05> Reminiscência no caos

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Kairi despertou em um quarto desconhecido, cercada por paredes de madeira escura e móveis antigos. Sua mente girava, tentando entender onde estava e como havia chegado ali. Ao seu redor, o silêncio pesado da noite era interrompido apenas pelos rangidos da madeira sob seus movimentos cautelosos.

Passos lentos se aproximaram e a porta se abriu com um ranger baixo, revelando a figura imponente de um homem alto, vestido com um uniforme distintivo de espadachim.

─ Quem é você? ─ A pergunta saiu de seus lábios antes que Kairi pudesse controlá-la, misturando-se com a confusão em seus olhos.

─ Meu nome é Kyojuro Rengoku. Sou um caçador de demônios, como você ─ , respondeu ele, com uma voz calma e firme que contrastava com o ambiente e a situação em que a garota se encontrava.

Rengoku estudou Kairi por um momento, percebendo a confusão e a apreensão em seu rosto, mas também uma estranha serenidade. As roupas dela estavam dobradas em uma pilha encima de uma mesa ao lado da cama, em frangalhos, manchadas de sangue, e a lâmina nichirin que ela segurava anteriormente contavam a história de uma batalha cruel e brutal.

A jovem havia enfrentado uma perda devastadora, com a morte de entes queridos, incluindo a perda de seu próprio irmão, cujas mãos haviam sido responsáveis por tamanha tragédia. A dor ainda ardia dentro dela, um fogo insaciável que queimava em sua alma.

E aquela mulher...

A lembrança da figura misteriosa que havia manipulado e levado seu irmão embora ainda assombrava seus pensamentos. Uma mistura de mágoa, raiva e confusão se misturava dentro dela, formando um turbilhão de emoções que ela mal conseguia controlar. Enevoando seus pensamentos como uma densa fumaça negra cobrindo uma floresta sombria rapidamente.

─ Oi?

A voz do homem alto quebrou seus sonhos de horror e massacre. A princípio, ela pareceu ignorá-lo, perdida de volta para o sonho que lhe trazia lembranças e respostas que sua mente tanto procurava.

─ Eu acho melhor dar um tempinho a você.

Ela se questionou vagamente onde estava agora. Movendo os olhos, percebeu que estava deitada naquele estranho quarto novamente. Acima dela, estava um homem vestido com um uniforme parecido com o dela, como se fosse uma versão atualizada, e uma bainha de espada colorida, como as que eram usadas por Hashiras do esquadrão de caçadores. De repente, sua mente estalou.

Onde ela estava? Que dia era? Certamente ainda estava no Japão, mesmo que tivesse em outro lugar. Provavelmente estava apenas em uma cidade diferente. Mas não, pelas roupas do homem e o ambiente, ela percebeu que não estava em um lugar desconhecido e a data em que estava não importava. Ela não estava em um lugar onde estivesse em perigo e aquele certamente não era um oni. Lembrando-se de como o conheceu, ela se deu conta de que ele a havia salvado.

─ e esta é a Mansão Borboleta, onde os caçadores se abrigam quando estão feridos. ─ Respondeu Rengoku, um sorriso agradável no rosto. Percebendo que a garota havia despertado de seu transe.

─ Estou na sede do Esquadrão de Caçadores de demônios? ─ Ela parecia um pouco confusa, ─ Eu não entendo... o que está acontecendo?

Rengoku sentou-se ao lado de Kairi na cama, tentando diminuir a sensação ruim de estranheza entre eles: ─ Eu salvei você durante o massacre do clã Ri Riaru. Lembra? Você é Kairi, certo?

Kairi demorou alguns breves minutos observando Rengoku até conseguir articular corretamente sobre o que aconteceu em meio a flashes estranhos de lembranças borradas, ─ Sim, lembro de você e... essa sou eu. Eu estava lá com a minha família. Meu irmão mais novo, Kaiki, ele...

─ Eu sei o que aconteceu. Seu irmão assassinou todos do seu clã. ─ Rengoku explicou, atiçando o senso de justiça da Ri Riaru.

─ O que? Meu irmão não faria isso. Ele era uma bom garoto. ─ Kairi apertou as têmporas, sentindo uma forte dor de cabeça e uma confusão mental estranha, que ela sabia que tinha sido induzida pelo trauma recente. ─ Foi ele, Muzan. Ele o manipulou e o forçou a fazer tudo aquilo.

Rengoku deu um tapinha no ombro de Kairi: ─ Eu sei como você se sente, mas é a verdade. Seu irmão os matou.. bem, e como você disse, ele estava sendo controlado por um oni, como muitos outros foram antes dele. Mas isso não importa, agora ele é um dos membros do grupo de Muzan Kibutsuji e nós precisamos para-lo.

─ O que eu posso fazer? ─ Kairi finalmente respondeu, após algum tempo em silêncio processando a informação de que Kaiki havia se juntado a aquele monstro, ─ Eu quero ajudar a parar kibutsuji e salvar meu irmão.

─ Eu entendo sua vontade, mas é perigoso enfrentar Muzan e seus seguidores. ─ Rengoku aconselhou, parecendo genuínamente preocupado, mas mesmo assim otimista ─ Você precisa de treinamento e preparação antes de se juntar à luta.

─ Eu farei o que for preciso. ─ Kairi disse, tomando um pouco do otimismo de Rengoku ao falar, ─ Por favor, me ensine como eu posso vencer e me ajude a salvar meu irmão.

─ Claro, eu vou ajudá-la. ─ kyojuro sorriu amplamente, ─ Mas você precisa ter paciência e determinação. A luta contra os oni é uma tarefa árdua e perigosa.

─ Eu entendo, eu também sou uma caçadora. ─ Kairi segurou o pulso, ─ Eu farei o que for preciso para vingar as pessoas que amo e proteger o meu irmão.

Enquanto Kairi conversava com Kyojuro Rengoku, outra caçadora de demônios entrou na Mansão Borboleta. Era Shinobu Kocho, uma bela jovem com cabelos roxos presos em um acessório de borboleta e um sorriso gentil no rosto.

─ Olá, Rengoku. ─ disse ela, ─ Quem é essa jovem?

Rengoku sorriu ao responder: ─ Esta é Kairi. Ela sobreviveu ao massacre do clã Ri Riaru e quer se tornar uma caçadora de demônios do nosso nível para lutar contra Kibutsuji e seus seguidores.

─ Entendo. Sinto muito pelo que aconteceu com o seu clã, Kairi. ─ Ela também disse palavras doces e acolhedoras, tentando passar conforto com um sorriso gentil em seus grandes olhos roxos ─ Eu também perdi pessoas que amava para os oni.

─ Obrigada. ─ Kairi respondeu, já se sentindo um pouco melhor ─ Eu gostaria de lutar para acabar com essa guerra e salvar meu irmão.

─ Com certeza. E nós vamos ajudá-la. ─ Shinobu olhou para a forma física de Kairi e suas roupas, ela eram parecidas com a do esquadrão, ─ Mas me conte, Kairi, você já foi uma caçadora de onis?

─ Sim, eu sou na verdade. ─ Kairi explicou, ─ O clã Ri Riaru é formado por caçadores que usam a respiração do vento. Nós preferimos a agilidade ao invés da força.

Shinobu tocou a própria bochecha, pensativa: ─ Interessante. Eu também não costumo usar muita força em minhas lutas. Talvez eu possa ajudá-la a aprimorar suas habilidades.

─ Eu adoraria. ─ Kairi sorriu gentilmente, se sentindo lisonjeada ─ Por favor, me ensine tudo o que sabe.

─ Sim, iremos ensinar novas técnicas de luta e a ajudar a aprimorar seus movimentos com a respiração do vento. ─ Shinobu assentiu e Rengoku a imitou.

─ Obrigada por estarem sendo tão gentis e se disporem para me ajudar a melhorar.

Rengoku estava observando Kairi em admiração ao falar: ─ Você tem coragem e determinação, Kairi. Eu tenho muita fé em você.

─ E eu também. ─ Shinobu assentiu, ─ Juntos, vamos acabar com essa guerra e salvar o seu irmão.

─ Eu não posso agradecê-los o suficiente.

𝗔 𝗟𝗘𝗡𝗗𝗔 𝗗𝗢 𝗡𝗢𝗥𝗧𝗘, DEMON SLAYEROnde histórias criam vida. Descubra agora