Hongjoong sempre esteve muito ciente do que acontecia, mesmo antes da explosão.
Sua mãe gostava de dizer que ele era teimoso e cabeça dura, suas ofensas transbordando de carinho eram a única coisa que sua memória segurava, proferidas pela sua voz tão doce quanto mel. Então mesmo com os olhos vazios tanto quanto seu corpo e mente, focado no quadro branco e com tarefas fúteis, Hongjoong conseguia desviar os olhos para os olhos para os lados.
Ele desviava para os seus colegas naquela prisão moderna que empregava diferentes e criativos métodos de lavagem cerebral, ensinando o inútil para eles e criando zumbis sem sede de sangue e fome de carne. Fantoches de carne e osso, sem cordas assim como pensamentos, mas algum cara cheio de grana lá em cima os controlando e tendo a síndrome de Deus.
Ele tinha 16 anos quando a iluminação foi o suficiente para queimar sua visão. A pureza branca daquele lugar finalmente iluminou os céus, e então se voltou para a terra como fúria divina e devastou tudo em seu caminho. Enquanto os alunos cambaleavam pelos corredores de forma ordenada, naquela tarde há oito anos atrás, todos em busca de sua próxima aula, Hongjoong teve força o suficiente para estancar no lugar e se virar.
Era uma pequena carpa contra a correnteza do rio, rio de alunos controlados e sem vida, mortos com pendências para os vivos, vivos que impuseram assuntos não resolvidos para os já enterrados, e Hongjoong conseguiu observar isso pela primeira vez.
Ele não subiu a correnteza, mas percebeu a força das águas depois de anos nadando com ela.
Hongjoong se virou, e havia um instinto de desafiar a natureza daquele rio. Seus olhos não focavam e seus membros não funcionavam, era como um recém-nascido que precisava de estímulo para respirar. Foi um passo após o outro, e o instinto de sobrevivência do ser humano era fugir. E ele correu, aos tropeços e quedas, arranhando as mãos, sujando os joelhos e rasgando o uniforme branco e imaculado da Escola. Não sabia de nada, não tinha noção e nem caminho, mas qualquer passagem aberta era uma saída. Não tinha memórias, não reconhecia o espaço e as pessoas, portava só um nome e um sobrenome, tendo a certeza que havia alguém esperando.
Correu pelo que parecia um pátio, sentindo sua mente latejar e receber memórias perdidas e fragmentadas. Os portões estavam fechados, ele se lembra, então reuniu forças inexistentes e escalou a grade. Foi apenas um passo, e tudo explodiu.
Hongjoong foi o único mentalmente capaz de se libertar da prisão cerebral do Guardiões, agora pode controlar as funções cerebrais de qualquer indivíduo.
Nunca teve limitações além de seu medo, mas há a incerteza de Seonghwa não aguentar a sugestão de Yunho: desbloquear qualquer memória sobre eles.
Hongjoong tem dúvidas, e a entidade bloqueou qualquer visão que Yunho pudesse ter apenas por diversão. Em androids já está farto de saber que não funciona.
Sua única barreira é o controle de Seonghwa, o tempo de reação de Yeosang e seu medo. Hongjoong nunca testou sua mutação em alguém que teve os principais órgãos substituídos por metal.
Hongjoong tem apenas medo de descobrir o quanto Seonghwa pode ser consertado.
Mas ele ainda não percebeu isso.
" Há treinos pela manhã para as diferentes patentes. Os dos novos recrutas começa 500. Às 400 somos instruídos a passar pelo revistamento diário, e quinze minutos depois, após termos oito minutos como limite para vestirmos a farda completa, temos mais quinze minutos para a alimentação da manhã, iniciando o aquecimento cinco minutos depois.
Fica na ala leste do QG do sul, e permanecemos lá até às 800, para então haver o treino de esquadrão. O treino do esquadrão Alpha está localizado na ala norte, e o treinamento varia de como o Comandante é designado para as missões. Comandante Park Meu Comandante é responsável pelas missões de maior qualificação, então nosso treino é mais pesado. Três horas depois, fomos liberados para o almoço.
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Cyberpunk
Science Fiction"Seonghwa." Ele se virou, os olhos brilhantes pela luz do sol entrando pela janela, do qual passou as últimas semanas observando. Eram pretos, enegrecidos pela dor, pela paz, pela vida, pela morte, pela companhia e solidão. Hongjoong segurou um vaci...