Minha (revisando)

Capítulo 24

(Luísa)

Meu celular começa a tocar mas eu não tenho forças para conseguir levantar e ir até ao quarto ver quem é. Me sinto anestesiada, não consigo raciocinar direito e a dor que sinto no meu peito parece que vai me engolir. Começo a soluçar de tanto chorar, vou escorregando do sofá até bater no chão e fico ali jogada chorando, desesperada, me sentindo usada e suja. Eu não posso acreditar que o amor da minha vida fez algo assim comigo.

Desde o começo eu tive muito medo de me envolver com o Heitor, primeiro por ele ser quem ele é, rico, bonito, mulherengo. E segundo, porque sempre me achei inferior, não achava ser possível alguém como ele se apaixonar por mim. E agora vejo que eu estava certa desde o começo, eu sou uma piada para ele, uma novinha idiota que ele pode enganar e fazer o que ele quiser.

Sentada no chão da sala, olho meu reflexo em uma das portas duplas que dá para a varanda. Eu pareço patética. Meu olhos estão vermelhos, meu rosto pálido e meu cabelo uma bagunça descontrolada. Passo meus dedos pelo meu rosto o limpando mas é em vão, não consigo cessar minhas lágrimas. Sei que nessa altura do campeonato é ridículo pensar isso, mas não consigo não me comparar com a Alessandra. Ela parecia uma super modelo, perfeita, está grávida de um filho dele, e não foi passada para trás como eu. Por que ele continuou comigo quando ele poderia ter ela? Claramente ele tem muito mais consideração por ela, ela sabe tudo da vida dele, até mesmo da idiota que ele engana. Será que o Heitor é cruel o bastante para rir da minha inocência com ela?

Quando meu celular toca pela quinta vez, resolvo me arrastar até a suite e ver quem é. E claro, é o Heitor. Já me ligou cinco vezes e mandou duas mensagens perguntando porque eu não atendo e se estou bem. Fico olhando para o celular sem saber o que fazer, parece que meu mundo todo explodiu, e debato se ligo para ele ou não. Claro que tenho que enfrentar ele e mostrar que eu já sei de tudo, mas uma ligação não vai ser o bastante. Não, eu preciso ver a cara dele quando eu acabar com as suas mentiras.

Decidida, respondo a mensagem dizendo que estou entretida com as pesquisas para o casamento e em breve ligo para ele, Heitor responde na hora dizendo que está amando meu entusiasmo, e que deve chegar em casa depois do almoço. Sabendo que tenho pouco tempo para fazer tudo, eu arrumo minha bolsa com o pouco que eu trouxe para o Rio, dando graças a Deus de ter meus documentos e carteira comigo. Saio do prédio pelo elevador de serviço, conseguindo evitar que o porteiro ou os seguranças me vejam, quando chego na calçada meu uber já me espera e eu entro correndo.

A viagem até ao prédio da empresa do Heitor é rápida, e quando chego no saguão é que me pergunto como é que vou entrar. Ligo para a única pessoa que poderia liberar minha entrada sem alarmar o Heitor, e Manu atende a chamada de video parecendo aflita.

- Oi, amiga! Como está o Rio? Cadê meu irmão?

- Então, ele teve que vir na empresa resolver um problema e queria fazer uma surpresa para ele, vim aqui conhecer o escritório, mas não sei como subir sem que ele fique sabendo. Tem como você me ajudar?

- Claro, Lu! Agora que você é a futura esposa você tem que ter passe livre - ela diz rindo alheia ao meu sofrimento e tensão - leva o celular até uma das secretárias que eu converso com elas para te liberarem.

Manu fala com uma das moças da recepção que sorri para mim e libera minha entrada, me dando direções de onde o Heitor está. Desligando meu telefone, pego o elevador e em poucos minutos estou na porta do escritório do homem que hoje mais cedo era meu futuro, e agora é o motivo do meu sofrimento.

Bato na porta e abro sem esperar uma resposta, Heitor está sentado de frente para uma mesa enorme e dois homens desconhecidos estão no lado oposto. Os três me olham com surpresa, mas Heitor se recupera rápido e abre um sorriso lindo para mim. Aquele sorriso dele que eu amo e sempre me deixa sem fôlego.