11> Sobre família e sonhos (especial parte 2)

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A noite envolvia Dazaifu, oculta em mistério, enquanto Kairi e Kinshi deslizavam pelas vielas estreitas, seus passos ecoando no silêncio pesado. Uma névoa densa mantinha as ruas misteriosas, revelando apenas o suficiente para manter o suspense.

─ Kairi, têm alguma coisa acontecendo. Sinto que estamos sendo observadas ─ murmurou Kinshi, seus olhos vasculhando as sombras próximas ao Santuário Dazaifu Tenmangu.

─ Fique alerta. Dazaifu é um tabuleiro de xadrez, e estamos prestes a descobrir a próxima jogada. Confie em seus instintos ─ aconselhou Kairi, ajustando a aderência de sua espada, enquanto o Museu Nacional de Kyushu espreitava nas sombras.

As árvores balançavam enquanto as duas garotas avançavam, a ponte envolta em neblina emergindo como um portal para o desconhecido. E lá no meio, uma sombra baixa começou a aparecer.

─ Quem está aí? Mostre-se! ─ exigiu Kairi, sua voz ecoando, revelando o Santuário Dazaifu Tenmangu ao fundo.

A neblina se dissipou aos poucos, revelando um corpo inerte na ponte. À medida que se aproximavam, a luz da lua revelou um cadáver, envolto em trevas e coberto por marcas de mordida sinistras. Era o pai de Kinshi, imóvel sob o olhar impassível da lua, próximo ao Monte Homan.

Kinshi, horrorizada, correu até o pai, lágrimas e medo misturados em seu rosto.

─ Pai! Não, não pode ser... ─ soluçou, seu coração apertado pela visão macabra diante dela.

─ Ele foi atacado por algo além de um simples oni. Essas mordidas são selvagens. Seu pai estava envolvido em algo maior ─ afirmou Kairi, seus olhos fixos no cadáver.

─ Algo obscuro está acontecendo em Dazaifu. Meu pai não era um caçador descuidado, alguma coisa escapou ao seu entendimento ─ disse Kinshi, segurando a dor em seus olhos.

─ Precisamos descobrir o que ele descobriu. Vamos seguir o rastro de seu pai, Kinshi, e desenterrar a verdade que Shahi está tentando esconder ─ propôs Kairi, sua voz firme. Entretanto, Kinshi não se moveu, ainda em estado de choque ─ Seu pai deixou pistas, e nós as seguiremos. A verdade pode ser assustadora, mas é o único caminho para salvar essas pessoas ─ disse Kairi, avançando pelo véu da noite e Kinshi balançou a cabeça, lágrimas ainda escorrendo pelos seus olhos, mas ainda tentando manter uma expressão firme para continuar.

Elas, com reverência e gestos solenes, ergueram-no do local da despedida. Cada movimento era cuidadoso, como se carregassem o peso não apenas do corpo que jazia diante delas, mas também da imensa carga emocional que permeava o ambiente onde o pai de Kinshi viveu seus últimos momentos de terror. Arrastaram o corpo para o interior do santuário, onde a penumbra conferia uma atmosfera de respeito solene.

─ precisamos esconde-lo.

Ao posicionar o ente querido no recinto sagrado, as garotas o envolveram com respeito meticuloso usando uma das cortinas vermelhas. Esta, por sua vez, balançava suavemente ao sabor do vento, como se participasse silenciosamente da cerimônia de despedida. Enquanto Kinshi se despedia, fechando os olhos de seu pai pela última vez, o tempo parecia esticar-se, dando à cerimônia uma lentidão quase palpável.

Após alguns minutos que pareceram uma eternidade, Kairi, com passos silenciosos, aproximou-se novamente de Kinshi. Seu toque suave nas costas morenas cobertas pelo haori pálido expressava solidariedade, e sua voz, calma e tranquila, rompeu o silêncio como uma melodia suave, proferindo palavras de consolo e apoio:

─ Kinshi, sei que esse é um momento doloroso pra você. Mas temos que ir, a coisa que o matou ainda está lá fora.

Kinshi assentiu, enxugando algumas lágrimas em seus olhos pesados antes de se levantar e seguir Kairi para fora do templo. À medida que avançavam por aquelas vielas sombrias, o vento sibilava entre as casas e soprava forte em direção a elas, enquanto Kinshi falava:

𝗔 𝗟𝗘𝗡𝗗𝗔 𝗗𝗢 𝗡𝗢𝗥𝗧𝗘, DEMON SLAYEROnde histórias criam vida. Descubra agora