você sinta tudo que eu sinto agora.

Me afasto da cama rindo ironicamente da sua tentativa de me jogar uma praga.

- Está para nascer mulher que me faça sentir qualquer coisa a mais que tesão. - indo em direção a porta, me viro para dar o meu último aviso a ela - Isso aqui acabou, não me ligue mais. Esqueça até mesmo o meu nome. Adeus, Alessandra!

Fecho a porta e corro para chegar a tempo de me trocar na cobertura antes que o helicóptero volte de Angra para me buscar. Sei que minha irmã e as amigas já chegaram em segurança, e apesar de preferir passar o fim de semana no Rio em paz, prometi que iria para casa conhecer as nossas hóspedes.

Meu humor já está uma merda depois dessa ceninha ridícula com a Alessandra, então espero que consiga passar o fim de semana sem assustar as amiguinhas da Manu. Preciso saber como a minha irmã está e prefiro que ela não fique puta comigo por tratar suas visitas mal.

Contanto que eu fique trancado no meu escritório e evite a chateação de três adolescentes de férias, tenho certeza que ficarei bem.

*******

Saio do helicóptero e olho meu relógio, vendo que já passa das dez da noite. Perdi o jantar e só vou poder conversar com a minha irmã amanhã. Indo em direção a entrada da cozinha, vejo a minha avó sentada na ilha bebendo um chá.

- Boa noite, vó! Você não deveria já estar dormindo? Dez horas é madrugada para você.

Rindo ela me beija na bochecha e me mostra onde o jantar está guardado para mim.

- Não durmo enquanto você não chega, Heitor. Sabe que me preocupo e você não me avisou que ia demorar. - seu olhar de censura me faz sorrir.

- Tive que resolver um probleminha de última hora, mas agora estou aqui sã e salvo! - tiro uma garrafa de água com gás da geladeira e bebo um longo gole antes de voltar a minha atenção para ela - Manoela e as amigas chegaram bem?

- Ah Heitor, elas são preciosas! - minha avó bate palminhas, claramente animada demais para se conter - Meninas tão lindas e educadas. Manu está toda feliz por você ter concordado com essas férias aqui.

Imagino quão preciosas devem ser essas amiguinhas da Manoela. Provavelmente umas patricinhas mimadas que nunca tiveram que sofrer um dia sequer na vida. Vou fazer a minha presença escassa o fim de semana todo para não ter nem que cruzar com elas. Amo a minha irmã, mas ela já é mais do que o suficiente para me encher o saco.

- Bom, se ela continuar se comportando não vou me importar em ter adolescentes barulhentas pela casa. - vó Lena me dá um tapa no braço, me repreendendo.

- Elas são uns amores, só vão trazer alegria para essa casa. - minha avó me dá um olhar afiado de aviso antes de continuar - E você vai estar no seu melhor comportamento, as tratando como o cavalheiro que é.

- Está bom, vó! - reviro os meus olhos para o seu alerta - Amanhã conheço essas beldades, agora vai dormir que está tarde.

- Engraçadinho. - ela se levanta e me dá um beijo na bochecha - Boa noite, querido. Até amanhã.

Sorrindo ela vira e sai da cozinha. Fico mais alguns minutos comendo o meu salmão requentado, olhando alguns emails no meu celular. Quando acabo, sigo para a sala para revisar uns documentos antes de dormir.

Assim que viro no corredor que dá para a sala de estar, dou de cara com uma menina. Uma menina não, a porra de um sonho molhado. Só posso estar alucinando de cansaço, porque não é possível a visão que estou tendo ser verdadeira.

Na minha frente se encontra essa menina linda de cabelos pretos brilhantes. Seus olhos são de um castanho profundo, reluzentes e lindos, e estão arregalados de surpresa enquanto ela me encara. Seu rosto é perfeito, com traços delicados e uma boca carnuda rosada. Ela é linda, provavelmente a coisa mais linda que já coloquei os meus olhos, mas parece não saber disso. A inocência grita no brilho dos seus olhos, e posso ver como é pura.

Meu olhar desce para o seu corpo e vejo que ela está vestindo só uma camiseta longa que mostra suas pernas sensuais e delicadas. Solto um gemido quando consigo ter um vislumbre dos seus seios pelo tecido leve, e de repente sinto essa energia passando por todo o meu corpo. É como se finalmente tivesse acordado de um coma e só agora sentisse estar vivo.

Dou um passo para a alcançar e isso parece assustá-la, a tirando do seu próprio transe. Ela se vira e sai correndo para subir as escadas. A sigo desesperado com medo de perdê-la de vista, subindo a escada de dois em dois degraus.

Quando chego no corredor dos quartos, a vejo entrar correndo em um dos quartos de hóspedes e sumir da minha visão. Automaticamente vou para a porta e penso em forçar até ela abrir, mas paro e respiro fundo encarando a madeira escura. Não há motivos para assustá-la desse jeito, ela está na minha casa, dormindo em uma das minhas camas. Não tem como fugir de mim.

Indo em direção ao meu quarto, mando uma mensagem para a minha equipe de segurança dando a ordem de não deixar ninguém sair ou entrar na casa em momento nenhum sem antes me avisar.

Não faço ideia de quem ela seja, nem mesmo consigo explicar os sentimentos que ela despertou em mim. E ainda assim sei que preciso de mais.

Hoje ela pode dormir em paz, mas amanhã ela não vai conseguir fugir de mim.

Minha (revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora