Capítulo 4

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(Heitor)

Ela tem esse narizinho perfeito empinado enquanto me olha me desafiando. Não estou acostumado a ser respondido, em geral se eu peço alguma coisa em instantes sou atendido. Com qualquer outra pessoa essa conversa já teria ido para um lado totalmente violento, mas me vejo extremamente feliz e contente com ela me retrucando. Acho tão bonitinho como ela pensa que pode ir contra mim.

- Luísa, se você não comer nada pode passar mal e como está sob minha responsabilidade, não posso deixar isso acontecer de jeito nenhum. Tome pelo menos uma vitamina, ou então terei que te seguir o dia todo só para ter certeza que está bem.

Sei que esse argumento vai ser certeiro para ela me atender no que eu quero. Sinto como está desconfortável e desesperada para sair de perto de mim. Ela realmente acha que pode fugir? Me divirto vendo como a afeto, e por um momento tento me lembrar da última vez que realmente achei qualquer coisa divertida. Talvez antes do acidente dos meus pais? Não sei.

- Acho que uma vitamina posso tomar. - ela diz contrariada, com um biquinho naqueles lábios tentadores.

Não vejo a hora de tê-la. Ontem perdi a conta de quantas vezes tive que me fazer gozar só para ter alguma paz e conseguir dormir. Me senti patético, nem na adolescência me comportei assim. E agora, com 32 anos, me aparece essa menina linda e me cativa completamente, somente com um olhar. Nunca passei por isso, nunca precisei de ninguém, muito menos de uma mulher. E de repente, sinto que preciso dela mais que oxigênio.

- Muito bem, uma vitamina será. Traga o mais rápido possível, Ivan. - digo para o meu chefe, que assim como a empregada me olha como se eu estivesse louco.

Claro que pensam que enlouqueci. Quando fiz algo assim? Quando me importei com o que uma mulher come? Nem mesmo as trago em minha casa.

O encaro irritado e rapidamente ele sai da sala para preparar a vitamina.

- Bom... estava pensando em pegar a lancha para levar as meninas para mais afastado da costa. Seria divertido usarmos os jet skis. - Manoela fala, parecendo incerta - Já conversei com o capitão e ele disse que estaria tudo pronto depois do café.

Sinto o meu sangue gelar. Luísa com um jet ski em alto mar? Acho que não. De jeito nenhum. Mas já venci a batalha do café da manhã, então acho melhor só desviar o assunto. Não quero que ela se assuste e corra, até porque se ela correr terei que persegui-la.

- Acho que a lancha está com algum problema no motor. Já tinham me informado, mas não tive tempo de mandar resolver. - digo tentando soar inocente - vou pedir para tratarem isso essa semana e quando estiver pronta te aviso.

Manoela solta um suspiro irritado, mas ela sabe melhor do que me desafiar. Vó Lena ainda parece meio perdida, então começa uma conversa leve com as meninas sobre o bom tempo e como vão aproveitar a praia. O tempo todo observo Luísa, cada movimento, suspiro, o jeito doce como ela fala. Como pode existir uma mulher assim? E porque demorou tanto para que eu a encontrasse?

Ontem pensei ter imaginado a conexão que senti ao vê-la naquele corredor, mas minha memória não foi justa o bastante. Não é normal os sentimentos que ela despertou em mim, e não estou nem um pouco acostumado a me sentir tão necessitado de alguma coisa, muito menos alguém. A olhando assim, tão de perto, tento compreender o que há nela que me tem tão encantado, mas não consigo explicar. Não é só a beleza dela, mesmo ela sendo a mulher mais linda que eu vi na vida. Nem somente seu jeito meigo e inocente, é algo que não sei o nome ainda. Nem mesmo conheço essa menina, e ainda assim me sinto próximo a ela. Entendo como isso é uma loucura, mas foda-se, não vou racionalizar o que está acontecendo. Pela primeira vez em muito tempo estou animado com a perspectiva de ter alguma coisa, e pelo azar da Luísa, é ela quem eu quero.

Minha (revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora