BLOODLUST ➵ frerard.

01. agonia care te urmărește în aer.

✦ CAPÍTULO UM:

― "a agonia que te segue até nos ares mais distantes onde seu coração pode chegar"

†

Bucareste, sul da Romênia.

2013.

OS DIAS TÊM sido melhores para Frank.

Desde o dia em que externalizou à psiquiatra o desejo de conhecer a Romênia e estudar de perto toda a sua glória e arquitetura historicamente apaixonante, tocar com suas próprias mãos todas aquelas estruturas que deram origem ao fantástico sombrio da mente humana, que estiveram ali durante as centenas de anos, agora em pura contemplação turística. Então Lindsey apenas o deu licenças, permissões, receitas e comprovantes como um "vá em frente" para ele viajar em férias.

Bom, foi o que aconteceu.

No momento, ele está puxando suas duas malas de rodinhas barulhentas pelo piso refletor do aeroporto com a mão esquerda, arrumando a mochila pesada nos ombros ao passo que segura a case de sua guitarra mais forte com a mão direita. Deus, ele se sente tão desengonçado, perdido e incrivelmente ansioso. Black Flag toca baixinho em seus fones, Frank murmura mimicamente alguns versos enquanto se dirige a pista que seu táxi o espera.

Ah, cara, ele lamenta quando vê uma fileira enorme numa pista extremamente movimentada na saída do aeroporto da capital de Bucareste. Cacete, ele estava no sul da Romênia, entende? Tantas pessoas, tantos possíveis vampiros se movimentando para lá e para cá na principal, tantos taxistas acenando, tantas malas arrastando por aí; ele só não conseguia acreditar. Então, ele sai puxando mais forte as malas pela pista, procurando pelo número da frota e do veículo de seu táxi. Encontrou-o depois de quase ser atropelado por falta de atenção, cumprimentou o motorista de meia idade com um "hey, cara, boa noite" no melhor romeno que conseguiu; e fingiu rir quando o senhor o cuspiu em inglês "seu romeno é horrível, falamos alemão também".

Ele se acomodou no banco de trás quando guardou sem muito cuidado suas malas no porta-malas e acomodou a guitarra em seu colo, checando as horas e percebendo ser aproximadamente sete da noite na capital. Muito mais do que satisfeito em realizar sua viagem em silêncio, Frank se preparou para encostar a cabeça no vidro da janela e ir dormir após falar sobre seu destino ao motorista. Foram exaustivas 10 horas de voo e agora ele teria de lidar com mais 2 para chegar até a cidade de Brasov, na Transilvânia.

Embora tivesse achado Bucareste encantadora, não se arrependeu da pressa em chegar ao hotel em que ficaria na primeira noite; Frank se considerava, em termos e depois de meses, sortudo pra caralho por ter conseguido se hospedar por uma temporada no grande castelo que dera inspiração para a criação de um de seus livros favoritos, Drácula. Frank mal podia esperar para vê-lo em toda a sua grandiosidade.

Surpreendentemente deixado em frente à entrada do hotel, terminou as cerimônias com o táxi e partiu para realizar seu check-in adiantado há algumas semanas. O selo e cartão de hóspede legal para o castelo de Bran haviam chegado dias antes de sua viagem, pelo correio; mas por ora, ele só queria comer o sanduíche amassado e vegano que comprara no aeroporto, fumar e ir dormir mais um pouco para se livrar do jet lag o mais rápido possível. Iero não gostava de cubículos e espaços pequenos, então mesmo que fosse idiotice pelo cansaço das longas horas de viagem, usou as escadas.

Felicidade e alívio foram o que lhe arrebataram o peito quando avistou a cama arrumada e quente, a TV na parede a frente, uma mesinha e cadeira, assim como a porta da sacada. Decidido a jantar o sanduíche e usufruir de uns dois cigarros antes de capotar no colchão, abriu a passagem de vidro da sacada e apaixonou-se pela vista das luzes noturnas da cidade. Ele espiou os montes aos arredores, uma das montanhas iluminada pelo letreiro neon escrito "BRASOV' no topo. Preso em seu estado pessoal de realização e contemplação-― após tomar três daqueles comprimidos que o faziam dormir pesado -― , não demora muito para que ele suspire, ignorando a angústia da qual tenta fugir há tempos, volte para dentro e apague na superfície macia e afável, esquecendo as cortinas de córdoba e a passagem aberta.