Em tons de frieza

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Em tons de frieza

Capítulo cinco

Dois anos antes

Faz quase um mês que Anakin Skywalker não vai mais ao Éros. Não que Satine estivesse preocupada com isso, afinal, Kenobi tornara-se um frequentador muito bem vindo, muito bem e obrigado. Além disso, a quantia de Padmé também vinha pelo fiel escudeiro Obi-Wan, de modo que nem Kryze nem Amidala ficavam sem o que de fato importava: o dinheiro. E a melhor parte disso era que Satine não precisava lidar com a feição insuportável de Skywalker e os garotos da costa oeste, que espantavam alguns clientes novos.

Entretanto, Padmé não havia gostado nada disso.

Ela detestava admitir que havia se acostumado às visitas de Anakin após aquele ano todo em sua companhia. Ela gostava da segurança de saber que ninguém mexeria com ela enquanto ele rodasse aquelas bandas. E, de certo modo, havia certo conforto em compartilhar o mesmo ambiente em que Skywalker estava, ainda que ele tivesse poucas palavras e gostasse de observá-la. O problema é que ela não tinha nenhuma notícia dele, sequer sabia se estava vivo ou morto. Não é como se isso importasse também... — Tentou se convencer. Mas não conseguiu. Anakin havia se comprometido com sua segurança. Eles tinham um acordo. Por que diabos havia sumido sem dar sequer uma satisfação?

Mas Anakin era um gangster. Ele jamais daria qualquer informação sobre o que faz e onde faz. Era de se esperar que algum dia ele fosse sumir. Que algum dia ele fosse apenas mais um criminoso abatido. Padmé não gostava de pensar nisso. De certa forma, ele era a única pessoa fora daquele lugar que se importava consigo. Era a única pessoa que tinha, mesmo que de um modo estranho.

O dinheiro embaixo de seu colchão dava para sobreviver por pelo menos um ano. Aluguéis eram demasiadamente caros em certas regiões da cidade, mas havia um bairro do outro lado do centro que era aceitável. Arrumar um emprego seria difícil. Ela não tinha terminado os estudos, não conseguiria nada que a fizesse ganhar o suficiente. Poderia trabalhar de doméstica ou diarista. Isso se a aceitassem, visto que mexeriam em seu passado e descobririam que ela trabalhara no Éros, o que poderia complicar sua vida, afinal, mesmo para fazer a faxina, algumas pessoas exigiam um currículo que Padmé não teria... 

As coisas são mais complexas do que de fato parecem.

Ela exalou o ar pelo nariz, meio suspirando, meio resmungando consigo mesma, enquanto fazia sua própria maquiagem.

Hoje a casa estava cheia.

Todo final de ano era assim. Tratava-se de uma época estressante. Os maridos ficavam atarefados nos trabalhos, as esposas os deixavam malucos com as festas de fim de ano e os gastos que eles consideravam supérfluos e, infiéis e podres como eram, buscavam as Filhas de Afrodite para aliviarem seus desejos obscuros, a fim de esvaziar suas mentes sujas e exaustas.

As meninas ficavam animadas. Era a época de mais lucro. Sabé, por exemplo, perfumava-se com um sorriso no rosto, enquanto espalhava glitter pelo dorso. Ela era uma das mais próximas de Padmé, apesar da Amidala não manter tanta amizade assim com as meninas. Isso porque elas diferiam em idade e pensamento. A maioria delas buscava Éros por conta própria. Não que as condições delas fossem tão diferentes assim de Padmé, mas em geral, elas aceitavam com mais facilidade a fatalidade de um destino como aquele. E, ao decorrer do tempo, tudo se tornava usual demais. Sexo era só sexo, um meio de conseguir dinheiro, como deveria ser.

— Hoje vamos lucrar — comentou Sabé sorridente, lançando um sorriso em direção à Padmé. — Você deveria vir junto com a gente... — sugeriu com um sorriso amigável.

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