PRÓLOGO | O CLÃ RI RIARU DO NORTE

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─ Aí vem ele!

─ Está vindo da floresta!

─ Caçadora cuide dele!

"Ah, como eu pensei, um oni de piso baixo aterrorizando a vila." Kairi pensou enquanto corria em direção ao monstro verde com olhos vermelhos, nichirin roxa brilhando na mão.

Com olhos de um violeta profundo, o tradicional uniforme branco e roxo do clã, cabelo da cor de ametista e uma pose que transbordava confiança, Kairi destacava-se como membro número um do clã Ri Riaru do norte. Este clã, conhecido por sua habilidade formidável em caçar oni, sustentava-se eliminando essas criaturas demoníacas em troca de pagamento e do comércio com outros vilarejos. A reputação deles os precedia, e eram frequentemente contratados para afastar ou exterminar demônios problemáticos.

O nome do clã, "Ri Riaru", traz consigo um significado poético, podendo ser traduzido como "Lilial" uma doce e floral fragrância do lírio-do-vale. Cujo odor agraciado evocava o cheiro do lírio que permeava os domínios da mansão Ri Riaru. Esse nome não era somente uma marca, mas também um símbolo da essência e da herança que cada um deles carregavam consigo todos os dias.

Era amplamente reconhecido que os Ri Riaru formavam um grupo de caçadores de oni aspirantes, passando de geração em geração a técnica da respiração do vento. Sobreviviam não apenas pelo extermínio dos oni, mas também pelo comércio que suas trocas com outras vilas proporcionava. O clã dividia-se em quatro membros principais, que se reuniam no Templo do Vento Sagrado, situado nos Vales do Norte, sempre que os tempos de conflito exigiam. Esse templo, junto com a mansão do Vale, era um dos poucos lugares sagrados e seguros no domínio dos Ri Riaru, onde os segredos e tradições do clã eram cuidadosamente guardados e passados adiante.

Eles normalmente viajavam em bandos, mas, no entanto, Kairi havia sido liberada de uma outra missão alguns dias atrás e estava andando por aí quando ouviu histórias de um monstro terrível que assombrava a vila à noite, e, por esse motivo, recebeu a então missão de investigar os rumores. Logo após uma breve conversa com seu corvo Kasugai, claro.

Demorou dois dias para chegar ao local e, ao cair da noite, tudo ficou ainda mais obscuro. Quando o sol finalmente se pôs no horizonte, Kairi não conseguia ver quase nada. Quando olhou para cima, viu apenas uma bola de luz desaparecendo pelo céu onde as nuvens noturnas escureceram tudo aos poucos, dificultando a visão do luar. Parecia completamente diferente de qualquer noite que ela já tinha testemunhado. Kairi saiu da casa principal para a rua enevoada. E lá estava frio também, como ela esperava. A luz do lampião que ela pegou bateu em alguma coisa lisa e plana, refletiu e saiu do outro lado da estrada de terra. Então, Kairi se viu diante de algo, algo muito grande.

Algo verde.

Levou um tempo para perceber o que era. Era um oni na forma de um ogro. Em algum lugar no fundo de sua mente, ela pensou que se encaixava na história do monstro do vilarejo. Este oni tinha a aparência e os mesmos olhos vermelhos de que ela tinha ouvido falar. Atrás dela, ela podia ouvir as vozes dos aldeões, que, apesar de seus protestos, se juntaram a ela para derrotá-lo.

─ Caçadora, o que é?

Kairi deu um passo à frente e se esticou na escuridão ao lado do homem. E sua outra mão tocou algo que não era pedra. Nada como o tipo de arma aldeã que os homens carregavam nas mãos. A bela e reluzente espada ri riaru, reluzindo na penumbra do luar. Mas não teve tempo algum para contempla-la. Ela se concentrou no rosnado que o monstro começou a fazer.

─ Um oni.

Ela disse isso antes de levantar o punho segurando firme sua lâmina de nichirin na mão, saltando e atacando a horrenda abominação verde que corria pela terra seca, mostrando a Kairi sua forma completa e aterrorizante. Ele se aproximou e soltou um grito horrível para ela com a boca cheia de dentes tortos e afiados aberta. Mas ela não estava com medo.

Em frente a ela, os homens que a seguiam estavam esquecidos no silêncio da escuridão, paralisados. Era muito grande, muito assustador e muito chocante para qualquer um, ─ muito aterrorizante para que seus próprios cérebros pudessem admitir que era real. O que realmente não importava muito no momento, já que Kairi estava cuidando de sua própria proteção. Ela correu, mudou de direção e mergulhou enquanto o ogro avançava sobre ela, arranhando o ar em seus calcanhares. "Esta criatura está enfurecida," Kairi pensou enquanto se levantava do chão e se virava para atacar o monstro novamente.

Ele ergueu a garra, pronto para atacar novamente com toda sua grande força. Kairi apenas sorriu para ele. Ela então desviou deliberadamente seu ataque para a esquerda e errou propositalmente.

O oni parecia estar confuso com a atitude de Kairi e demorou a lançar um braço longo, forte e monstruoso nela; ele chegou tão tarde que ela conseguiu pular bem acima de sua cabeça e alcançar o local de fraqueza do enorme ogro bem a tempo. ─ sopro de vento do vale, primeira forma! ─ Kairi investiu e cortou com sua espada do lado direito do pescoço até a cintura do lado esquerdo e logo sentiu que sua espada estava livre em suas mãos. Cauda de vento lavanda na ponta da lâmina.

Sentindo a dor dos ferimentos infligidos, o ogro teve sua metade superior ao chão em segundos, enquanto o torso e a metade inferior caíam lentamente para o outro lado, contorcendo-se de frustração antes de se transformar em poeira escura no vento forte.

─ Isso o deixou com raiva. ─ Quando ela voltou para o pequeno grupo, as luzes da noite reapareceram enquanto as nuvens escuras se dissipavam lentamente. Foi quando Kairi notou um corpo humano com pedaços faltando, a refeição interrompida do monstro. ─ Estou a caminho de casa. Se precisarem de mim novamente, me contatem.

─ Caçadora, e sua recompensa? ─ O líder da aldeia perguntou, confuso.

─ Não se preocupe, vou ficar com isso. ─ Kairi acenou com o pequeno pingente feito de flores secas que o oni carregava no meio dos dedos. ─ Como esse pequeno artefato não se degradou com o corpo, significava que pertencia a alguém importante para ele, então, devo continuar protegendo essa memória. Afinal, o ser que o transformou nessa coisa teve sua origem no meu vilarejo.

Sim, era ela, Kairi, a caçadora de onis. Do clã Ri Riaru do norte, onde o primeiro lírio da aranha azul floresceu. Ela acenou à distância enquanto caminhava em direção ao sol nascendo no horizonte, cores ricas e vibrantes perfurando a escuridão.

Enquanto ela caminhava lentamente e observava os primeiros raios de sol, ela refletiu sobre o que estava em sua mente por tanto tempo.

─ O céu está tão cheio de estrelas. Estrelas e onis. Será têm mais estrelas ou onis? ─ ela meditou com um sorriso suave no rosto. ─ Ainda estamos muito longe do fim de tudo isso. Talvez não tão longe...

𝗔 𝗟𝗘𝗡𝗗𝗔 𝗗𝗢 𝗡𝗢𝗥𝗧𝗘, DEMON SLAYEROnde histórias criam vida. Descubra agora