Minha (revisando)

Capítulo 44

(Heitor)

Olho para minha Luísa, tão linda com um vestido branco e o cabelo solto em ondas delicadas. Ela me encara com um sorriso de lado, desde que chegamos no cartório ela tem essa carinha de quem está fazendo alguma coisa errada, quando perguntei, ela disse que nos casarmos em segredo é o maior ato de rebeldia que ela já teve. E pode parecer ridículo, mas saber que só comigo a minha princesa tem segredos me deixa orgulhoso pra caralho.

No fim pelo menos uma pessoa teve que ficar sabendo, Arthur me ajudou a contatar um juiz de paz que aceitasse nos casar em tão pouco tempo, pelo preço certo é claro. Meu amigo prometeu não contar para ninguém, com tanto que eu não negasse um lugar na mesa para ele jantar hoje à noite. Eu teria dado para ele a merda da minha casa se fosse necessário, única coisa que me importa nesse momento é ter um documento provando que a Luísa é para sempre só minha.

Depois de tudo o que passamos até chegar aqui, nada é mais certo na minha vida do que a certeza que a Luísa é tudo para mim. Não tem comparação com nada nesse mundo, ela é toda a minha vida e agora ainda tem o meu bebê. Mal consigo acreditar que meu filho vai chegar em poucos meses, é tanta felicidade que me sinto um pouco oprimido. Meu medo de perder tudo as vezes me consome, quando você não tem nada é muito mais fácil viver em paz. Porém, agora tenho a minha família, tenho tudo com a Luísa, e a possibilidade de voltar a vida vazia do meu passado me deixa desesperado.

Tenho esperança que o casamento ajude um pouco na minha insegurança, mas talvez eu nunca mais tenha paz. Talvez eu passe o resto da minha vida temendo que a Luísa e meu bebê possam ser tirados de mim, talvez eu nunca mais consiga ter paz sabendo que tenho tanto a perder. E tudo bem por mim, com tanto que eu tenha minha princesa e o meu bebê, é o bastante. Quem precisa de paz quando se tem o amor da sua vida ao seu lado?

- Eu os declaro marido e mulher, pode beijar a noiva! - o juiz fala animadamente.

Luísa sorri lindamente para mim e eu a puxo para mais perto a beijando apaixonadamente. Minha esposa! Porra, finalmente! Nada nem ninguém pode tirar ela de mim agora. Ela é minha, minha e minha. Me afasto sorrindo para ela e peg o sua mão esquerda na minha, meu anel está de volta lá, junto com uma aliança de ouro que combina com a que estou orgulhosamente usando no meu dedo anelar.

- Vamos, esposa, - a levo em direção ao estacionamento e a ajudo a entrar no carro - agora temos um encontro com o meu bebê.

- Como assim? - ela ri para mim quando entro pela porta do motorista - E é o NOSSO bebê.

Começo a rir do jeito que a minha princesa faz questão de praticamente gritar a palavra "nosso", como se isso fosse me fazer parar. Ela ainda não conseguiu entender minha lógica, mas em algum momento minha esposa vai chegar lá. Porra, é bom demais dizer isso. Minha esposa. Não sei como é possível alguém no mundo já ter estado mais feliz do que eu estou agora

- Já havia marcado uma médica para você, então podemos muito bem ir lá e ver se está tudo certo. Depois, claro, podemos pesquisar e escolher a melhor opção de obstetra para você, linda.

- Não pensei na possibilidade de ter alguma coisa errada. - ela começa a mastigar seu lábio inferior nervosamente, e eu coloco minha mão na sua coxa a apertando com firmeza.

- Princesa, pode tirar essa carinha de preocupação, é claro que não tem nada errado. Só vai ser divertido escutar o meu bebê pela primeira vez, ver com quem ele se parece. - Luísa revira os olhos e começa a rir, perdendo um pouco da sua expressão aflita.

Minha piada a faz relaxar e eu perco a tensão que já estava construindo no meu corpo. Odeio ver a minha mulher angustiada com qualquer coisa que seja, não sei como vou aguentar ver ela sofrendo daqui nove meses no parto. Meu Deus, talvez eu tenha que entrar em algum tipo de ansiolítico porque não sei se vou conseguir passar por isso sóbrio.