01 - THINGS YOU DON'T SAY

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Possíveis gatilhos para: menções a automutilação; menções a tentativa de suicídio; crise de ansiedade.

CAPÍTULO UM
❛Coisas que não se fala❜

"𝐂𝐞𝐫𝐭𝐚𝐬 𝐜𝐨𝐢𝐬𝐚𝐬 𝐚𝐩𝐞𝐧𝐚𝐬 𝐧ã𝐨 𝐝𝐞𝐯𝐞𝐦 𝐬𝐞𝐫 𝐝𝐢𝐭𝐚𝐬

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"𝐂𝐞𝐫𝐭𝐚𝐬 𝐜𝐨𝐢𝐬𝐚𝐬 𝐚𝐩𝐞𝐧𝐚𝐬 𝐧ã𝐨 𝐝𝐞𝐯𝐞𝐦 𝐬𝐞𝐫 𝐝𝐢𝐭𝐚𝐬."

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Cora Wright, mãe de Evie, sempre teve uma visão bem radical sobre terapia. Como muitos, costumava dizer que era "coisa de louco" e soltava outras besteiras do tipo. Já Benício achava que era só uma maneira de ganhar dinheiro em cima de pessoas idiotas que acreditavam que seus problemas seriam resolvidos com conselhos de algum babaca com doutorado, uma vez por semana.

Seu pai jamais teria cogitado terapia para nenhuma de suas filhas, mas então a mãe de Evie morreu, e depois de três tentativas de afogamento voluntário na banheira e na piscina, além de vários cortes "acidentais", ele decidiu que a filha mais nova realmente precisava de algum auxílio. Fazia exatos dois anos que ela tinha consultas semanais, excluindo o momento em que ela havia sido encaminhada para o psiquiatra, retornando para terapia um mês depois com uma série de medicamentos prescritos e mais frequência nas sessões.

O tempo passou, e Benício teve que engolir o próprio veneno. Evie, por mais que tentasse esconder, não estava melhor. Mas não estava pior também. O que parecia ser um sinal de progresso, na verdade, era apenas a superfície de um oceano de caos ainda por vir. A mudança em Evie, mesmo que sutil, estava ali, à vista de todos, mas incomodava de uma maneira que o pai da garota não podia explicar.

Jenna, a madrasta da menina, sempre foi neutra sobre o assunto. Ao contrário de Benício, tratava aquilo como rotina, nunca tinha dado opinião sobre o assunto, mas Evie ouviu que a avó dela tinha feito terapia por cinco anos e melhorou muito. A mulher também era a única que tinha perguntado a Evie se ela achava que precisava de terapia e se gostava dela.

A resposta: Ela não tinha ideia.

Evie nunca soube exatamente o que pensar sobre a terapia. Nas primeiras sessões, tudo parecia uma perda de tempo. O terapeuta fazia perguntas que pareciam ter sido tiradas de um manual qualquer, e ela respondia com monossílabos ou com um silêncio tenso que ele nunca insistia em quebrar. Mas, com o tempo, ela foi pegando o jeito do jogo — falava o que achava que ele queria ouvir, entregava algumas partes, distorcia outras, e observava o efeito das palavras sobre ele como quem joga migalhas para ver um pombo comer.

Ela não se sentia bem com isso, é claro. Sabia que o homem estava apenas fazendo seu trabalho, ele não era ruim, mas que a cada nova sessão ela se sentia uma manipuladora nata. Só que ela não conseguia evitar, Dr. Daniel não era muito diferente de seu pai, tentando consertá-la a todo custo, e Evie odiava a sensação de que tinha algo de errado com ela, mesmo que tivesse. Talvez fosse pura rebeldia, mas ela já não dava a mínima a muito tempo.

𝐵⃪𝐼⃪𝑅⃪𝐷⃪𝑆⃪ 𝑆⃪𝑂⃪𝑁⃪𝐺⃪ ❙❘˖Outer Banks [JJ Maybank]Onde histórias criam vida. Descubra agora