Capítulo 28

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(Heitor)

- Merda! - jogo o celular do Arthur em cima da mesa e passo minhas mãos pelo rosto tentando me acalmar para pensar mais claramente.

- Não acredito que você realmente foi em frente com a ideia de anunciar seu casamento. Achei que não teria coragem!

Escuto Arthur rindo e me viro para ele com uma carranca. Claro que eu anunciei nosso casamento, mais que nunca eu tenho que cercar a Luísa de todos os lados para não deixar ela se afastar ainda mais de mim. Ela até pode estar em outra cidade me odiando, mas pelo menos todo mundo vai saber que ela é minha. Mesmo que no momento estejamos no meio de uma pequena crise, ninguém precisa saber dessa parte.

E ainda não perdi a esperança de realmente fazer esse casamento acontecer. Se tudo correr de acordo com o esperado, ainda posso convencer a Luísa a se casar comigo. E é por isso que contratei os melhores cerimonialistas da cidade para planejarem uma festa que ainda é um mistério se vai ou não ser realizada. Mas a minha esperança é meu único consolo nessa situação toda, e sempre podemos ir com meu plano B. Se eu ficar desesperado o bastante, posso usar de outros artifícios para obrigar a Luísa a ser minha, quer dizer, convencer a Luísa que o melhor para todo mundo é ela voltar para mim.

- O que mais eu posso fazer? Ela não me atende, quando me ligou não consegui falar mais que duas frases e até mesmo a mãe dela parou de receber minhas ligações. Preciso que ela saiba que ainda é minha, que sempre vai ser. - tento me acalmar me concentrando na minha respiração, mas consigo sentir minhas mãos suarem e meu ritmo cardíaco acelerado.

Só a hipótese da Luísa não ser mais minha me deixa bem perto de um ataque de pânico. Nunca me considerei um homem fraco, muito pelo contrário, sempre passei por todo e qualquer percalço com coragem e tenacidade, mas pareço outra pessoa agora. Não me reconheço mais, meu medo, minha agonia de saber que por meus próprios erros eu posso perder a melhor coisa que já me aconteceu me mostram que fracasso eu sou. Arthur me olha com pena quando responde.

- Entendo, meu amigo. Mas você não acha que toda essa pressão pode acabar a afastando? Talvez fosse o momento de dar um pouco de espaço para ela, deixar ela respirar um pouco.

- Mais afastada do que já está? Como eu poderia dar mais espaço para ela se já estou em outro Estado mal conseguindo me comunicar com ela. Não, eu conheço a Luísa. Se eu conseguir irritá-la o bastante, ela é capaz de voltar para o Rio nem que seja só para me dar um pé na bunda.

- Caralho, Heitor, isso é bem patético! - sua risada sai contida mas ainda escuto o idiota debochando de mim então pego uma garrafa de água que está próximo a mim e jogo nele - Calma, calma! Só estou rindo da situação. Ainda bem que você parou com a vodka ou essa garrafada teria sido fatal. Bom, agora que eu te proporcionei pelo menos uns minutos conversando com a sua mulher, estou mais próximo de ser perdoado?

O encaro sério e seu sorriso se desfaz. Consigo ver o olhar de vergonha que ele direciona a mim e isso faz com que minha raiva regresse um pouco. Sei que a culpa não foi dele, mas ainda estou muito puto por ele ter deixado passar aquele telefonema da Alessandra. Se Arthur tivesse visto essa merda na hora, como era suposto acontecer, nada disso teria acontecido. Eu teria conseguido eliminar essas duas da minha vida antes da Luísa descobrir, e agora estaria planejando meu casamento junto com ela.

- Olha, sei que não foi sua culpa. Vamos focar em acabar com aquelas duas vagabundas para eu poder trazer a Luísa de volta para mim.

Minha (revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora