Seus passos ressoavam feito bombas no espaço aberto. Eles bombardearam seus ouvidos, assim como sangue correndo fervente e ansioso em suas veias. Seu coração batia desfreado ou lento demais, cada palpitar o balançando nos pés, latejando tanto em seu peito que ele temia afundar.
Acalme-se. Ele estalou os dedos.
Branco, branco, iluminado, claro demais. Tudo ali era demais. As paredes eram brancas, lisas e perfeitas, nenhuma marca, nenhuma sujeira, nenhuma imperfeição, nenhuma decoração. Todos os corredores eram assim, estava deixando-o louco. Tudo semelhante, como um labirinto. Eles andavam, andavam e andavam, mas nenhuma mudança acontecia.
Acalmou-se. Não havia como ele estalar os dedos.
As lâmpadas retangulares e suspensas lançavam uma luz forte, cegava-o com as paredes claras. Se estendiam por metros, competindo com o corredor infinito. E eles, os tolos, caminhando por eles e os desafiando a chegar ao seu fim. Suas pernas não doíam por treinamento, mas sua mente corria tanto quando seus olhos disparavam por cada canto, feito balas disparadas em alvos rápidos e irritantemente ágeis.
Havia um bipe constante debaixo de suas roupas, em sincronia e harmônico com o seu coração, atrasado e lento aos seus pensamentos. Ansiosos, nervosos. Evitou torcer as mãos. Eles suavam. Evitou limpar na jaqueta branca.
Branco branco branco branco.
Acalme-se. Ele se perdeu, estalou os dedos novamente.
O soldado que o guiava mostrou sinais de curiosidade aborrecida. Ele estava irritado, incomodado. Levantaria suspeitas desse jeito. Não limpou a garganta, não tossiu, bufou ou suspirou. Havia um modelo, e ele iria se encaixar nele.
Observou os pilares grandes e brancos, incrustados de artes, simplórias e bonitas. Enjoativas e desrespeitosas nesse ambiente. Se concentrou nos detalhes na metade da pilastra, bolinhas. Imaginou como código morse, e cruzou os dedos, batucando o mindinho e polegar direito na cavidade. As câmeras não pegariam. Eles estavam sendo monitorados. Quem não?
"Acalme-se." Escreveu.
Uma bolha nasceu em seu peito conforme enormes portas douradas se elevavam sobre eles. Um bipe. Eles estavam chegando perto. O soldado o ignorou parcialmente, os únicos barulhos que ele ouvia eram suas botas batendo no chão e amassando os carpetes cinzas sob a sola metálica. Havia o bipe. Ele se segurou nesse bipe. Não tinha como o soldado ouvir esse bipe.
A bolha em seu peito cresceu. Ele já teve uma semelhante há uma década, ela crescia, consumia seus pulmões, seu fígado, seu coração, seus rins, suas tripas e sua vida. Em menos de dois anos, seu torso era o habitat de um monstro, e não havia nada que ele pudesse fazer, além de se expor à radiação diariamente para tentar sobreviver e ser medicado por hora para tentar acordar. Seu corpo era o tumor e o tumor o seu corpo.
Poucos meses depois, o tumor se transformou nessa bolha que estava harmonizada com suas emoções. Antes drenava cada grama de energia que ele mal tinha, agora qualquer inconstância em suas energias, a bolha crescia, se expandia, se concentrava e explodia, protegendo o núcleo e seus raios, expulsando tudo que detectasse como ameaça.
A bolha se manteve no coração, e conforme ele se acalmava, ela também.
O soldado assumiu a frente quando as portas estavam a alguns passos. Aquilo era importante, então ele se concentrou no bipe. Ficou sem piscar, olhando atentamente e sem precisar encenar atenção. De acordo com Yeosang , aquilo ativaria suas lentes, e elas mandariam as imagens para o técnico.
Seu bipe acelerou, e ele relaxou os ombros em falso orgulho e contentamento. Ele se sentia um vira-lata.
Esse era um dos QG dos Guardiões, que eles invadiram da base e ele deveria escalar até o topo. Havia um bipe nele, que não sabia ainda para o que servia, mas Yeosang o instalou em seu traje contrabandeado das inúmeras missões e testes que passou do qual os Guardiões mandavam para todos os qualificados.
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Cyberpunk
Science Fiction"Seonghwa." Ele se virou, os olhos brilhantes pela luz do sol entrando pela janela, do qual passou as últimas semanas observando. Eram pretos, enegrecidos pela dor, pela paz, pela vida, pela morte, pela companhia e solidão. Hongjoong segurou um vaci...