Capítulo 5: Porta Vermelha

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Ponto de vista do Harry.



O prédio não tem porteiro e, por sorte,  eu tenho as chaves do portão e ando sempre com ela.

Espero do lado de dentro até que tenho certeza que Louis já foi embora. Saio novamente e vou em direção a onde moro.

Abro a porta e ignoro a presença dos rapazes que estão vendo TV na sala, indo direto para o meu quarto.  Eles me olham mas também ignoram em seguida.

Definitivamente não gostam de mim e eu percebi isso de uma forma nada agradável tempos atrás. Somos eu e mais três, trabalhamos juntos e ainda temos que dividir um pequeno apartamento. Pequeno mesmo. Com apenas dois quartos,  somos dois em cada quarto. Zero privacidade.

Não é como se tivéssemos escolha de qualquer jeito.

A noite se aproxima e daqui a pouco é hora de trabalhar. Pego minha toalha e minhas roupas e vou até o único banheiro, tomar um banho. Me dispo e entro debaixo do chuveiro, deixando a água quente escorrer pelo meu corpo.

Falando no meu corpo, este ainda sente os efeitos de minutos atrás, quando eu estava sendo beijado pelo dono dos olhos mais azuis. Fecho os olhos e deixo minha mente voltar àquele momento. Nunca me senti dessa forma antes. Cada pelo do corpo se arrepia, o gosto daquela boca, não existe nada melhor. O toque forte e ao mesmo tempo gentil, o perfume que combina perfeitamente com sua pele. Sinto fisgadas no abdômen,  passo minhas mãos pelo meu tórax,  lentamente descendo em direção a minha virilha.  Com os olhos fechados e a cabeça para trás encostada na parede, levo minha mão até minha ereção que já se encontra formada. Escorrego a palma sentindo meu pau duro, uma, duas,  três vezes. Abro os olhos de repente,  me lembrando novamente que não posso sentir nada disso.

Respiro fundo, buscando me livrar desses pensamento.  Termino logo meu banho porque sei que já já alguém vai vir bater na porta gritando que também precisa se arrumar.

Saio do banheiro já vestido e vou para o quarto. Ainda tenho alguns minutos então deito na minha cama, não muito confortável,  pego meu celular, desbloqueio a tela e vejo que tem uma mensagem.

Louis:
Mais uma vez, obrigado por hoje. Sua companhia é ótima.  Espero que possamos repetir.
A parte do beijo, inclusive.😏

Sorrio e digito algumas coisas para responder.  Mas apago tudo que escrevo.  O que eu vou dizer? Que eu também espero repetir? Sim, eu gostaria, muito, mas sei que talvez não seja uma boa ideia. Depois de algumas tentativas falhas, apenas bloqueio o celular e me levanto para terminar de me arrumar. Está na hora.

Sou o primeiro a sair de casa. Não porque gosto do meu trabalho,  longe disso. Mas porque hoje estou agitado, meus pensamentos estão fervendo dentro da minha cabeça e eu não consigo organizá-los.

Chego no bar, já está aberto ao público mas ainda é cedo, então está praticamente vazio. Olhando assim, é um bar como qualquer outro. O ambiente é iluminado com luzes fracas, as paredes são cobertas de um papel de parede bordô com detalhes em dourado, algumas mesas de madeira escura no centro,  tem também uma mesa de sinuca. Logo na entrada, o caixa, onde fica Niall. Mais ao fundo à direita, o balcão onde são servidas as bebidas, pelos barmans muito bem vestidos, com calça e camisa pretas. Contornando as paredes à esquerda e próximo a entrada, estão os sofás de couro preto. Na parede ao fundo, um pequeno palco em formato de meio círculo,  alí, algumas aparelhagens de som, um stand com microfone,  um teclado simples se fazem presentes.

Mas é ali,  atrás daquela porta vermelha no canto esquerdo que o "trabalho" realmente acontece.

- Chegou cedo Hazz. - Niall está organizando o dinheiro no caixa quando passo por ele.

- Oi Ni. Precisava sair daquela casa.

- E esse era o melhor lugar para vir Harry? - Niall pergunta em um tom triste.

- É o único. - Respondi baixo olhando para os meu dedos, mexendo em alguns anéis.

Niall é o único amigo que eu tenho. Antes de vir para Londres eu era cercado de "amigos ". No colégio, eu era o tipo popular,  eu adorava aquela atenção.  Mas eu não era do tipo esnobe que gostava de menosprezar as pessoas para me engrandecer.  Não, eu sempre fui gentil e as pessoas se aproximavam de mim justamente por eu me preocupar que todos a minha volta estivessem se sentindo confortáveis.

Mas isso tudo acabou de repente, quando deixei minha cidade natal. Aqui, só tenho Niall.

Conheci ele aqui no bar quando vim trabalhar aqui. Ele é um dos poucos que gostam de mim nesse lugar, deve ser porque ele trabalha deste lado da porta. Talvez, se ele trabalhasse lá,  atrás da porta vermelha comigo, ele também me odiasse.

- Harry, nós já falamos sobre isso. Você
pode ficar lá em casa, eu já te dei as chaves pra isso.

- E fazer o que Ni? Ficar vivendo às suas custas? De jeito nenhum, eu sei que seu salário aqui não é dos melhores e eu não quero atrapalhar.

- Você não atrapalharia em nada. E você poderia arrumar outro emprego.

- Como se fosse simples assim, você sabe muito bem como as coisas funcionam aqui....- Respondi triste, indo até atrás do balcão onde deixo meu violão.

Sentei no banquinho em cima do pequeno palco e comecei a dedilhar qualquer coisa no violão.  Não consigo nem pensar em uma música para tocar.

Começando alguma melodia, sorrio pequeno comigo mesmo, lembrando da conversa com Louis, imaginando ele com um violão no colo, deve ser adorável. Fico pensando no que ele gosta de tocar,  quais suas bandas favoritas.

- Tá aí minha joinha. - Estremço ao ouvir a voz se aproximar.

Paro imediatamente de tocar. Vendo o homem parando ao meu lado, repousando a mão em meu ombro.

Ramon é um homem de meia idade, alto e musculoso, cabelos levemente grisalhos e olhos negros. E o principal,  o dono do bar.

E eu odeio esse apelido, mas ele só me chama assim.

- Ontem você pareceu um pouco distraído meu bem, espero que hoje você se dedique mais. Você sabe né... você é minha joia rara Harry.

- Desculpa- Falo de cabeça baixa - Eu só estava com dor de cabeça. Mas já estou melhor.

- Espero mesmo - Responde apertando sua mão em meu ombro, causando uma leve dor.

Em pouco tempo o bar começa a encher.  Tem uma música baixa tocando, mas logo chega minha vez. Essa é a única parte que gosto. Volto pra o palco conecto o pen-drive na mesa de som. Testo o microfone e tudo pronto.

Hoje escolhi algumas músicas mais calmas, pra contrastar com a minha mente barulhenta. Começo a cantar e vejo que algumas pessoas me olham atentamente. Eu gosto da sensação.  Pena que não vai durar. Quatro ou cinco músicas depois e Ramon sobe no palco. Pegando o microfone, ele agradece em meu nome e anuncia que "a noite vai realmente começar "

Sei muito bem que essa é minha deixa. Meu estômago já embrulha, e um nó se instala na minha garganta.

Antes que eu me dirija ao local que devo ir, um dos barmans acena me chamando. Chego no balcão e ele me passa o comprimido de sempre, um relaxante muscular, e me serve uma dose de tequila. Coloco o comprimido na língua engolindo com a tequila. Agradeço Paul, ele faz isso todos os dias, sabe que preciso disso para no mínimo "tolerar" o restante da noite.

Atravesso a porta vermelha, como "funcionário" minha entrada é liberada pela minha digital. Mas para os cliente que queiram entrar, é preciso pegar um cartão no caixa com Niall. O cartão libera a porta e também possui um código de barras para registrar todo o consumo lá dentro. Ou quase todo. (Bebidas e aperitivos pelo menos)

Aqui dentro é quase tão bonito quanto a parte do bar, se não fosse pelo tipo de serviço que é oferecido.

As paredes brancas, vários sofás e poltronas em couro vinho, alguns garçons andam livremente por entre as mesas redondas, vestindo apenas calças pretas de couro sintético e suspensórios. No centro, outro palco, mas esse definitivamente, eu odeio. Sinto uma leve tontura, e vou até a parte de trás onde os meninos provavelmente já estão se arrumando.

Não demora e cá estamos nós, em cima do palco, dançado ao som de músicas provocantes. Estou usando uma cueca estilo boxer porém de couro e uma camisa prata brilhante aberta. Nos pés, um coturno preto e os cabelos soltos. Já tentei prendê-los devido ao calor que faz aqui dentro, mas Ramon sempre os solta, dizendo que é meu "charme".

O público é composto em sua maioria por homens, muitos deles casados, com carreiras bem sucedidas, que procuram o bar de Ramon para se divertirem pela discrição que encontram aqui. (O quem acontece  aqui, não sai daqui. É o lema do chefe). Também tem algumas mulheres, de idades variadas. Mas diferente dos homens, elas normalmente gostam só de assistir ao show.

Dançado.  Dançado.  Exibindo meu corpo para essas pessoas que olham como se eu fosse somente isso : um corpo.

E talvez eu seja, talvez eu tenha me tornado somente um corpo. Eu nunca quis nada disso,  as coisas simplesmente foram acontecendo, e quando percebi, estava aqui. E eu não sei como sair. Nem sei se mereço sair. Talvez esse seja meu lugar. Mas eu odeio.

Tem uma razão pela qual Ramon me chama de "Joinha rara", e é o mesmo motivo pelo qual os outros meninos que se apresentam aqui também,  não gostam de mim.

Existe uma tabela de preços para os clientes, que variam de acordo com o serviço que vão consumir.

Um valor para os que vão apenas assistir ao show e talvez,  ter um de nós dançando em frente seus corpos recostados nos sofás. Um valor para aqueles que querem "tirar uma casquinha" enquanto dançamos (a regra é clara: se você quer colocar a mão tem que pagar a mais por isso. E acredite, eles sempre pagam). Um valor para quando um cliente quer levar um de nós para os quartos que ficam descendo as escadas, no fundo. E aí,  é claro, um valor para cada coisa que vai ser feito lá dentro.

Descobri que Privilégio  é uma palavra relativa, quando passei a ser "privilegiado" pela minha beleza,  por ser, desde que comecei aqui,  o mais desejado pelos clientes. Por conta disso, Ramon não me obriga a cumprir todos os "serviços " com os clientes.
Mas só porque eles estão dispostos a pagar por um boquete o que eles pagariam pelo pacote completo com os outros meninos.

Privilégio? Será mesmo? Eu diria que não se alguém me perguntasse. Mas ninguém pergunta mesmo. Quem se importa né?

Algum tempo depois que subi no palco, vejo um homem bem vestido, de terno todo preto me encarando. Já sei bem quem é.  Não sabemos os nomes dos clientes,  faz parte da discrição.  Mas ele sempre vem. Sempre. E sempre me escolhe.  Ele me chama com um gesto com os dedos e eu já sei exatamente o que ele quer. Então vamos lá.

[...]

O bar fecha por volta das 3h da manhã.  Espero Niall fechar o caixa para sairmos juntos.

Enquanto espero sentado próximo a saída,  Paul se aproxima e senta ao meu lado.

- Você não parece muito bem hoje ,H.

-  Não é nada Paul.  É só... você sabe, não é fácil para mim.

Paul assim como Niall,  trabalha somente nesta pare do bar, antes da porta. Eles nunca falam, mas sei que nos julgam inferiores. Eles acham que podemos simplesmente parar a qualquer momento e que fazemos o que fazemos porque gostamos. É o que todos pensam, só são gentis de mais para falar.

Não posso negar que ele é um homem muito bonito e atraente. E ele já deixou
claro que pensa o mesmo de mim.

Nós já dormimos juntos algumas vezes, nada de mais, mas é comum que as vezes eu me sinto um pouco carente, e Paul, bem, ele me dá a atenção que preciso. Mesmo que seja por poucas horas.

- Vamos lá para casa hoje? - Começou a falar bem próximo ao meu ouvido, com uma mão em meu joelho -  Você toma um banho, eu te faço uma massagem....

- Hoje não Paul.  Não estou no clima. - Interrompi.

- Não precisa rolar sexo Harry, você sabe disso. Podemos só dormir abraçados.

- Eu sei, mas hoje não.

Paul realmente me trata muito bem. Eu poderia me apaixonar por ele facilmente.  Nem sei como isso não aconteceu ainda. O problema é: ele é um amor comigo, dentro de casa, a noite,  sem ninguém saber. Porque assumir diante de todos seus colegas que fica com um garoto de programa,  aí já é demais.  Não dá para culpá-lo, certo?

-Ok, então eu vou indo. Todos já saíram.  Sabe, se mudar de ideia... - Falou sugestivo e eu apenas sorri e assenti.

Niall me acompanha até em casa, que fica apenas uma quadra antes do seu prédio. Caminhamos em silêncio. Ele sempre sabe quando preciso desse tempo para refletir e respeita isso.  Parando em frente a entrada do meu prédio, nos despedimos, e o loiro reforça que posso contar com ele para o que precisa e que tudo vai se ajeitar. Apenas o abraço em resposta.

Depois de tomar um longo banho (como sempre espero Niall, sou o último a voltar para casa, assim os outros já estão dormindo), me deito e adormeço segundos depois. Mas não vou muito longe, os pesadelos sempre me acordam logo.

Depois de dormir pouco menos de 4 horas, já estou sentado na minha mesa favorita, Liam ofereceu de trazer o café mas eu disse a ele que vou esperar por uma pessoa. Ele me olhou desconfiado. E voltou para trás do balcão. 

Na verdade,  ele continua olhando estranho. Eu até entendo,  desde que descobri esse lugar há mais ou menos um ano atrás,  eu nunca vim com ninguém. Sempre sozinho. Nem mesmo Ni sabe desse lugar, gosto daqui, o clima é aconchegante, Liam é muito simpático e o melhor, é bem longe de onde moro e trabalho.  Gosto de caminhar até aqui todas as manhãs.

Estou extremamente nervoso. Não sei como vai ser quando eu ver o Louis novamente.  Nem sei se ele vem mesmo.

O que eu sei é que não devo criar expectativas, eu não posso enganá-lo deixando que ele acredite que sou alguém digno.  Mas como contar pra alguém o quão sujo você é? Ainda mais quando esse alguém te olha como se você fosse algo bom? Eu estou perdido.

Sou tirado do meu martírio mental quando o sino da porta indica que alguém entrou, e o perfume inconfundível se faz presente.

Ele veio!

Louis rapidamente cumprimenta Liam e vem em minha direção,  com um sorriso imenso, e eu já sei, é meu fim.

- Bom dia Styles. - Ele parece animado.

- Bom dia Tomlinson. - Me levanto para cumprimentá-lo com um beijo na bochecha.

Sentamos e logo Liam vem nos atender. A feição desconfiada agora deu espaço para um belo sorriso. Ele anota nosso pedido,  o meu ele já sabe de cor, e saí rapidamente.

Estou com as mãos em cima da mesa brincando com meus anéis.  Um tanto nervoso. Os sentimentos que tomam conta de mim apenas por ter esse homem na minha frente, Deus eu nunca senti nada igual.

- Tudo bem Harry? Pergunta docemente esticando uma mão por cima da mesa para que eu a segure.

- Sim, sim. Só problemas de insônia. -Sorrio pequeno aceitando seu toque e levando uma de minhas mãos ao encontro da sua.

- Algum motivo específico para perder o sono? Quer dizer, algo que você queira falar sobre? Não quero parecer invasivo,  mas saiba que se quiser conversar, sou todo ouvidos.

- Obrigado meu anjo, mas não é nada importante.  Apenas alguns pesadelos.

"Meu anjo" , é  a segunda vez que o apelido escapa pela minha boca sem nem ao menos eu perceber. E ele parece mesmo com um anjo. Os traços delicados, os olhos azuis como o oceano,  a pele levemente bronzeada, (como ele consegue isso nesse clima de Londres), os lábios finos e vermelhos, e o maldito sorriso. Um anjo, que ao sorrir, anuncia a minha ruína.

- Sabe, quando eu era criança e tinha pesadelos, minha mãe preparava uma xícara de chá e cantava para mim, até que eu adormecesse de novo. Funcionava na maioria das vezes.

- Sua mãe parece legal.

- Ela é.  Até hoje ela sempre se preocupa se os filhos estão dormindo o suficiente,  se alimentando direito... essas coisas todas de mãe sabe.

Sorrio fraco. Não. Eu não sei. Mas ele não precisa saber.  E ele continua:

- Sabe Harry,  eu posso cantar para você.
- Oi? Olho para ele sem entender.- Sério,  a próxima noite que você tiver pesadelos,  você me liga, eu canto para você.

Um anjo. Com certeza. 

Eu devo contar para ele que então eu ligaria todas as noites?

- Imagina Louis,  eu não vou atrapalhar o seu sono.

- Não atrapalharia.  Será um prazer se eu puder te ajudar, nem que seja um pouco. - Ele diz acariciando o dorso da 
minha mão com o polegar.

Sorrio sincero dessa vez.  Liam deixa nosso café e a conversa segue naturalmente. Logo que terminamos Louis se despede, dizendo que precisa ir pro trabalho. Ele pede um café com bolinhos para levar para alguém e vejo Liam colocar um bilhetinho junto do pacote. 

Assim que ele sai, eu permaneço um pouco mais aqui, apenas pensando em como a vida é injusta. E como seria bom conhecer Louis se eu não fosse exatamente quem eu sou agora.

As segundas e terças- feiras o bar não abre para o público. Como poderei dormir a noite, me permito andar um pouco pela cidade sem pressa de voltar para o lugar que moro.

Nesta noite, como sempre, acordo suando, com o coração acelerado. Um pesadelo novamente.

Olho no celular: 2:28 da madrugada.  Já sei que perderei o restante da noite de sono. 

Infelizmente eu não estava errado.
Esperei o dia amanhecer para tomar um banho e me vestir. Um jeans escuro, um moletom rosa claro, botas e um casaco preto, prendo os cabelos em um coque e coloco uma touca por cima. O frio está castigando hoje.

Caminho até a cafeteria, hoje ele chegou primeiro. E está sentado na mesa que eu sempre escolho. Sorrio pra Liam e cumprimento, e me dirijo até o homem que me espera.  Ele se levanta, um beijo na bochecha, e ele puxa a cadeira para que eu me sente.

Como sempre, impecável.  A skinny preta, a que marca suas coxas e sua bunda de um jeito que prende meus olhos. Moletom branco e uma jaqueta jeans. Os cabos com a franja jogada de lado.  Ele é perfeito.

- Acordou cedo Tomlinson.

- Para ter mais tempo para ficar com você meu bem. - Apenas sorrio em resposta.

Céus quem é esse homem?

Vejo Liam se aproximar com o café que ele já sabe como eu tomo, e outro pra o Louis e também deixa na mesa um pedaço de torta de morango. Tem uma velinha no topo da torta.
Olho confuso para Louis, que mantém um sorriso enorme no rosto.

- O que é isso?- Pergunto.

- Vamos comemorar seu aniversário. - Respondeu de forma doce.

- Meu aniversário foi a quase um mês atrás.

- Eu sei, mas vamos comemorar hoje. - Falou, tirando do bolso da jaqueta um isqueiro, acendendo a vela em cima da torta.

Soltei uma risada baixa. Eu não acredito que ele está fazendo isso.

- Você não existe, anjo. - Droga de apelido que insiste em sair.

- Existo sim meu bem - Falou cochichando chegando o rosto mais perto de mim sobre a mesa. – Deixo você me morder para ver que sou de verdade - Completou sorrindo provocante e dando uma piscadinha.

Posso jurar que fui atingido por um choque elétrico nesse momento. Meu corpo todo reage.

Louis, começou a cantarolar o "parabéns pra você " (até a voz é de um anjo), e eu não consegui tirar o sorriso do meu rosto em nenhum momento.

- Agora fecha os olhos e faça um pedido.

Como fazer um pedido quando se quer pedir para mudar sua vida toda? Pedir para ser uma pessoa diferente.  Pedir para voltar no tempo. Faço o melhor que consigo no momento.

Desejo um dia me tornar digno de ser amado verdadeiramente

Abro os olhos, sopro a vela. Louis me olha em expectativa.

- Então, o que pediu?

- Eu não posso te contar. Se não, não realiza.

- Me conta o que desejou que eu conto o que eu desejei - Insistiu.

- Mas o aniversário é meu. Você não pode fazer um pedido também.

- Quem disse? - Proferiu levantando uma sobrancelha e cruzando os braços. - E tecnicamente,  não é seu aniversário,  então, tecnicamente,  eu posso fazer um pedido.

Adorável.  Apaixonante. Viciante.

- Ok, ponto para você. Mas eu não vou contar meu desejo.

Louis deu de ombros, rendido.  Dividimos a torta,  e quando deu a hora, nos despedimos com um abraço e ele foi, novamente levando café pra alguém e novamente,  Liam colocou um bilhete na embalagem. 

Conversei um pouco com Liam enquanto o movimento de clientes era baixo.  Eu percebi que ele queria perguntar sobre Louis, mas se conteve. Talvez por não termos intimidade pra esses assuntos.
Estou saindo da cafeteria e recebo uma mensagem.

Louis:
Meu desejo foi poder beijar sua boca todos os dias.

Montanha-russa. Parece que estou no looping de uma montanha-russa. Eu quero tanto ter mais do Louis,  mas não posso fazer isso com ele. Ele não merece alguém como eu. Ele é tão incrível,  doce, engraçado,  sexy, confiante.  E eu... eu sou só a merda de um garoto de programa.

Eu:
Meu desejo foi um dia ser digno de seus beijos.

Louis :
Aceite sair comigo hoje a noite,  e eu te mostro que você já é digno disso e de muito mais.

Eu:
Eu não sou, meu anjo,  acredite.

Louis:
As 8h é um bom horário para você meu bem?

Eu:
Ok, Louis.  As 8h tá ótimo.


Louis:
Combinado,  te busco. Até mais tarde Harry. 😘

Ok! Preciso do Niall urgente.

Indefeso L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora