1.2. A Tal Missão

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O que se seguiu foi confuso. Gordon encarou o alto-elfo intensamente, como se compartilhassem segredos mentais e Barba gritou novamente que não havia porque continuar ali se em outra cidade havia um homem se vangloriando por ser um beberrão. O draconato, que apresentou-se a El-Minster como Balasar, recebeu o brinco do mago como presente para ajudar na tal missão. Mesmo que nós não soubéssemos qual era ainda.

O companheiro de El-Minster tomou a frente:

— Eu sou Tallariel, muito prazer em conhecê-los — olhou o mago de nosso grupo e continuou: — Vejo que já escolheu este para a missão. Eu escolhi aquele — apontou para Gordon. 

— Algum motivo em especial?

— Não. 

Claro. 

Barba berrou sobre o ultraje de terem escolhido o amigo dele para uma missão que ele não sabia qual era. Meus ouvidos chiavam. 

— El-Minster, antes de prosseguir, que todos neste grupo estejam ébrios, por favor — eu disse sem olhar para trás.

— Oh, é claro — disse, estalando os dedos.

Praticamente um gênio da lâmpada concedendo um desejo. O anão deixou de tontear, a voz perdeu o tom arrastado.

— Me agradeça mais tarde — respondi, mais incomodado do que fiz parecer. 

— Agora, vejam isso — El-Minster projetou uma ilusão de uma ruína em sua mão. — Meu amigo anão deve saber que estrutura é essa. Esta é a Torre Sombria. Feita por anões, foi invadida e destruída no processo. É a motivação que fez os anões ajudarem na construção de Pedra Lascada.

— E quem destruiu? — questionei. 

— Um mau poderoso. Não sabemos ao certo.

— Como é que sabe disso, mago? — Barba cruzou os braços.

— Sei porque é este mau que estamos buscando. A história veio junto de nossas pistas. Acho que vocês podem ser de grande ajuda nesta tarefa. Estão interessados?

O grupo se entreolhou. Balasar fez como se soubesse mais do que nós, por isso prendi meus olhos nele.

— Fiz uma oferta a El-Minster — ele comentou. — Mentalmente.

— De fato — o mago confirmou.

Caralho!  — Barba abriu uma bocarra. — Gordon, achei que só você podia fazer isso!

O amigo deu de ombros.

— Existem mais como você, então? Nossa... 

— Quatrocentos anos... — o draconato negou, decepcionado. 

— Inclusive, eu estava conversando com ele — o drow apontou o alto-elfo que respondeu com um aceno. 

Segredos mentais, como eu havia previsto. Meus parentes, como patronos de inúmeros bruxos, concediam esses poderes aos seus melhores pupilos. 

— Você consegue matar esse mau, El-Minster? — Barba perguntou.

A pertinência da pergunta surpreendeu-me.

— Estou caçando ele. Aparentemente aquele olho tem algo a ver com isso. Eu mal consegui detectar com meus poderes. Inclusive, obrigado Gordon — o Mago Lendário bateu palmas e uma cortina de fumaça estendeu-se de suas palmas. Dela, um serzinho atarracado, raquítico, com garras no lugar das mãos e dos pés e asas de morcego voou para o ombro de Gordon. Mais um presente do grande e lendário idoso. Deveriam chamá-lo de Noel. — Você é dele, agora.

Relatos de Um Viajante ChifrudoOnde histórias criam vida. Descubra agora