[Degustação] Bordel

4.2 Leilão

Eu estava ansioso para colocar em prática todas as novas informações que Atibaia tão gentilmente me ofereceu. Sim, Atibaia, porque ela tinha pedido que eu não a chamasse pelo seu nome de verdade para não cair na armadilha de confundir os ambientes. Era, na verdade, uma prática de que muitas delas faziam uso: Dentro do Bordel, seus nomes eram os fantasiosos, para que não houvesse mistura.

Enfim, quando abrimos as portas, um ou outro cliente chegou a me cumprimentar, dizendo que o novo modelo era bastante agradável e que alguma das meninas tinha dito que era mérito exclusivo meu. Fiquei um pouco sem graça, mas agradeci formalmente.

Tudo correu nos conformes até a hora do leilão, quando Lola me olhou em dúvida, sem saber como eu ia querer prosseguir. Claro, ela não sabia que eu estava bem melhor munido dessa vez, e estava questionando, de sua maneira contida, se eu queria que ela fizesse as apresentações de novo.

Gesticulei que ela não se preocupasse e peguei o microfone em mãos. Embora um pouco incerta, Ceci me acompanhou até os holofotes.

- Cavalheiros! Espero que estejam tendo uma noite agradável. Sei que não é fácil ter esses belíssimos espécimes de mulher lhes dizendo não, mas a partir de agora, vocês conhecerão cada uma mais a fundo para poderem escolher com propriedade em quem investir. – introduzi, animado, para captar a atenção dos marmanjos. Quando todos tinham os olhares cravados em mim, mais bem humorados depois que eu expliquei o porquê de elas não estarem aceitando clientes ainda, Selena trocou a música e Ceci começou a fazer movimentos curtos no ritmo da batida.

- A primeira dama que eu tenho para apresentar a vocês é Ceci! Ceci é nossa belíssima Dominatrix, faz misérias entre quatro paredes e te deixa sem saber o que o atingiu por semanas! Você que gosta de ser judiado, adora uma mulher te pisando mais do que normalmente elas já fazem conosco, vai precisar aproveitar a chance única de ter seus desejos mais sombrios realizados. – parei de falar por um segundo, apenas para alcançar o chicote que tinha deixado ao lado da caixa de som e entregá-lo a Ceci, movimentando as sobrancelhas para que ela entendesse o que fazer com ele. – Se vocês perderem essa oportunidade, meus caros... A punição será severa. – a morena balançou o chicote com força, batendo-o no chão e imitou uma leoa faminta, sorrindo seus caninos para a plateia. A casa encheu-se de aplausos e eu vi dois ou três homens levantando-se para esperá-la ao lado do nosso palco improvisado. Sucesso.

- Seguindo com nossa cartilha de mulheres estupendas, eu lhes apresento: Mercedes! – a ruiva veio dando pulinhos em direção às luzes, um sorriso meigo no rosto pequeno. – Essa garota é especial. O anjinho da casa, nossa menina de ouro, sempre pronta para cuidar dos outros, fazer o que lhe é pedido e, claro, ser corrompida. É inocente e amorosa, e faz uso de um armário único com uniformes de trabalho. De enfermeira a colegial, de quietinha a escandalosa, nossa bela Mercedes é um carrão para todos os gostos. O test-drive é obrigatório! – apontei para Selena e imediatamente o som de uma buzina ressoou pelas paredes, enquanto a ruiva piscava para seu público.

A julgar pelas expressões dos homens sentados nas mesas e do nosso próprio pessoal, tudo estava caminhando de acordo. A apresentação estava bem servida, reveladora, e, ainda assim, incitando risadas e sorrisos. E aquele clima descontraído era tudo que se podia pedir de um bordel, um lugar normalmente tão carregado, onde as pessoas descontavam seus problemas do dia-a-dia.

Só naquele momento que eu percebi que aquele era um dos motivos para eu detestar tão aquele lugar anteriormente. O cheio era fétido, a energia do ambiente era pesada, e as pessoas pareciam sempre carregadas, a ponto de explodir.

Eu não queria me gabar, mas algo eu tinha feito certo. Com o novo esquema, o cheiro de porra e suor ficou restrito aos quartos comuns, porque não era mais incitada a pouca vergonha no salão, as meninas tinham bons momentos de diversão antes de irem oferecer seus serviços, os clientes davam algumas boas risadas... Tudo parecia mais leve, mais agradável.

Continuei fazendo pleno uso das explicações que Atibaia me deu mais cedo, e estava sinceramente satisfeito com os resultados que estava obtendo. Não era mais apenas um ou outro homem que se interessava pela prostituta apresentada, às vezes era uma mão cheia deles, e elas precisavam negociar para ver quem dava mais. A tabela, portanto, não ia funcionar de qualquer forma.

Mas então uma nova ideia me acometeu. Não me parecia tão certo que as meninas precisassem decidir por um deles para ir para a cama com. Negar os outros passava uma má impressão e poderia resultar em um cliente perdido. Não podíamos arcar com aquilo.

Eu ia sugerir então que houvesse um intermédio. Alguém para negociar os valores por elas, de forma que elas ficassem como um troféu mesmo, e não como o carrasco da história. Poderia ser o novo segurança, mas se algum problema acontecesse no mesmo instante ele estaria culpado. Além do que, precisava ser alguém com habilidades de mediação mesmo.

Talvez Papá pudesse fazer essa ponte. Ele conhecia bem as meninas, saberia o que elas iam preferir em um cliente e ainda é bem humorado o suficiente para que os cavalheiros não o comessem vivo. Sim, talvez ele fosse uma boa solução, e ia tirá-lo de cima de mim, de tentar ajudar nas questões financeiras quando ele tão claramente não fazia a mínima ideia do que se tratava.

Arquivando aquele pensamento, dei continuidade às apresentações, fazendo um bom trabalho, acredito, com todas as meninas. Até chegar a vez da Lola. Meu inferno pessoal seria a parte mais difícil, é claro.

- Encerrando com chave de ouro, para acabar com o meu blá blá blá, temos a mais disputada das mulheres de plantão. A excêntrica, sublime, e primorosa, Lola! – rebolando os quadris moldados de tirar o foco de qualquer ser do sexo masculino, ela veio para o palco, me sorrindo de lado, maliciosa. – Lola é residente na casa há mais de três anos. Ela tem a habilidade de enlouquecer a cabeça de qualquer um, de te fazer perder a fala e os fios de cabelo, te deixar dolorosamente satisfeito, mas pedindo muito mais. Lola brinca com os seus nervos, exige tudo que seus músculos podem dar, nubla seus pensamentos e provoca um coçar incandescente nas mãos. Ela se entrega como nenhuma outra, faz com que você esqueça todos os problemas do lado de fora do quarto, com que ocupe sua mente só com ela e suas belas curvas à sua disposição. Dona de uma personalidade arisca e língua afiada, ela vai fazer você se sentir o único no mundo, e é o pacote completo da perdição. Eu lhes convido a percorrer esse caminho sem volta que é ter uma noite da companhia dessa mulher deliciosa! – ainda que Lola tivesse sido a pessoa de quem Atibaia menos me cedeu informações, eu senti as palavras fluindo das minhas cordas vocais como se eu as soubesse decoradas. Como se, durante todo aquele tempo, eu soubesse das verdades por trás de cada frase que eu disse, guardadas em algum lugar obscuro do meu cérebro pela teimosia sem precedentes que sempre me tomava quando se tratava dela.

Quando acabei, todos os homens que restavam no salão se levantaram para falar com ela. Eram ao todo mais de vinte deles. De todos os estilos, poderes aquisitivos e galanteios diferentes. Eles se tumultuaram ao redor dela, que colocava a mão no peito como se estivesse lisonjeada, e pedia calma batendo os cílios cumpridos e bem marcados. Mas calma não passava pela cabeça deles, um mais desesperado que o outro para colocar as mãos nela, como se fosse realmente uma peça rara da coleção mais valiosa a que o homem pode ter acesso.

Talvez todo o alvoroço se desse porque ela tinha sido a última... Mas algo me dizia que aquele não era o motivo. Algo me dizia que aquilo era mérito dela própria... E das minhas palavras pateticamente admiradas.

n/a: 69 comentários... Que número mais gostoso! hahahaha

Espero que estejam gostando de Bordel <3

Comentem para me informar se estou no caminho certo ou se tem algo que vocês acham que deve mudar. Adoro receber a opinião de vocês!

Beijo grande!