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Pov: S/n Thompson

— Estou preocupada. Será que podemos falar do que está acontecendo agora?- Perguntei. Ele suspirou e assentiu.

Eu tive vontade de falar à Josh como sua pupila é um oceano profundo. Quando o encaro, meus problemas se afundam, eu não consigo parar de admirar a excepcional congelação de seus olhos, sua pele macia, seu rosto perfeitamente detalhado. Seu cheiro está fixado em minha memória.

— Eu… Eu vou precisar ir embora do Canadá. Eu achei que conseguiria dar um jeito e continuar aqui, mas nada saiu como planejado.- Ele se engasgou com as próprias palavras. Eu estava em pânico, mas me mantive calma.

— Como assim? Se acalma e me explica direito. Talvez eu possa ajudar.- Balbuciei. Ele respirou fundo e se levantou do sofá, passando a mão em seu cabelo, um claro sinal de nervosismo.

— Minha mãe está mal, S/n, muito mal.-  Ele parou em frente à janela com as mãos na cintura. Sentir o vento frio bater em minha pele quente, um arrepio subiu meu espinhaço. A tensão no ar era evidente. 

O que eu precisava responder a ele? Quais seriam as palavras que o deixariam mais calmo? Nada que eu dissesse roubaria a dor que ele sentia. Minhas palavras não serviriam de absolutamente nada, elas não cobririam sua angústia. Ainda sim, resolvi tentar - e falhar miseravelmente.

— Josh, eu… Por que não me disse nada?- Questionei. Ele levou sua mão ao espaço entre as sobrancelhas e massageou o local. 

— Eu não sei. Não achei que era importante.- Com sua resposta, levantei-me do sofá e fui em sua direção. Eu lhe dei meu melhor abraço, porque era a única forma de conforto que funciona comigo, penso que seja o mesmo para ele e, com sorte, eu acertei.

Ele me puxou para mais perto - se é que aquilo fosse possível. Me aconcheguei em seus braços e acariciei suas costas. Ele deitou sua cabeça no topo da minha, e suspirou. 

— O que ela tem?- Perguntei depois de longos cinco minutos abraçados. Ele respirou fundo antes de me dar uma resposta. 

— Câncer… Câncer de mama.- Senti meu peito explodir em tristeza.

Aquilo era tão triste, mais triste ainda para uma mulher. Nunca presenciei nada do tipo na minha família, mas eu sabia o quanto uma quimioterapia destrói as pessoas.

— Há quanto tempo?- Questionei, com um caroço na garganta.

— Ela desenvolveu o câncer aos 36 anos, eu tinha 12 anos na época, os médicos falaram que não era caso de cirurgia, então menos de quatro anos depois, minha mãe estava ótima. Mas, agora ele está de volta e eu nem sei como reagir. Eu tinha 12 anos e foi o tempo mais difícil da minha vida, não achei que teria que passar por aquilo novamente.- Peguei sua mão e o puxei para o sofá, o puxei para mim e acariciei seu cabelo.

— Minha mãe passava o dia no quarto, S/n. Ela não tinha força nem ânimo pra nada. Eu passei boa parte da minha adolescência cuidando da minha própria mãe, não estou reclamando, só estou dizendo que essa seria a parte da minha vida que eu ia lembrar dela como… como qualquer pessoa deveria lembrar da mãe. Lembrar das broncas e das risadas. Eu só lembro do seu sofrimento.- Ele murmurou, com a voz embargada.

— E seu pai?- Questionei, curiosa.

— Tinha dois empregos, então passava o dia todo fora. Não o julgo, foi a única maneira que ele achou para conseguir pagar todos os tratamentos.- Respondeu ele.

— Josh, eu… eu sinto muito.- Ele suspirou, se afastou e olhou em meus olhos.

— Eu só… acho tão injusto. Eu achei que tudo ficaria bem, achei que seria feliz. Os últimos dias foram tão incríveis, achei que tinha achado meu lugar, eu realmente achei, mas acho que era só uma piada de mau gosto da vida.- Vi seus olhos se encherem de lágrimas. 

— Quando você vai?– Questionei.

— Amanhã anoite.– Ele murmurou. Sentir meu peito se agonizar.

— Certo. Temos tempo.– Disse, fazendo ele me encarar.

— Vamos continuar nisso? S/n, não vai dá certo, é por isso que eu te chamei aqui.– Sentir o ar ir embora dos meus pulmões.

— Como assim? Vai acabar o que mal começou entre a gente?

— Não há outra alternativa. Relacionamento à distância não é uma opção. Não daria certo.– Suas palavras doeram mais do que um soco no estômago.

— É tão fácil, não é?– Penso em voz alta.

— O quê?– Questiona ele.

— Falar que algo não vai dá certo quando nem ao menos você tentou. Esse é o caminho que as pessoas seguem quando acham que não vale a pena tentar.– Concluo. Ele permanece quieto por alguns minutos, então fala:

— S/n, eu não estou seguindo o caminho mais fácil. Essa escolha é difícil pra karalho, mas não faz sentido continuarmos com isso, não faz sentido nos machucar por algo que, mais cedo ou mais tarde, iria acontecer.

Nos encaramos por algum tempo, sem dizer nada, digerindo as palavras jogadas sem compaixão, as palavras que ele não acreditava, as palavras que me doíam a alma.

Eu abaixei a cabeça e engoli o choro.
Era um adeus?
Era o término do que a gente mal começou?
E quando à tudo que passamos?
Se aquilo era um adeus, eu sabia que o pior viria quando o sol raiasse.

— Eu sinto muito. Eu gosto de você, mas agora minha tenção precisa está 100% na pessoa que me trouxe à vida. Talvez, quando eu voltar e se você ainda estiver disposta a me querer, eu serei seu, porque sei que em minha vida inteira nunca senti por outra o que eu sentir por você. Você é especial, S/n. Mais especial do que você possa imaginar.– E, mais uma vez, suas palavras fizeram as minhas feridas abrirem, mas ao mesmo tempo, senti que meu peito derreteria, de uma forma boa.

— Josh... – Sussurro, mas me perco em pensamentos.

— Eu te amo, S/n, mas não posso te prender a um relacionamento, você me entende? Você é tão nova, precisa olhar ao redor e conquistar seu sonhos.– Ele murmurou, ao ver que eu já não conseguia me expressar.

— Josh...– Sussurrei novamente, mas nada além disso consegui balbuciar. Ele tocou meu cabelo e pôs uma mecha atrás da minha orelha.

— Você fica tão linda quando diz o meu nome... Se você fosse um erro, seria o melhor erro que eu já tive. Nesse momento, estou orando à um Deus, um Deus que não acredito, que tenhamos um futuro, que isso não seja um final, que não seja um adeus.– Ele concluiu, juntando sua testa à minha.

Sem aguentar o peso da partida, me afasto e levanto do sofá. Passo a mão em meu cabelo, o colocando pra trás em forma de desespero, dúvida e dor. Ele encarava suas mãos, com medo da dor de olhar em meus olhos.

— Certo. Está tarde, vou indo. – Foi o máximo que eu consegui dizer, mas ao virar em direção à porta, Josh levantou rapidamente e segurou meu braço.

— S/n... – Sussurrou, e assim como eu minutos atrás, não soube como continuar.

— Olha só, Josh, vá! Vá, e leve contigo tudo o que é teu e nunca foi meu. Vá, sem esse discurso vazio de que quer me ver feliz, não é o melhor a se dizer agora. Vá, antes que eu te peça para não ir. Vá, amanhã o dia precisa ser outro, e vai ser, mas sem você. – Soltei meu braço de sua mão, passei pela porta e nunca mais o vi.

***

Voltei🤠🤡
Saudades?
Me entendam e não me matem! Tá realmente complicado pra mim. Afinal, se não estivesse, estaria postando, vocês sabem que eu amo escrever.
Amo vocês! Prometo postar o próximo o mais rápido possível.
Por sinal, vão ler minhas outras histórias!

Sonhos maléficos✨💜

Estrelinha☆























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⏰ Última atualização: Jul 17, 2023 ⏰

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